CICLO
James Benning: Paisagem e Utopia Americana


Sem dúvida, uma das vozes mais independentes e fundamentais do cinema norte-americano, James Benning pega na memória do cinema e lança-se na paisagem dos Estados Unidos da América, para estudar e encontrar os motivos essenciais do seu passado e presente. Para Benning, ouvir e escutar, com uma câmara fixa sobre a paisagem do seu país, é o movimento que permite entender o nosso tempo, as suas causas e os sítios para onde ele nos leva, ideias que acabam por definir a sua filosofia de entender “a paisagem como uma função do tempo”. Esta matriz encontra, em Benning, uma voz única no cinema, e surge como uma oportunidade para reproduzir e repensar, dentro dele, o pensamento de Henry David Thoreau, em Walden, ou as práticas artísticas do estruturalismo avançadas nos trabalhos de Michael Snow, Hollis Frampton, ou Yvonne Rainer. Pelo seu interesse em casos políticos e sociais específicos do século XX americano, que abrem um olhar sobre a violência, o racismo, ou a política contemporânea dos EUA, assim como o seu interesse em conseguir captar o simples movimento da natureza selvagem e livre da sua paisagem, James Benning abriu o formato narrativo do cinema para entender a História do seu país, a origem dos seus atos, e como o estudo das suas imagens, por um trabalho estritamente individual (e muitas vezes em longas “roadtrips” solitárias pela América), conseguiu criar, pela leitura de histórias, na audição e na contemplação das imagens, um novo estudo sobre o humano. Em dezembro, a Cinemateca dedica-lhe um Ciclo que reúne alguns dos seus títulos essenciais e de exibição ainda inédita no nosso país.
Ainda em novembro, James Benning vem à Cinemateca, com a colaboração do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras (Universidade de Lisboa), e enquadrado na “International Conference on Space and Cinema”, por si organizada, para apresentar GRAND OPERA: A HISTORICAL ROMANCE, o primeiro filme deste Ciclo. 

 
 
28/11/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo James Benning: Paisagem e Utopia Americana

One Way Boogie Woogie – 27 Years Later
de James Benning
Estados Unidos, 1977-2004 - 120 min
 
28/11/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
James Benning: Paisagem e Utopia Americana

Em colaboração com o Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
One Way Boogie Woogie – 27 Years Later
de James Benning
Estados Unidos, 1977-2004 - 120 min
sem legendas | M/12
Devido ao mau estado da cópia, o filme GRAND OPERA: AN HISTORICAL ROMANCE (1979), de James Benning, será substituído por ONE WAY BOOGIE WOOGIE – 27 YEARS LATER (1977-2004)

Com a presença de James Benning
Homenagem livre a Mondrian e uma série de pinturas que realizou nos Estados Unidos no final da sua vida (“Broadway Boogie Woogie”), James Benning filmou ONE WAY BOOGIE WOOGIE em 1977 no vale industrial do Milwaukee, a sua região natal. Muitos anos depois regressará ao mesmo local para fazer este “remake” em que procura os mesmos sessenta enquadramentos fixos e os mesmos protagonistas, deparando-se com as muitas mudanças. ONE WAY BOOGIE WOOGIE – 27 YEARS LATER reúne ambos os filmes e, como escreveu Benning, “é um filme sobre a memória e o envelhecimento”. A nostalgia junta-se assim ao humor de uma obra atravessada por esparsas palavras e por uma explosão de cor, onde impera o sentido da composição. Primeira exibição na Cinemateca.