02/12/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Um dos grandes filmes dos anos sessenta e o mais divulgado título de Marlen Khutsiev, que primeiro circulou na versão de 1965 com o título MNE DVADTSAT LET / “TENHO VINTE ANOS” (também visto na retrospetiva de novembro). Sergei, Slavska e Kolka são três jovens moscovitas, cujos pais morreram na guerra. A angústia existencial que sentem reflete ao mesmo tempo a atmosfera do “degelo” político que a URSS vivia e as incertezas quanto ao futuro. Bernard Eisenschitz assinala que Khutsiev “filma com liberdade, nas ruas, sequências que são ao mesmo tempo quase documentais e de ‘cinema de poesia’, rompendo com todas as normas”. Numa célebre sequência, os mais célebres poetas soviéticos surgem diante da câmara e recitam os seus versos. “Como o de Antonioni, este é um cinema que dilata o tempo, cinema da incerteza e da angústia das madrugadas, da errância transformada em arte de viver. Os ‘valores’ da noite e da festa substituem os do dia e do trabalho” (Christian Zimmer). A apresentar na versão restaurada de 1988, considerada por Khutsiev como a mais genuína das versões do filme.