CICLO
Cinema Tunisino


A cinematografia tunisina, como as cinematografias dos países árabes de modo geral, é por assim dizer, desconhecida em Portugal. A própria Cinemateca, ao longo dos últimos 20 anos, além de projeções esparsas, só organizou três Ciclos dedicados a estas cinematografias: um ao cinema egípcio em 1996, um ao argelino em 2001 e um breve ciclo de três filmes dedicado ao cinema tunisino atual, em janeiro do ano passado. No entanto, a cinematografia tunisina não é recente. As primeiras imagens do país foram captadas em 1896 pelos operadores Lumière e no ano seguinte foram organizadas as primeiras projeções. A primeira longa-metragem data de 1924. O país tornou-se independente em março de 1956, dotou-se de estruturas laicas (o que se refletiu em particular na condição feminina) e investiu seriamente na educação. Em 1958, foi fundada a primeira revista de cinema do país independente, pelo cineclube de Sfax. A primeira longa-metragem realizada por um tunisino depois desta data foi feita em 1966: AL FAJR (“A AURORA”), de Omar Khlifi. Neste mesmo ano foram criadas as Jornadas de Cinema de Cartago, um festival internacional que permitia ao público familiarizar-se com a melhor produção internacional, mas cujos prémios eram reservados a filmes do mundo árabe e da África Negra. Em 1967, seria fundado um bem equipado estúdio e, em 1971, seria publicado o primeiro livro sobre a História do cinema na Tunísia. Nos anos sessenta e setenta surgiriam diversos nomes marcantes, num contexto estável e otimista. Mas as incertezas políticas do período final do longo “reinado” de Habib Bourguiba (1957-87) e o completo endurecimento político do regime após a deposição do “Grande Combatente”, tornaram a situação do cinema tunisino muito difícil até à revolução de janeiro de 2011. Neste Ciclo propomos uma visão histórica, embora não exaustiva, do cinema tunisino, com dois dos filmes mais célebres desta cinematografia, que obtiveram êxito nos circuitos internacionais de autor nos anos noventa (HALFAOUINE e “OS SILÊNCIOS DO PALÁCIO”), dois filmes de Nouri Bouzid, um dos nomes mais consagrados do cinema do país, um de outo nome importante, Mahmoud ben Mahmoud, um filme de produção recente e, para rematar, um retrato do fundador do Festival de Cartago, o homem que foi a consciência cultural do cinema tunisino nos anos sessenta e setenta, Tahar Chéria. Em sete filmes, uma mostra do belo cinema de um país tão próximo e tão distante. Os filmes do programa são primeiras exibições na Cinemateca.
 
 
18/04/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Cinema Tunisino

Wijdène
de Hmida Bem Ammar
Tunísia, 2012 - 55 min
 
19/04/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Cinema Tunisino

Tahar Chériaa, A Sawmabira Tafeal Baobab
“Tahar Chériaa – À Sombra do Baobá”
de Mohamed Challouf
Tunísia, 2010 - 70 min
18/04/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Cinema Tunisino

Em colaboração com a Embaixada da Tunísia
Wijdène
de Hmida Bem Ammar
Tunísia, 2012 - 55 min
legendado eletronicamente em português | M/12
WIJDÈNE é um docudrama sobre o culto dos santos muçulmanos no Magrebe, a partir da Idade Média, que adquiriu uma importância que não tem paralelo no resto do mundo islâmico. Estas figuras santas tinham um importante papel social, entre outros motivos por servirem de mediadores entre as populações civis e os guerreiros que percorriam a região a cavalo.
 
19/04/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Cinema Tunisino

Em colaboração com a Embaixada da Tunísia
Tahar Chériaa, A Sawmabira Tafeal Baobab
“Tahar Chériaa – À Sombra do Baobá”
de Mohamed Challouf
Tunísia, 2010 - 70 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Com a presença de Mohamed Challouf
Mohamed Challouf descreve este seu documentário como “um dever de memória: transmitir às novas gerações aquilo que elas não sabem”. O filme é uma homenagem ao crítico e programador tunisino Tahar Chériaa (1927-2010), considerado um dos pais do cinema africano, por ter sido o fundador, em 1966, das Jornadas Cinematográficas de Cartago, o primeiro festival no mundo inteiramente dedicado às cinematografias do mundo árabe e da África Negra. “A grande dificuldade foi convencer as autoridades que os prémios deveriam ser dados apenas a filmes originários destes países”, conta o homenageado a dada altura do filme de Mohamed Challouf, que é quase inteiramente composto por material de arquivo.