CICLO
De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara


O que “de Eric von Stroheim a João César Monteiro” este Ciclo propõe é um olhar na dupla direção da singularidade de universos tão diferentes como os dos cineastas aqui representados (Stroheim e Monteiro, mas também Rocha e Brum do Canto, Riefenstahl, Walsh, Guitry, Renoir, De Sica, Tati, Nicholas Ray, Welles, Chabrol e Truffaut, Pialat, Pasolini, Guru Dutt, Chahine, Skolimowski, Bogdanovich, Polanski, Elaine May, Moretti, Spike Lee, Woody Allen, Kitano, Godard e Akerman), e da confluência, nos seus filmes, da inscrição da sua própria presença como atores para além de realizadores.
Cabe um esclarecimento para notar que o critério de programação privilegia o realizador que surge nos seus filmes como ator, excluindo por conseguinte os casos em que se reconhece o ator que é também realizador, por discutível e ténue que seja uma tal fronteira. Daí que não estejam programados filmes de Charles Chaplin, Buster Keaton, Jerry Lewis, Roberto Benigni, Clint Eastwood ou Paul Newman. Alguns dos cineastas representados foram atores antes de serem realizadores. Mas cada caso é um caso: por exemplo, Woody Allen e Jacques Tati “estão” neste Ciclo precisamente porque passaram para trás da câmara; no caso de John Cassavetes e Vittorio De Sica, porque a sua obra enquanto autores, na plena aceção do termo, se distingue da sua carreira de atores e a presença nos filmes que dirigiram (que aliás não é sistemática); no de Orson Welles, por todas as razões (e mais alguma). No caso de Stroheim e João César Monteiro – autores que delimitam o programa – a sua “autoescolha” é, a posteriori, tão óbvia que é impossível imaginar outro ator nos papéis que ambos interpretaram.
O que se pretende é mostrar uma evidência: houve, e continuará a haver, realizadores – uns de forma sistemática (Moretti, Tati, Welles), outros esporadicamente (Truffaut, Polanski), outros excecionalmente (Chabrol, Renoir, Chahine), outros ainda – que, pelas mais diversas razões (inclusive económicas, como no caso de Paulo Rocha que “fez” de Camilo Pessanha em A ILHA DOS AMORES por não poder pagar uma viagem a Macau a mais um ator), optaram por “dar a sua cara” em detrimento da de outrem.
 

 
02/11/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara

La Règle du Jeu
A Regra do Jogo
de Jean Renoir
França, 1939 - 106 min
 
02/11/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara

Blind Husbands
O Abismo
de Erich von Stroheim
Estados Unidos, 1919 - 82 min
02/11/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara

Small Time Croks
Vigaristas do Bairro
de Woody Allen
Estados Unidos, 2000 - 94 min
03/11/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara

L’Oro di Napoli
O Oiro de Nápoles
de Vittorio De Sica
Itália, 1954 - 85 min
03/11/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara

Sous le Soleil de Satan
Ao Sol de Satanás
de Maurice Pialat
França, 1987 - 97 min
02/11/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara
La Règle du Jeu
A Regra do Jogo
de Jean Renoir
com Marcel Dalio, Nora Grégor, Roland Toutain, Julien Carette, Gaston Modot, Mila Parély, Jean Renoir
França, 1939 - 106 min
legendado em português | M/12

O mais lendário filme de Jean Renoir. Sem personagem principal, com nada menos do que oito protagonistas, “sem história”, implacável e demencial, objeto de tanta ira como de admiração, LA RÈGLE DU JEU é, para muitos, a obra máxima de Renoir, mostrando-nos uma coreografia em que a câmara acompanha as fugas e jogos de amor das personagens, numa mansão senhorial. Enquanto dançam sobre o vulcão, a Europa e o mundo caminham para a guerra. Jean Renoir interpreta o papel de Octave, o amigo que veste a pele do urso na festa do baile de máscaras.
 

02/11/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara
Blind Husbands
O Abismo
de Erich von Stroheim
com Erich von Stroheim, Sam de Grasse, Gibson Gowland, Francelia Billington
Estados Unidos, 1919 - 82 min
mudo, intertítulos em inglês legendados em português | M/12

O primeiro filme de Erich von Stroheim como realizador, argumentista e intérprete principal, lançou a sua personagem de cínico e amoral, aqui vestindo a farda do exército austríaco e surgindo como um sedutor sem escrúpulos que será vítima das suas manobras. O que, antes de mais, caracteriza esta primeira obra-prima de Stroheim é o retrato exacerbado das paixões humanas, que será um dos traços perenes do seu cinema. Um grande clássico do período mudo.

02/11/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara
Small Time Croks
Vigaristas do Bairro
de Woody Allen
com Woody Allen, Tracey Ullman, Hugh Grant, Carolyn Saxon
Estados Unidos, 2000 - 94 min
legendado em português | M/12

No início do milénio, Woody Allen em Nova Iorque, a sua cidade, como pequeno vigarista de bairro: um lavador de pratos e a mulher, manicura, enredam-se numa série de aventuras com um grupo de amigos que envolve o plano de assalto a um banco e a abertura de uma pastelaria, que se torna um inesperado sucesso. A comédia, por onde passa uma caricatura ao novo-riquismo, é um divertido e despretensioso Woody Allen. Primeira exibição na Cinemateca.

03/11/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara
L’Oro di Napoli
O Oiro de Nápoles
de Vittorio De Sica
com Silvana Mangano, Sophia Loren, Totò, Eduardo de Filippo, Vittorio De Sica
Itália, 1954 - 85 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Há muita boa gente a defender que, mau grado a extraordinária fama de LADRI DI BICICLETTE, a obra-prima de Vittorio De Sica é este filme. Trata-se de uma “homenagem”, calorosa e pessoal, à cidade de Nápoles, terra da infância e juventude de De Sica. E, na boa e muito italiana tradição dos “filmes de sketches”, decompõe-se em seis episódios, seis “vinhetas” que vão ao encontro (nostálgico) de uma Nápoles popular e, em 1954, talvez já um pouco desaparecida. O elenco (Mangano, Loren, Totò, de Filippo, Paolo Stoppa…) é excecional. Vittorio De Sica é a estrela do (seu) segmento que se intitula I GIOCATORI.

03/11/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
De Erich Von Stroheim a João César Monteiro: O Realizador em Frente à Câmara
Sous le Soleil de Satan
Ao Sol de Satanás
de Maurice Pialat
com Gérard Depardieu, Maurice Pialat, Sandrine Bonnaire
França, 1987 - 97 min
legendado em português | M/12

Quando Pialat subiu ao palco para receber a Palma de Ouro no Festival de Cannes por este filme, foi vaiado e respondeu tranquilamente ao público: “Vocês não gostam de mim e eu também não gosto de vocês”… Nesta adaptação de um dos textos menos facilmente “filmáveis” de Bernanos, Pialat responde ao desafio de se afastar de tudo o que caracterizara o seu cinema até então (foi esta a sua única adaptação de um texto literário) ao abordar a temática de um grande escritor católico. E cabe-lhe, em frente à câmara, o papel de um abade.