CICLO
Foco no Arquivo


As sessões “Foco no Arquivo” de junho seguem projetos ligados à investigação e à sua relação com a coleção da Cinemateca. A sessão “Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo” prolonga as anteriormente dedicadas a uma discussão continuada sobre esta importante parte do acervo fílmico da Cinemateca, organizadas em colaboração com a “Aleph - rede de acção e investigação crítica da imagem colonial”. A Aleph promove a cooperação e partilha de conhecimento entre investigadores académicos, artistas e cidadãos interessados na imagem colonial, colabora com arquivos detentores de coleções coloniais na sensibilização para questões de acessibilidade e preservação dos acervos. Este mês, a investigadora Livia Apa apresenta A COSTA DOS MURMÚRIOS (Margarida Cardoso, 2004).
No seguimento de uma programação que teve lugar durante o ano 2015 na Cinemateca, no âmbito do projeto de investigação “WORKS – O trabalho no ecrã: um estudo de memórias e identidades sociais através do cinema” financiado pela FCT, o novo Ciclo “Olhares do Cinema sobre o Trabalho” adota uma perspetiva mais ampla, procurando destacar formas várias de diálogo entre arquivos e cinematografias nacionais e internacionais. Procura-se refletir sobre temáticas e problemas sociais que atravessam os filmes. Ao longo de 2016, esta programação vai propondo aos espectadores visões distintas sobre aspectos como a precariedade, os espaços de trabalho ou as condições de vida. O Ciclo é dinamizado por Luísa Veloso (CIES-IUL), Frédéric Vidal (CRIA-IUL) e João Rosas. REPRISE (1996), de Hervé Le Roux, é o filme apresentado na sessão de junho.
A sessão “‘Onde está o sol, que não o encontro?’: Turismo no feminino” continua o Ciclo “Viagens, Olhares e Imagens: Portugal 1910-1980”, organizado no âmbito do projeto exploratório “Atrás da câmara: práticas de visibilidade e mobilidade no filme turístico português” (EXPL/IVC-ANT/1706/2013; financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES). Este projeto foi desenvolvido no ANIM e no CRIA entre abril de 2014 e setembro de 2015 por uma equipa de investigadores coordenados por Sofia Sampaio (CRIA-IUL), que apresenta a sessão deste mês.
 

 
09/06/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Foco no Arquivo

A Costa dos Murmúrios
de Margarida Cardoso
Portugal, 2004 - 120 min | M/12
 
22/06/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Foco no Arquivo

Reprise
de Hervé Le Roux
França, 1996 - 192 min
29/06/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Foco no Arquivo

Imagens de Portugal Nº 15 | Albufeira | Estoril – Costa do Sol | Mónica ou Um Diário Algarvio
duração total da projeção: 65 min | M/12
09/06/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Foco no Arquivo
A Costa dos Murmúrios
de Margarida Cardoso
com Beatriz Batarda, Filipe Duarte, Mónica Calle, Adriano Luz
Portugal, 2004 - 120 min | M/12
Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo

sessão apresentada por Livia Apa seguida de debate com Margarida Cardoso

A estreia na longa-metragem de ficção de Margarida Cardoso, adaptando um romance de Lídia Jorge. Evocação de Moçambique no estertor da época colonial, A COSTA DOS MURMÚRIOS segue o percurso de uma mulher (Beatriz Batarda), casada com um oficial. Entre as ausências do marido (a guerra) e a imponência da paisagem, desenrola-se a sua narrativa interior, história de reconhecimentos e desencantos de vária ordem. Para o ambiente hipnótico do filme muito contribui a música de Bernardo Sassetti.

22/06/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Foco no Arquivo
Reprise
de Hervé Le Roux
com Pierre Bonneau, Jacques Wiilemont
França, 1996 - 192 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Olhares do Cinema sobre o Trabalho

sessão apresentada por Luísa Veloso (CIES-IUL), Frédéric Vidal (CRIA-IUL) e João Rosas

Proposta original a deste documentário de Hervé Le Roux: partir de LA REPRISE DU TRAVAIL AUX USINES WONDER, filme militante feito pouco depois de Maio de 68, e tentar encontrar algumas das figuras que nele tomavam palavra – em especial Jocelyne, uma operária particularmente revoltada. Menos um filme sobre o Maio de 68 do que um filme que toma o Maio de 68 como moldura para falar (mostrar) da França contemporânea. REPRISE é uma singular reformulação do subgénero do documentário político.

29/06/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Foco no Arquivo
Imagens de Portugal Nº 15 | Albufeira | Estoril – Costa do Sol | Mónica ou Um Diário Algarvio
duração total da projeção: 65 min | M/12
Viagens, Olhares e Imagens: Portugal 1910-1980 | ‘Onde está o sol, que não o encontro?’: Turismo no Feminino

sessão apresentada por Sofia Sampaio (CIRA-IUL)

IMAGENS DE PORTUGAL Nº 15
Portugal, 1953 – 10 min
ALBUFEIRA
de António de Macedo
Portugal, 1968 – 28 min
ESTORIL – COSTA DO SOL
de Fernando Matos Silva
Portugal, 1972 – 12 min
MÓNICA OU UM DIÁRIO ALGARVIO
de José Fonseca e Costa
Portugal, 1972 – 15 min

Esta sessão é dedicada à mulher-turista – uma presença discreta, senão mesmo inexistente, nos primeiros filmes de excursões (exemplo disso é o filme SERRA DA ESTRELA, produzido pela Caldevilla Film em 1921, apresentado na sessão de janeiro). A mulher-turista vai ganhando destaque nestes filmes até se tornar quer sinónimo da sociedade de consumo (é a cliente privilegiada dos serviços hoteleiros e turísticos) quer protagonista de um imaginário erótico que faz dela uma atração turística (em ALBUFEIRA) ou mesmo um produto a ser consumido (em ESTORIL – COSTA DO SOL). É, de facto, grande a diferença entre as recatadas excursionistas da Mocidade Portuguesa Feminina que, nos anos cinquenta, se passeiam pelas praias do Algarve a pretexto das lições oficiais sobre a “aventura” nacional dos Descobrimentos; as três turistas estrangeiras (Carol, Jenny e Gela) que, livres e disponíveis, visitam a Albufeira de finais dos anos sessenta; as hóspedes privilegiadas dos hotéis do Estoril, que tomam banhos de sol nas esplanadas; e, no último filme, a turista oriunda do Norte (também ela com direito a um nome, Mónica), que procura encontrar no Algarve – nada mais nada menos do que num complexo turístico de luxo – a cura para a sua imensa e nórdica “melancolia”. O cenário, inevitavelmente, é sempre a praia: lugar de corpos e desejos, onde o olhar e as imagens sugerem mais do que mostram.