CICLO
Germânicos em Hollywood


Depois de termos visto, em novembro, alguns filmes "amados e rejeitados" da Alemanha Federal do pós-guerra, lembramos este mês um punhado de exemplos célebres de contributos germânicos para a época clássica do cinema americano. É bem conhecida a influência que estes emigrados – alemães, austríacos ou de zonas da Europa central – trouxeram ao cinema de Hollywood, seja em termos técnicos ou artísticos, seja no que toca a uma expansão no imaginário cultural do cinema americano. Alguns – como Murnau ou Lubitsch – chegaram ainda nos anos vinte, por "convite"; outros, a maior parte, e incluindo realizadores, atores, escritores, operadores e técnicos das mais diferentes especializações, começaram a aportar a Hollywood ao longo dos anos trinta, fugindo do clima pouco frequentável que nessa década progressivamente se instalou na Alemanha e, genericamente, em toda a "mitteleuropa". Lembrá-los, e à forma como o seu contributo ajudou a definir aquilo que hoje entendemos como o apogeu do cinema clássico hollywoodiano, é também lembrar o tempo em que Hollywood era um porto de abrigo, permanentemente aberto a todas as influências e inovações culturais, e a América uma pátria de adopção para todos aqueles, de Billy Wilder a Otto Preminger, que hoje lembramos como realizadores "americanos". Esta pequena e muito sumária evocação (apenas isso, porque uma abordagem aprofundada exigiria um Ciclo muito mais extenso) termina com dois exemplos recentes – os filmes de Kubrick e Wes Anderson – da persistência, no cinema americano, de marcas culturais de raiz germânica, que talvez não tivessem subsistido não fora essa raiz ter-se tornado, também, um elemento constitutivo da própria essência do cinema feito em Hollywood.
 
02/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Germânicos em Hollywood

Design for Living
Uma Mulher Para Dois
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1933 - 90 min
 
06/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Germânicos em Hollywood

Dishonored
Fatalidade
de Josef von Sternberg
Estados Unidos, 1931 - 91 min
12/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Germânicos em Hollywood

Letter from an Unknown Woman
Carta duma Desconhecida
de Max Ophuls
Estados Unidos, 1948 - 90 min
13/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Germânicos em Hollywood

Sunset Boulevard
Crepúsculo dos Deuses
de Billy Wilder
Estados Unidos, 1950 - 110 min
15/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Germânicos em Hollywood

The Grand Budapest Hotel
Grand Budapest Hotel
de Wes Anderson
Estados Unidos, Alemanha, 2013 - 99 min
02/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Germânicos em Hollywood
Design for Living
Uma Mulher Para Dois
de Ernst Lubitsch
com Fredric March, Gary Cooper, Miriam Hopkins, Edward Everett Horton
Estados Unidos, 1933 - 90 min
legendado em português | M/12
DESIGN FOR LIVING, um dos mais provocantes e perfeitos filmes de Lubitsch, é um desafio ao Código Hays, no mesmo ano em que a censura se tornou oficial em Hollywood. Ambientando a ação em Paris, Lubitsch encena um jogo de sedução entre dois homens e uma mulher que termina num autêntico “ménage à trois”. Uma obra-prima de subentendidos. Afinal, os dois temas principais do cinema de Lubitsch são o sexo e o dinheiro e DESIGN FOR LIVING é um dos exemplos mais evidentes disso mesmo. 
06/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Germânicos em Hollywood
Dishonored
Fatalidade
de Josef von Sternberg
com Marlene Dietrich, Victor McLaglen, Lew Cody, Warner Oland, Gustav von Seyffertitz
Estados Unidos, 1931 - 91 min
legendado em português | M/12
No “duelo” que as duas divas dos anos trinta, Marlene e Greta Garbo, travaram por imposição dos estúdios (Paramount e MGM, respetivamente), DISHONORED é uma resposta a MATA HARI, interpretada pela segunda. E é imensamente superior, não só pela qualidade da encenação de Sternberg, naquele que talvez seja o seu filme mais venenoso e fetichista, como pela imagem transmitida por Marlene Dietrich, de um erotismo inultrapassável, na figura de uma espia (Agente X27) que se deixa matar por amor durante a Primeira Guerra Mundial. A cena do fuzilamento é uma das mais provocantes do cinema americano antes do código da censura.
12/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Germânicos em Hollywood
Letter from an Unknown Woman
Carta duma Desconhecida
de Max Ophuls
com Joan Fontaine, Louis Jourdan, Mady Christians, Art Smith
Estados Unidos, 1948 - 90 min
legendado em português | M/12
Um dos filmes mais belos e mais amados de Ophuls, baseado num conto de Stefan Zweig. A história do amor que uma mulher sentiu durante toda a vida por um homem, que só se dá conta disto na véspera de morrer. Ambientado, como LIEBELEI, na Viena do Imperador Francisco José, este talvez seja o filme em que a mise-en-scène de Ophuls mais atinge a perfeição, com um equilíbrio absoluto entre a elegância formal e a emoção. Excecional desempenho de Joan Fontaine.
13/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Germânicos em Hollywood
Sunset Boulevard
Crepúsculo dos Deuses
de Billy Wilder
com Gloria Swanson, William Holden, Eric Von Stroheim
Estados Unidos, 1950 - 110 min
legendado em português | M/12
O filme que mudou a imagem de Hollywood no cinema. Billy Wilder “ressuscitou” Gloria Swanson, retirada há muitos anos, para um papel que poderia ser o dela própria (uma diva do mudo, retirada, num patético “comeback”), para um retrato negro da cidade dos sonhos. Cecil B. DeMille, Buster Keaton e Hedda Hopper aparecem brevemente, nos seus próprios papéis.
15/12/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Germânicos em Hollywood
The Grand Budapest Hotel
Grand Budapest Hotel
de Wes Anderson
com Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Jeff Goldblum, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilikinson, Owen Wilson
Estados Unidos, Alemanha, 2013 - 99 min
legendado em português | M/12
É a “comédia de época” de Wes Anderson a partir de escritos do vienense Stefan Zweig: a história é ambientada na década de trinta, na fictícia República de Zubrowka, onde, num luxuoso hotel, Gustave H é célebre pela sua habilidade como "concierge". “Outra grande inspiração para esta Europa da época interbellum, com todo o artifício permitido pelo estúdio, são as inúmeras vezes que o cinema americano de vinte e trinta reconstituiu, intramuros, Viena, Budapeste ou Praga, altura em que esta Europa central foi um dos lugares mais comuns do cinema hollywoodiano, também por força da quantidade de gente que aportou a Hollywood vinda dali. Cinéfilo omnívoro, Wes encontra neste cenário muito do que faz o seu ‘museu’ pessoal tal como exposto noutros filmes, a cultura europeia e o património clássico do cinema americano” (Luís Miguel Oliveira, Ípsilon). Primeira exibição na Cinemateca.