CICLO
Foco no Arquivo


As sessões “Foco no Arquivo” de dezembro seguem projetos ligados à investigação e à sua relação com a coleção da Cinemateca. A sessão “Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo” prolonga as anteriormente dedicadas a uma discussão continuada sobre esta importante parte do acervo fílmico da Cinemateca, organizadas em colaboração com a “Aleph – rede de acção e investigação crítica da imagem colonial”. A Aleph promove a cooperação e partilha de conhecimento entre investigadores académicos, artistas e cidadãos interessados na imagem colonial, colabora com arquivos detentores de coleções coloniais na sensibilização para questões de acessibilidade e preservação dos acervos e promove a partilha de conhecimento. Este mês, a investigadora Maria do Carmo Piçarra (CEC-FLUL / CECS-UM) apresentará uma seleção de curtas-metragens sobre várias antigas colónias portuguesas.
No seguimento de uma programação que teve lugar durante o ano 2015 na Cinemateca, no âmbito do projeto de investigação “WORKS – O trabalho no ecrã: um estudo de memórias e identidades sociais através do cinema”, financiado pela FCT, o novo Ciclo “Olhares do cinema sobre o trabalho” adota uma perspetiva mais ampla, procurando destacar formas várias de diálogo entre arquivos e cinematografias nacionais e internacionais. Ao longo de 2016, dinamizada por Luísa Veloso (CIES-IUL), Frédéric Vidal (CRIA-IUL) e João Rosas, esta programação vai propondo aos espectadores visões distintas sobre aspectos como a precariedade, os espaços de trabalho ou as condições de vida. Na sessão de dezembro é apresentado CAVALO DINHEIRO, de Pedro Costa, mote para uma reflexão sobre o trabalho e as condições de vida de determinadas franjas da população portuguesa.
 
23/12/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Foco no Arquivo

Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo
duração total da sessão: 92 min | M/12
 
28/12/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Foco no Arquivo

Cavalo Dinheiro
de Pedro Costa
Portugal, 2014 - 104 min
23/12/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Foco no Arquivo
Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo
duração total da sessão: 92 min | M/12
Sessão apresentada por Maria do Carmo Piçarra (CEC-FLUL / CECS – UM)
ILE
São Tomé, Jóia do Império
de René Ginet
França, 1935 – 14 min (incompleto)
MAYANA
de Miguel Spiguel
Portugal, 1966 – 20 min
AGUARELAS DA ÍNDIA PORTUGUESA
de Miguel Spiguel
Portugal, 1959 – 10 min
AS ILHAS DE CABO VERDE
de J. N. Pascal-Angot
Portugal, 1967 – 21 min
LES RECRUES
O Recruta
de Jean Leduc
Portugal, França, 1971 – 12 min
MONANGAMBÉE
de Sarah Maldoror
Argélia, 1968 – 15 min

Uma sessão de curtas-metragens que desvenda o olhar de realizadores estrangeiros sobre as ex-colónias portuguesas. ILE, documentário francês de 1935, contém algumas das imagens mais antigas sobre São Tomé e Príncipe. Num registo ficcional, MAYANA, de Miguel Spiguel (nascido na Turquia), é o retrato de um centro de recuperação de toxicómanos em Macau centrado na figura de uma antiga cançonetista. Encomendado pela Agência Geral do Ultramar, AGUARELAS DA ÍNDIA PORTUGUESA, também de Spiguel, é um documentário oficial sobre os territórios de Goa, Damão e Diu imediatamente antes da sua libertação pela União Indiana em 1961. Rodado com o apoio do SNI, o filme de Pascal-Angot faz a propaganda das potencialidades económicas e já turísticas do arquipélago de Cabo Verde. A fechar a sessão, O RECRUTA, de Jean Leduc (sobre um aquartelamento português na Guiné) e MONANGAMBÉE, de Sarah Maldoror (inspirado num conto de Luandino Vieira sobre a resistência anticolonial) oferecem duas representações muito diferentes dos efeitos do colonialismo português e da guerra que lhe pôs fim.
28/12/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Foco no Arquivo
Cavalo Dinheiro
de Pedro Costa
com Ventura, Vitalina Varela, Tito Furtado, Antonio Santos
Portugal, 2014 - 104 min
legendado em português | M/12
Olhares do Cinema sobre o Trabalho

Com a presença de Pedro Costa sessão apresentada por Luísa Veloso (CIES-IUL), Frédéric Vidal (CRIA-IUL) e João Rosas
Enquanto decorria a Revolução de abril de 1974, Ventura, o protagonista cabo-verdiano de JUVENTUDE EM MARCHA, deambulava pelas ruas de Lisboa. Este é um episódio central de um filme que volta a organizar-se em torno de Ventura e da sua história, mas é na coalescência de tempos diferentes, e através de um passado interrompido pelo próprio curso do presente, que se constrói CAVALO DINHEIRO, trabalho fragmentado, que tira partido dos mecanismos pouco lineares da memória e que revisita os fantasmas de Ventura e dos seus companheiros, que são também os espectros de um país. A sua apurada mise-en-scène e o forte investimento no trabalho de composição fotográfica confluem na construção de uma atmosfera densa, que evoca muitas das referências cinematográficas de Pedro Costa. A abri-lo, uma magnífica série de fotografias de Jacob Riis, o autor de How the Other Half Lives, que no final do século XIX denunciou as péssimas condições de vida nos bairros mais pobres de Nova Iorque.