CICLO
Da Luz de Raoul Coutard


“Tento sempre trabalhar a luz de modo a que esteja de acordo com a emoção em que o filme está empenhado”, sintetizou Raoul Coutard (1924-2016) sobre o entendimento do seu trabalho como diretor de fotografia. É um dos grandes nomes do cinema moderno, indelevelmente ligado à Nouvelle Vague francesa, e em particular ao cinema de Jean-Luc Godard, com quem colaborou recorrentemente entre À BOUT DE SOUFFLE (1960) e PRÉNOM: CARMEN (1984), e de quem dizia ser, do “movimento”, o único cineasta verdadeiramente revolucionário. Ele próprio realizador, começou por assinar HOA-BINH em 1969, em que deixa transparecer a sua experiência como fotógrafo de guerra na Indochina e a sensibilidade fotojornalista do seu começo em finais dos anos cinquenta.
Foi Godard quem, no célebre genérico de LE MÉPRIS (1963), o filmou em ação no plano que fixa o travelling que termina com ele contra o azul do céu mediterrânico de olho colado ao visor da câmara CinemaScope que, empoleirado numa plataforma, roda na exata direção do espectador. Pierre Schoendoerffer, com quem, de resto, se iniciou (LA PASSE DU DIABLE, 1956) na colaboração que fez com que o produtor Georges de Beauregard o recomendasse a Godard, foi o segundo dos realizadores com quem Coutard mais vezes trabalhou, mas prosseguida no curso de várias décadas (dos anos 1960 aos 2000) e muitos filmes (cerca de 80 títulos), a sua filmografia reflete uma diversidade em que couberam também François Truffaut, Jean Rouch, Jacques Demy, Costa-Gavras, Edouard Molinaro ou Philippe Garrel, entre muitos outros sonantes e mais discretos nomes. O Ciclo que agora se apresenta propõe títulos incontornáveis e filmes menos vistos da sua filmografia, não deixando de mostrar trabalhos a preto e branco, cheios de cinzentos e fluidez, de vitalidade ou lirismo ou de claro-escuros, como a luz que fez atravessar o espectro da sua pictórica, ou pop, ou mais ou menos garrida “gama de cores”. Está também programado HOA-BINH, numa primeira vez na Cinemateca.
 
 
 
21/02/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Da Luz de Raoul Coutard

Hoa-Binh
Coluna de Cinzas
de Raoul Coutard
França, 1970 - 105 min
 
22/02/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Da Luz de Raoul Coutard

Hoa-Binh
Coluna de Cinzas
de Raoul Coutard
França, 1970 - 105 min
22/02/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Da Luz de Raoul Coutard

La Diagonale du Fou
de Richard Dembo
França, Liechtenstein, 1983 - 100 min
24/02/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Da Luz de Raoul Coutard

Le Coeur Fantôme
O Coração Fantasma
de Philippe Garrel
França, 1995 - 87 min
25/02/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Da Luz de Raoul Coutard

Max Mon Amour
de Nagisa Oshima
França, Estados Unidos, 1986 - 94 min
21/02/2017, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Da Luz de Raoul Coutard
Hoa-Binh
Coluna de Cinzas
de Raoul Coutard
com Lan Phi, Huynh Cazenas, Le Quynh, Marcel Lan Phuong
França, 1970 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Adaptando um romance de Françoise Lorrain (La Colonie des cendres), de onde vem o título português, HOA-BINH passa-se durante a Guerra da Indochina mas centra-se nas suas vítimas civis, no olhar das crianças que com ela se confrontam. O título, vietnamita, significa literalmente “a paz”. Foi a primeira obra de Raoul Coutard como realizador (como tal distinguida em Cannes, e com um prémio Jean Vigo), que depois assinaria LA LÉGION SAUTE SUR KOLWEZI e S.A.S. À SAN SALVADOR (1979 e 1982). Primeira exibição na Cinemateca.

22/02/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Da Luz de Raoul Coutard
Hoa-Binh
Coluna de Cinzas
de Raoul Coutard
com Lan Phi, Huynh Cazenas, Le Quynh, Marcel Lan Phuong
França, 1970 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Adaptando um romance de Françoise Lorrain (La Colonie des cendres), de onde vem o título português, HOA-BINH passa-se durante a Guerra da Indochina mas centra-se nas suas vítimas civis, no olhar das crianças que com ela se confrontam. O título, vietnamita, significa literalmente “a paz”. Foi a primeira obra de Raoul Coutard como realizador (como tal distinguida em Cannes, e com um prémio Jean Vigo), que depois assinaria LA LÉGION SAUTE SUR KOLWEZI e S.A.S. À SAN SALVADOR (1979 e 1982). Primeira exibição na Cinemateca.

22/02/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Da Luz de Raoul Coutard
La Diagonale du Fou
de Richard Dembo
com Michel Piccoli, Alexandre Arbatt, Liv Ullmann, Leslie Caron
França, Liechtenstein, 1983 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12

O filme de estreia de Richard Dembo centra-se no mundo do jogo de xadrez profissional, de cujo “suspense” tira partido cinematográfico, muito particularmente quando se concentra numa partida que decidirá o título mundial de um campeonato. A tensão do pretexto narrativo, desenvolvido no contexto de um mundo assolado pela Guerra Fria, é trabalhada na mise-en-scène como o que alguém definiu como “um jogo de massacre”. À época da estreia foi particularmente aclamado pela crítica mas também menosprezado pelo público. Na Cinemateca, foi apresentado uma única vez, em 1995.

24/02/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Da Luz de Raoul Coutard
Le Coeur Fantôme
O Coração Fantasma
de Philippe Garrel
com Luis Rego, Aurélia Alcaïs, Maurice Garrel
França, 1995 - 87 min
legendado em português | M/12

Histórias familiares e cruzamentos autobiográficos, numa espécie de melodrama ressequido onde têm especial importância as presenças de Maurice Garrel e de Luís Rego, ator "redescoberto" por Philippe Garrel. LE COEUR FANTÔME (produzido por Paulo Branco) é atravessado pelos belos fantasmas do cinema de Garrel, onde se ouve dizer que “o risco de amar é o risco de morrer”. Foi um dos últimos trabalhos de Raoul Coutard, cuja filmografia de longa-metragem termina com outro Garrel, SAUVAGE INNOCENCE (2001).

25/02/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Da Luz de Raoul Coutard
Max Mon Amour
de Nagisa Oshima
com Charlotte Rampling, Anthony Higgins, Diana Quick, Christopher Hovik, Victoria Abril, Pierre Étaix
França, Estados Unidos, 1986 - 94 min
legendado eletronicamente em português| M/14

Pode falar-se de MAX MON AMOUR como uma comédia surrealista, bastando para isso atentar-se à síntese da história: um diplomata britânico descobre que a mulher tem um caso extraconjugal com um chimpanzé, decidindo então convidar o primata a viver na casa de ambos. Foi a penúltima longa-metragem de Oshima, realizada 13 anos antes de TABU. Um filme que deu brado, depois de reunir, em França, o realizador japonês, Jean-Claude Carrière (que com ele assina o argumento), um internacional elenco de atores e Raoul Coutard.