CICLO
Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica


É com Ariel Schweitzer que as cinco sessões-conferência da rubrica regular de programação “Histórias do Cinema” são retomadas em setembro, numa edição que privilegia a obra de Vittorio De Sica no contexto do cinema neorrealista italiano. A proposta e as escolhas de Ariel Schweitzer recaem sobre quatro filmes de De Sica – SCIUSCIÀ, MIRACOLO A MILANO, UMBERTO D, IL GIARDINO DEI FINZI CONTINI – e IL GENERALE DELLA ROVERE, de Roberto Rossellini, que De Sica protagoniza numa inolvidável interpretação.
Historiador de cinema e membro da redação dos Cahiers du Cinéma, professor (Universidade de Paris VIII, Universidade de Telavive), Ariel Schweitzer é autor de diversas edições, sobretudo em torno da cinematografia israelita, como Nouveau Cinéma Israélien (Paris, edições Yellow Now, 2013); Cinéma Israélien de la Modernité (Paris, 1997; Telavive, 2003); e é coordenador da obra coletiva Il Cinema Israeliano Contemporaneo (Venezia, Marsilio, 2009). É igualmente tradutor em hebreu de Notes sur le Cinématographe, de Robert Bresson, e comissário de inúmeras retrospetivas, designadamente dedicadas às obras de Bresson, Jean-Luc Godard, Amos Gitäi, David Perlov e Uri Zorhar.
Nascido em 1901 em Sora, na região de Lácio, Vittorio De Sica começa a sua carreira na década de vinte como ator, no teatro e cinema. No início dos anos quarenta, passa à realização e torna-se, por volta do fim da Guerra, um dos pilares do Neorrealismo italiano, movimento que revoluciona o cinema mundial. Conjuntamente com o seu argumentista Cesare Zavattini, De Sica olha de uma maneira frontal, desencantada e crítica a Itália destruída da época, um país arrasado pela crise económica e pela herança do fascismo. Nos seus filmes, são as pessoas mais fracas e frágeis quem paga o preço da decadência italiana: as crianças em I BAMBINI CI GUARDANO (1943), SCIUSCIÀ (1946), LADRI DI BICICLETTE (1948); os velhos em UMBERTO D (1952). Em finais dos anos quarenta, depois do insucesso comercial de um certo número de filmes neorrealistas, De Sica procura renovar o movimento, o que consegue, ao introduzir elementos fantásticos em MIRACOLLO À MILANO (1950), sem no entanto renunciar a um olhar crítico, por vezes sombrio, da sociedade italiana da época. Na década de cinquenta, após o declínio de neorrealismo, De Sica volta-se para a comédia social e torna-se, marcadamente após o sucesso de L’ORO DI NAPOLLI (1954), um dos realizadores mais notáveis da comédia italiana. Ao mesmo tempo, renova a sua carreira de ator desempenhando papéis inesquecíveis, em MADAME DE (1953) de Marcel Ophüls ou em GENERALE DELLA ROVERE (1959, do seu companheiro de estrada do neorrealismo, Roberto Rossellini. Vittorio De Sica contribuiu largamente para o reconhecimento internacional do neorrelismo, e do cinema italiano em geral, conseguindo nada menos do que quatro vezes o Óscar para melhor filme estrangeiro. O último, em 1970, foi para IL GIARDINO DEI FINZI-CONTINI, magnífica adaptação do romance de Giorgio Bassani, obra-prima de De Sica, que desaparece em 1974, aos 73 anos de idade.
 
sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Ariel Schweitzer, em inglês
 
Informação sobre as sessões e venda antecipada de bilhetes:
Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime de venda de bilhetes específico, fazendo um preço especial e dando prioridade a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir todas as sessões (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa) poderá comprar antecipadamente a sua entrada pelo preço global de € 22 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 12; Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 10) entre 5 e 10 de setembro, apenas na bilheteira local. Os lugares que não tenham sido vendidos são depois disponibilizados através do sistema de venda tanto na bilheteira local como na Internet (cinemateca.bol.pt) e rede de pontos de venda associados e de acordo com o preço específico destas sessões (Geral: € 5; Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 3; Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 2,60).
 
12/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica

Sciuscià
de Vittorio De Sica
Itália, 1946 - 92 min
 
13/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica

Miracolo a Milano
O Milagre de Milão
de Vittorio De Sica
Itália, 1951 - 100 min
14/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica

Umberto D
Humberto D
de Vittorio De Sica
Itália, 1952 - 89 min
15/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica

Il Giardino dei Finzi-Contini
O Jardim Onde Vivemos
de Vittorio De Sica
Itália, 1970 - 94 min
16/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica

Il Generale della Rovere
O General Della Rovere
de Roberto Rossellini
Itália, 1959 - 126 min
12/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica
Sciuscià
de Vittorio De Sica
com Rinaldo Smordoni, Franco Interlenghi, Aniello Mele
Itália, 1946 - 92 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Ariel Schweitzer, em inglês
Retrato da Itália no pós-guerra, sobre as crianças abandonadas que vivem de expedientes ("Sciuscià" designa os pequenos engraxadores de sapatos) e do mercado negro. Um destino de deserdados que os levará à cadeia, à evasão e a um destino trágico para alguns. Um dos filmes chave do "neorrealismo".
13/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica
Miracolo a Milano
O Milagre de Milão
de Vittorio De Sica
com Emma Grammatica, Francesco Golisano, Paolo Siopa
Itália, 1951 - 100 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Ariel Schweitzer, em inglês
“É uma fábula, e a minha única intenção é de tentar um conto de fadas do século XX” (De Sica). Esse “conto de fadas” anda à volta de Toto, um jovem angélico que vê a beleza e a bondade por todo o lado. Procurando reconstruir o bairro de lata onde vive ao lado dos outros habitantes, descobre petróleo na área. Os capitalistas lançam-se ao assalto e Toto e a avó (uma fada) levam os deserdados para um paraíso longínquo que, à época, muitos identificaram como a URSS. O “neorrealismo” italiano transformado em fábula. Fotografia do mestre G.R. Aldo.
14/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica
Umberto D
Humberto D
de Vittorio De Sica
com Carlo Battisti, Maria Pia Casilio, Lina Gennari
Itália, 1952 - 89 min
legendado em espanhol | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Ariel Schweitzer, em inglês
Com LADRI DI BICICLETTE e SCIUSCIÀ, UMBERTO D completa a trilogia “neorrealista” de De Sica, sobre a qual sobretudo assenta o seu renome como realizador. Mas esta história de um modesto reformado que corre o risco de perder a casa onde vive, também é o filme em que surgem elementos sentimentais e lacrimejantes que começam a afastar o neorrealismo italiano da dureza das suas primeiras obras. Mas – surpreendentemente ou não – era também o filme favorito de Ingmar Bergman.
15/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica
Il Giardino dei Finzi-Contini
O Jardim Onde Vivemos
de Vittorio De Sica
com Dominique Sanda, Helmut Berger, Fabio Testi, Romolo Vali
Itália, 1970 - 94 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Ariel Schweitzer, em inglês
O filme segue a trama do romance homónimo de Giorgio Bassani (1962) e trata das relações entre os jovens da comunidade judia em Ferrara, em plena ascensão de Mussolini nos anos trinta. Em pano de fundo, os amores contrariados e a morte. O regime fascista multiplica medidas vexatórias contra os judeus, mas a família Finzi-Contini, pilar da aristocracia de Ferrara, recusa-se a acreditar na iminente ameaça enquanto, fora dos muros, o pior está por vir. IL GIARDINO DEI FINZI-CONTINI é uma das obras da fase final da filmografia de De Sica
16/09/2016, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Ariel Schweitzer / Vittorio De Sica
Il Generale della Rovere
O General Della Rovere
de Roberto Rossellini
com Vittorio De Sica, Hannes Messemer, Sandra Milo, Giovanna Ralli
Itália, 1959 - 126 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessão-conferência | apresentada e comentada por Ariel Schweitzer, em inglês
Inspirada numa personagem real (um vigarista chamado Bertone) a soldo da Gestapo, que fingia ajudar os patriotas durante a guerra. É encarregue de descobrir um chefe da Resistência, mas, num gesto de redenção, assume ele próprio essa identidade (o General Della Rovere). Rossellini nunca demonstrou muito apreço por este filme, mas a verdade é que IL GENERALE DELLA ROVERE teve, e tem, muitos entusiastas – que o relacionam, por exemplo, com a "trilogia da guerra", e discutem as ironias contidas neste encontro entre Rossellini e (em extraordinário desempenho) Vittorio De Sica. Como Luc Moullet, que escreveu que "De Sica é exatamente o Bertone do cinema italiano."