CICLO
Cinema na Esplanada


As projeções 35 mm ao ar livre na Esplanada (39 Degraus) da Cinemateca voltam em julho, nas noites de sexta-feira e sábado. Às sextas, o programa é David Bowie, numa extensão do Ciclo que atravessa todo o mês “dentro de portas” evocando a marca e a presença de Bowie no cinema. Intitulado Absolutamente Bowie, o Ciclo é integralmente apresentado neste jornal na entrada respetiva, onde se podem ler as notas dos filmes programados (ver páginas 7/8). A 23, a Esplanada é palco de uma sessão de antecipação do Doclisboa’16. E os restantes sábados são Billy Wilder, “Quatro Vezes Billy Wilder”, para apresentar quatro grandes filmes de um dos grandes nomes do cinema clássico.
A Cinemateca com o Doclisboa’16 – Sessão de Antecipação
Anunciando mais uma colaboração entre a Cinemateca e o festival Doclisboa, em outubro, esta é uma “sessão-aperitivo” a lançar um primeiro foco sobre as retrospetivas que serão conjuntamente organizadas e apresentadas nas salas da Cinemateca. Teremos assim uma retrospetiva (organizada em colaboração com o Museu Reina Sofia, de Madrid) dedicada a um período-chave da cinematografia cubana, o período  que se seguiu à revolução, e que fez do cinema um instrumento essencial de afirmação e intervenção política, período em que vários cineastas despontaram mas, talvez mais do que todos os outros, se impôs um nome, o de Santiago Álvarez. E uma retrospetiva de autor, o britânico Peter Watkins (nascido em 1935), ainda pouco divulgado em Portugal, cultor de um cinema que se coloca frequentemente nas fronteiras difusas do documentário e da ficção, e que põe em cena a questão do relacionamento do cinema com a História – mesmo que se trate de uma História imaginária, meramente hipotética, como é o caso do filme que vamos mostrar, THE WAR GAME, porventura o mais célebre trabalho de Watkins.
Quatro Vezes Billy Wilder
Judeu da Europa Central, Wilder (1906-2002) começou a sua carreira em Berlim, no período mudo, como argumentista e estreou-se como realizador em Paris, em 1934, com MAUVAISE GRAINE, que tem Danièle Darrieux no papel principal. Seguiu pouco depois para os Estados Unidos, “para onde teria ido de qualquer maneira, com Hitler ou sem Hitler”, como disse muitos anos mais tarde. Depois de trabalhar como argumentista, entre outros para Howard Hawks (BALL OF FIRE) e Ernst Lubitsch (NINOTCHKA), Wilder estreou-se na realização em Hollywood em 1942, com o atrevidíssimo e impagável THE MAJOR AND THE MINOR, que mostra, sem mostrar, um “affaire” entre um adulto e uma adolescente. Embora Wilder tenha feito incursões em outros géneros (ACE IN THE HOLE, THE LOST WEEKEND, SABRINA, SUNSET BOULEVARD, este último um dos seus filmes mais célebres), foi sem dúvida na comédia que atingiu os píncaros do génio, a tal ponto que nos anos cinquenta já era considerado o sucessor de Lubitsch, o rei da “sophisticated comedy” em Hollywood. Três dos filmes que apresentamos pertencem ao género da comédia: SOME LIKE IT HOT (em que Marilyn Monroe é confrontada com dois travestis de ocasião), THE APPARTMENT e IRMA LA DOUCE, ao passo que o quarto título, WITNESS FOR THE PROSECUTION é uma obra altamente sarcástica. Excelentes cópias em 35 mm.
 
 
01/07/2016, 22h30 | Esplanada
Ciclo Cinema na Esplanada

Absolute Beginners
Absolutamente Principiantes
de Julien Temple
Reino Unido, 1986 - 108 min
 
02/07/2016, 22h30 | Esplanada
Ciclo Cinema na Esplanada

Some Like it Hot
Quanto Mais Quente Melhor
de Billy Wilder
Estados Unidos, 1959 - 120 min
08/07/2016, 22h30 | Esplanada
Ciclo Cinema na Esplanada

Twin Peaks: Fire Walk With Me
Twin Peaks: Os Últimos Sete Dias de Laura Palmer
de David Lynch
Estados Unidos, 1992 - 135 min
09/07/2016, 22h30 | Esplanada
Ciclo Cinema na Esplanada

Irma La Douce
Irma La Douce
de Billy Wilder
Estados Unidos, 1963 - 141 min
15/07/2016, 22h30 | Esplanada
Ciclo Cinema na Esplanada

Cat People
A Felina
de Paul Schrader
Estados Unidos, 1982 - 118 min
01/07/2016, 22h30 | Esplanada
Cinema na Esplanada
Absolute Beginners
Absolutamente Principiantes
de Julien Temple
com Eddie O’Connell, Patsy Kensit, David Bowie, James Fox, Ray Davies, Sade Adu
Reino Unido, 1986 - 108 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Absolutamente Bowie
O título do filme (que adapta o livro homónimo de Colin MacInnes, 1958) é também o do tema da canção que Bowie para ele escreveu e se tornou um dos seus imensos êxitos. Basta lembrar: “If our love song / Could fly over mountains / Could laugh at the ocean / Just like the films / There's no reason / To feel all the hard times / To lay down the hard lines / It's absolutely true”. ABSOLUTE BEGGINERS, o filme, é ambientado na Londres do pós-guerra, na viragem para a década de sessenta, antes dos Beatles e dos Stones. Ao contrário da canção de Bowie, e do reconhecimento da sua boa prestação como ator, não foi um grande sucesso, mas o tempo deu-lhe um estatuto especial. É um filme indispensável numa evocação de Bowie no cinema. Primeira exibição na Cinemateca.
02/07/2016, 22h30 | Esplanada
Cinema na Esplanada
Some Like it Hot
Quanto Mais Quente Melhor
de Billy Wilder
com Marilyn Monroe, Jack Lemmon, Tony Curtis, Joe E. Brown, George Raft
Estados Unidos, 1959 - 120 min
legendado em português | M/12
Quatro Vezes Billy Wilder
“Ninguém é perfeito!”. Este é o filme da famosa réplica que todo o cinéfilo conhece e cita. E, se é verdade no caso das pessoas, não o é noutras coisas, como este filme, perfeito da primeira à última imagem, tanto no argumento (uma brilhante sucessão de acontecimentos e diálogos à volta de dois músicos que se disfarçam de mulheres para escapar a um grupo de “gangsters”), como no trabalho de Wilder na construção dos gags, ou no elenco em que cada ator está exatamente à altura da personagem.
08/07/2016, 22h30 | Esplanada
Cinema na Esplanada
Twin Peaks: Fire Walk With Me
Twin Peaks: Os Últimos Sete Dias de Laura Palmer
de David Lynch
com Sheryl Lee, Ray Wise, Kyle MacLachlan, Mädchen Amick, David Bowie, Miguel Ferrer
Estados Unidos, 1992 - 135 min
legendado eletronicamente em português | M/18
TWIN PEAKS: FIRE WALK WITH ME foi considerado uma “prequela” da famosa série de televisão de Lynch, “Twin Peaks”, no sentido em que expõe o drama que levou à morte da jovem Laura Palmer, ponto de partida para aquela série e personagem por quem o realizador então afirmou sentir-se apaixonado. Na altura, foi recebido como um dos seus mais estranhos e surrealistas filmes, inteiramente construído sob o signo do duplo e do desdobramento. David Bowie surge no papel de um excêntrico agente do FBI.
09/07/2016, 22h30 | Esplanada
Cinema na Esplanada
Irma La Douce
Irma La Douce
de Billy Wilder
com Shirley MacLaine, Jack Lemmon, Lou Jacobi
Estados Unidos, 1963 - 141 min
legendado em português | M/12
Quatro Vezes Billy Wilder
Proibido em Portugal até ao 25 de Abril, IRMA LA DOUCE foi também um “caso” no seu país de origem. Apesar de já se estar em 1963 e de a censura andar a ser “batida” aos pontos por realizadores rebeldes, a forma como se representaram as prostitutas a trabalhar, sem eufemismos para a profissão, foi considerada demasiada audaciosa. Mas todo o filme joga tanto com o que é mostrado como com o que é elidido. IRMA LA DOUCE, uma das mais divertidas, irreverentes e provocantes comédias de Wilder, foi outro “prego” no caixão do código de censura, com Shirley MacLaine como prostituta, num dos papéis da sua vida, e Jack Lemmon inesquecível na figura do polícia-chulo. Extraordinários cenários de Alexander Trauner, que reproduzem o bairro Les Halles em Paris em estúdio.
15/07/2016, 22h30 | Esplanada
Cinema na Esplanada
Cat People
A Felina
de Paul Schrader
com Nastassja Kinski, Malcolm McDowell, John Heard, Annette O’Toole
Estados Unidos, 1982 - 118 min
legendado eletronicamente em português | M/18
Absolutamente Bowie
Além de uma sequência numa piscina, poucas são as semelhanças com o mítico filme homónimo de Tourneur, ainda que o argumento livremente se baseie na mesma história que deu origem ao filme de 1942. Referindo-se ao terror e ao erotismo, Schrader defendeu-o como um filme com “mais pele do que sangue”, e é certo que nunca Nastassja Kinski foi tão felina. A música tem a assinatura de Giorgio Moroder, incluindo a do seu tema, escrito e interpretado por David Bowie: Putting Out Fire. O mesmo a que Tarantino voltou em INGLORIOUS BASTERDS.