CICLO
Double Bill


Na habitual rubrica que ocupa as matinés de sábado à tarde (dois filmes, uma sessão, um bilhete único), em diálogo estão Pedro Costa e Raoul Walsh (NE CHANGE RIEN e PURSUED), Carl Th. Dreyer e Jim Jarmusch (VAMPYR e ONLY LOVERS LEFT ALIVE), Yasujiro Ozu e John Ford (BANSHUN e MY DARLING CLEMENTINE).

 
03/10/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

NE CHANGE RIEN | PURSUED
duração total da projeção: 198 min | M/12
 
10/10/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

VAMPYR | ONLY LOVERS LEFT ALIVE
duração total da projeção: 188 min | M/14
17/10/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Double Bill

BANSHUN | MY DARLING CLEMENTINE
duração total da projeção: 202 min | M/12
03/10/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
NE CHANGE RIEN | PURSUED
duração total da projeção: 198 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos

NE CHANGE RIEN
de Pedro Costa
com Jeanne Balibar, Rodolphe Burger
Portugal, 2009 – 97 min / legendado em português
PURSUED
Núpcias Trágicas
de Raoul Walsh
com Robert Mitchum, Teresa Wright, Dean Jagger, Judith Anderson, Alan Hale
Estados Unidos, 1947 – 101 min / legendado em espanhol

“Ne Change Rien, pour que tout soit different”. A frase é de Jean-Luc Godard, que com ela abre as HISTOIRE(S) DU CINÉMA. Pedro Costa foi buscar-lhe o princípio para título do seu filme com Jeanne Balibar, intérprete de um tema também assim chamado. Atriz e cantora, Balibar é filmada em trabalho, em ensaios (Peine Perdue, Ton Diable), sessões de gravação (Ne Change Rien), concertos rock (Torture, Johnny Guitar), aulas de canto lírico, em palco (La Périchole). Num magistral preto e branco, é um filme chiaroescuro e um filme de câmara, onde também se pode ver uma inspiração western. Com canções. Uma das obras-primas de Walsh, PURSUED, vagamente inspirado no clássico de Robert Stevenson The Master of Ballantrae, marca a incursão do filme negro e da psicanálise no western. É a perturbante história de um jovem obcecado pelo seu passado e pelas suas origens e da vingança de sangue que o responsável pela tragédia que o vitimou em criança persegue. Quase em surdina, o tema do incesto é outra das surpresas da obra mais críptica de Walsh. PURSUED é apresentado em cópia digital.
 

10/10/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
VAMPYR | ONLY LOVERS LEFT ALIVE
duração total da projeção: 188 min | M/14
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos

VAMPYR
de Carl Th. Dreyer
com Julian West, Maurice Schultz, Sybille Schmitz
França, Alemanha, 1930 – 65 min / legendado eletronicamente em português
ONLY LOVERS LEFT ALIVE
Só Os Amantes Sobrevivem
de Jim Jarmusch
com Tom Hiddleston, Tilda Swinton, Mia Wasikowska, Anton Yelchin, John Hurt
Reino Unido, Alemanha, 2013 – 123 min / legendado em português

“Um filme de horror banhado numa claridade puríssima. Um filme sonoro que reinventa a noção de cinema mudo”. Assim se exprimiu Edgardo Cozarinsky sobre esta obra-prima de Carl Th. Dreyer, VAMPYR, um dos filmes mais insólitos da história do cinema, poema de morte e ressurreição pela luz do cinema e inspirado em Carmilla e La Chambre de l’Auberge du Dragon Volant, de Sheridan le Fanu. “O filme que mais ecoa em mim”, declarou Jean-Marie Straub. À superfície, ONLY LOVERS LEFT ALIVE, décima primeira longa-metragem de Jarmusch, é um filme de vampiros, ambientado na americana e desolada Detroit e na romântica cidade marroquina de Tânger. Mas a história é também um conto de sobrevivência e amor, com um traço de fina ironia: Adam, um músico deprimido de personalidade poética, e a enigmática Eva, são amantes de nomes bíblicos (via Mark Twain, The Diaries of Adam and Eve) e uma história de séculos vivida entre o idílio e separações geográficas. No momento em que o filme se passa encontram-se num mundo em colapso e cuja “harmonia” é ainda abalada pela irmã dela, incontrolável na sua euforia vampírica. ONLY LOVERS LEFT ALIVE é uma primeira exibição na Cinemateca.
 

17/10/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Double Bill
BANSHUN | MY DARLING CLEMENTINE
duração total da projeção: 202 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos

BANSHUN
Primavera Tardia
de Yasujiro Ozu
com Chishu Ryu, Setsuko Hara, Haruko Sugimura
Japão, 1949 – 107 min / legendado em português
MY DARLING CLEMENTINE
A Paixão dos Fortes
de John Ford
com Henry Fonda, Victor Mature, Walter Brennan, Linda Darnell, Tim Holt, Ward Bond, Jane Darwell
Estados Unidos, 1946 – 95 min / legendado em português

BANSHUN é o filme que inaugura o período final da obra de Ozu, as obras de grande maturidade que o fizeram conhecer tardiamente no estrangeiro. É a partir daqui que no seu cinema a trama narrativa se torna rarefeita e o estilo visual se depura ao máximo: raríssimos movimentos de câmara, ausência total de panorâmicas, sequências ligadas unicamente por cortes e a celebérrima posição da câmara (a “câmara Ozu”), quase sempre a mesma, à altura de uma pessoa sentada no chão, à japonesa. E como sempre, neste período final, Ozu conta histórias de separação e resignação, histórias de mudanças e da passagem do tempo. MY DARLING CLEMENTINE é um dos mais belos westerns de Ford, um momento alto do mito do oeste americano e um expoente do classicismo de Ford. É o filme do duelo de OK Corral entre os Earp, com Doc Holiday, e os Clanton. Aquele que tem Walter Brennan num dos seus papéis mais brutais. Aquele que traz o cheiro das flores do deserto e que tem a mais bela dança da história do cinema: Wyatt Earp e Clementine no adro da igreja em construção. Aquele de que se diz – ou então é lenda – ter Ford dito um dia ser o seu favorito, embora nunca o confessasse.