CICLO
A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares


No segundo ano da iniciativa acolhemos a Traça – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares, importante projeto de salvaguarda, análise e divulgação lançado pelo Arquivo Municipal de Lisboa-Videoteca, ao qual a Cinemateca se associa no âmbito de uma preocupação que também lhe é inerente (a preservação do património Amador, aqui com relevância das imagens familiares), e como face visível de um projeto arquivístico mais vasto em que as duas instituições colaborarão.
Nas palavras dos organizadores da Traça, “o cinema amador e de família é um enorme campo cego na história do cinema. Apesar de em anos recentes ter crescido o interesse e o trabalho – de investigadores e cineastas – sobre e com filmes de arquivos privados, há ainda muitos aspectos – históricos mas também estéticos – deste cinema por conhecer e trabalhar. O Arquivo Municipal de Lisboa-Videoteca tem procurado contribuir para o mapeamento deste campo cego, propondo contrapor à história oficial a outra história do cinema – e também do país e de Lisboa – que os filmes de família escrevem. Trabalhando para a visibilidade do cinema de cariz amador e muito particularmente familiar – termos que não designam exatamente a mesma coisa – mas também incentivando a criação a partir e com os filmes de família, o AML-Videoteca propõe, com esta iniciativa, repensar o arquivo cinematográfico, não só questionando as suas margens mas também incentivando uma sempre nova reorganização e rearticulação das suas linhas e objetos.”
O programa agora organizado conjuntamente sob o título “Ar de família” (evocando “a noção “ar de família” com que Jean Epstein, por volta dos anos vinte, descreve a potencialidade de abstração do cinema” – AML-Videoteca), é composto por filmes de família mas também por filmes criados a partir deles e prossegue um duplo objetivo. Por um lado, pretende-se dar a conhecer exemplos de coleções relativas a esta área depositadas nos três arquivos que aqui se associam – o Arquivo Municipal de Lisboa–Videoteca (onde estes materiais são justamente trabalhados no âmbito da Traça), o Home Movies – Archivio Nazionale del Film di Famiglia em Bolonha (um dos primeiros e ainda um dos poucos arquivos a dedicar-se exclusivamente ao trabalho com filmes amadores e de família) e a Cinemateca Portuguesa-Museu de Cinema, através das coleções conservadas no departamento ANIM – Arquivo Nacional de Imagens em Movimento. Por outro lado (e de novo na palavra dos organizadores da Traça), “procura-se introduzir as questões (e os problemas) que os filmes de família colocam à história do cinema, vendo como os filmes de família desarrumam e questionam noções que fora deles tendem a estar fixas”. Todos estes temas – e naturalmente as políticas arquivísticas de cada entidade relativas à conservação, preservação e divulgação deste património – estarão em discussão na sessão final, que seguirá o duplo formato de projeção comentada e debate aberto, contando-se com a presença e participação de arquivistas, programadores e cineastas que trabalharam ou estão agora a trabalhar com a coleção de filmes de família do AML-Videoteca. Todos os filmes são exibidos em suportes digitais com exceção da coleção de Anabela Miranda, incluída na sessão de dia 5 novembro às 18h30, que será projetada no formato original de 8mm. À exceção da primeira, as notas das sessões são do AML-Videoteca.
 
04/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Coleção Cinemateca | Expanded Archive (Excertos)
duração total da projeção: 71 min (65 min + 6 min) | M/12
 
04/11/2016, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Sempre Estivemos Aqui | Formato Ridotto
duração total da projeção: 80 min | M/12
05/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Coleção de Don Zanni (excertos) | excertos da coleção de Anabela Miranda | [sem título]
duração total da projeção: 76 min | M/12
05/11/2016, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Excertos da coleção de José Diogo Gonçalves | Excertos da coleção de Enzo Pasi
duração total da projeção: 60 min | M/12
04/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Em colaboração com a Traça – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares do Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca e o Home Movies – Archivio Nazionale del Film di Famiglia (Bolonha)
Coleção Cinemateca | Expanded Archive (Excertos)
duração total da projeção: 71 min (65 min + 6 min) | M/12
Ar de Família filmes de arquivos familiares
COLEÇÃO CINEMATECA (FILMES DEPOSITADOS NO CENTRO DE CONSERVAÇÃO ANIM)
Filme van der Niepoort nº 2, 1970, 17 min
Férias 1976 – Açores e Madeira, 1976, 14 min 
Londres, Março 1975, 1975, 15 min
Casamento do Nelito e Geni, s/data, 6 min
Casamentos, s/data, 3 min
Filme Do Bilene, 1972, 9 min
EXPANDED ARCHIVE (EXCERTOS)
Itália (produção Home Movies), 2011, 6 min

A seleção de filmes depositados na Cinemateca visa exemplificar temáticas ou subgéneros que compõem a tipologia de filmes familiares já conservados no ANIM, colocando-os em diálogo e, com isso, suscitando a reflexão sobre o que podem ser os seus parâmetros de análise. Abordam-se temáticas recorrentes (festas familiares, viagens, convívios), mas procura-se também refletir sobres dicotomias como espaço público – espaço privado ou (de acordo com uma tensão que é ao mesmo tempo comum e intransponível para outros universos) crónica-ficção. Para terminar, uma surpresa. Expanded Archive é um projeto do Home Movies com que se procura estudar a linguagem, a prática, a cultura visual e o imaginário social dos filmes de família e do cinema amador. O projeto nasce da necessidade de expandir a ideia simplista de que um arquivo fílmico é lugar de mera preservação e catalogação. A linguagem dos filmes de família é analisada e desconstruída pela sugestão/implementação de uma subdivisão e subsequente reconstrução dos materiais baseada em categorias semânticas e linguísticas. 
04/11/2016, 22h00 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Em colaboração com a Traça – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares do Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca e o Home Movies – Archivio Nazionale del Film di Famiglia (Bolonha)
Sempre Estivemos Aqui | Formato Ridotto
duração total da projeção: 80 min | M/12
Ar de Família filmes de arquivos familiares
SEMPRE ESTIVEMOS AQUI
de Margarida Cardoso
Portugal, 2015 – 10 min (produção AML-Videoteca)
Excertos de filmes com que Margarida Cardoso trabalhou SEMPRE ESTIVEMOS AQUI – 20 min
FORMATO RIDOTTO
Itália, 2012 – 50 min / legendado em português (produção Home Movies)

Uma introdução ao trabalho de criação que o Arquivo Municipal de Lisboa-Videoteca (através da Traça – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares) e o Home Movies – Archivio Nazionale del Film di Famiglia promovem a partir das suas coleções de filmes de família. Em SEMPRE ESTIVEMOS AQUI, Margarida Cardoso associa datas e acontecimentos marcantes à história dos animais encarcerados, testemunhas silenciosas e esquecidas, deixando em aberto perguntas sobre quem são esses que sempre estiveram aqui… A projeção do filme de Margarida Cardoso é antecedida da projeção dos filmes de família que trabalhou. FORMATO RIDOTTO é um filme coletivo que marca o encontro entre o Home Movies e um grupo de escritores. Enrico Brizzi, Ermanno Cavazzoni, Emidio Clementi, Ugo Cornia e Wu Ming 2 elaboraram um texto original encontrando nas imagens do Archivio Nazionale del Film di Famiglia a oportunidade de experimentar novas técnicas narrativas. O filme, em cinco episódios, vai flutuando entre o ensaio, a narrativa, a crónica e a divagação.
05/11/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Em colaboração com a Traça – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares do Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca e o Home Movies – Archivio Nazionale del Film di Famiglia (Bolonha)
Coleção de Don Zanni (excertos) | excertos da coleção de Anabela Miranda | [sem título]
duração total da projeção: 76 min | M/12
Ar de Família filmes de arquivos familiares
Coleção de Don Zanni (excertos) do Arquivo de Don Artemio Zanni, 30 min
excertos da coleção de Anabela Miranda, 40 min
[sem título]
de Susana Nobre
Portugal, 2015 – 6 min (produção AML-Videoteca)

Sessão sobre o filme de família enquanto lugar de construção de uma história, de um discurso e de uma unidade familiar. A ideia de carta filmada cose a sessão. Na coleção de filmes de Don Zanni, o padre acompanha com a máquina de filmar cerca de 40 anos da sua comunidade em Felina, nos Apeninos, na província de Reggio Emilia. Para a comunidade paroquial e para as crianças do Casa Nostra, o orfanato fundado por Don Zanni e por si gerido, o cinema de família foi um dispositivo fundamental para reforçar a identidade de grupo. A coleção de Anabela Miranda integra uma série cartas fílmicas trocadas entre Portugal e o Congo durante as décadas de cinquenta e sessenta do século passado. Os filmes documentam os gestos mais comuns do quotidiano familiar, filmados para dar a ver a uma parte da família a vida e os dias da outra. Com um olhar e um tempo que não é comum entre os filmes de família,imagens fazem-nos inevitavelmente pensar na dimensão mais fundamental (necessária) do gesto cinematográfico. O filme de Susana Nobre, que resulta de uma apropriação de algumas coleções de filmes de família do AML-Videoteca, é pontuado e guiado por excertos de uma correspondência entre mãe e filha (de um livro de Françoise Dolto) e enche de imagens as palavras trocadas – ou vice-versa. 
05/11/2016, 22h00 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com A Traça: Ar de Família – Filmes de Arquivos Familiares

Em colaboração com a Traça – Mostra de Filmes de Arquivos Familiares do Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca e o Home Movies – Archivio Nazionale del Film di Famiglia (Bolonha)
Excertos da coleção de José Diogo Gonçalves | Excertos da coleção de Enzo Pasi
duração total da projeção: 60 min | M/12
Ar de Família filmes de arquivos familiares

Projeções comentadas por José Diogo Gonçalves, José Manuel Costa, Paolo Simoni, Luís Gameiro, Inês Sapeta Dias, Fátima Tomé, Susana Nobre, Margarida Cardoso e Catarina Mourão (seguidas de debate final)
Projeção de excertos da coleção de José Diogo Gonçalves, 1974/75, 30 min
Projeção de excertos da coleção de Enzo Pasi (viagem a Moscovo), 1957, 30 min

Se o 25 de Abril e o período que se lhe seguiu são os momentos que, em Portugal, tendem a concentrar a reflexão em torno do cinema amador, essa reflexão será aqui contaminada por outra, sobre a dimensão privada, familiar e emocional de algumas dessas imagens. Nesta sessão voltaremos a esse momento (e acontecimento) da História portuguesa, cruzando-o nomeadamente com a História italiana e com a importância que nela teve a câmara como instrumento de resistência. Mas lançaremos também perguntas sobre a construção do olhar cinematográfico e o modo como este se constitui na intersecção entre realidade e emoção.Serão projetados filmes feitos entre 1974 e 1975 da coleção de José Diogo Gonçalves, em Lisboa e numa viagem à ex-URSS e a Baku (capital do Azerbeijão). E serão depois projetados excertos da coleção de Enzo Pasi, particularmente as bobinas que acompanham uma viagem a Moscovo em 1957. Para Pasi e seus amigos, jovens militantes comunistas de Alfonsine, uma região pobre da Romagna, esta foi a viagem de uma vida. Toda a sessão será comentada por um dos autores dos filmes projetados, e ainda por arquivistas, programadores e cineastas, tomando a forma de um debate final sobre o cinema amador e familiar.