CICLO
Knut Erik Jensen


Knut Erik Jensen (nascido em 1940, na pequena cidade costeira de Honningsvåg, na região do norte da Noruega comummente conhecida como Finnmark) é autor de uma prolífera obra desconhecida em Portugal que assina como produtor e realizador independente, um dos mais conhecidos e produtivos do panorama do cinema norueguês contemporâneo. No decorrer de nove sessões e concentrando-se apenas no seu trabalho para cinema (Jensen tem igualmente uma vasta obra filmada para televisão, tendo colaborado com a estação televisiva NRK entre 1978 e 2010), a apresentação de sete longas e nove das suas curtas-metragens propõe um olhar sobre o seu trabalho que abrange as vertentes documental, de ficção e “experimental”. Às “categorias”, o realizador prefere a designação de “filmes pessoais”, “sobre o mar, os peixes, o amor e a morte”. Começou a realizá-los nos anos setenta, desde logo influenciados pela experiência de uma infância vivida em tempo de guerra mas também fortemente marcados pela vivência na região litoral do norte da Noruega, as suas paisagens e clima agrestes, as condições de vida e o espírito da sua população intimamente ligados à atividade pesqueira: Jensen passou alguns dos seus primeiros anos no campo de Trondenes perto de Honningsvåg, na sequência da evacuação da população forçada pela ocupação alemã, e mais tarde conheceu de perto os efeitos subsequentes da Guerra Fria. É uma marca que atravessa de diversos modos a sua obra, sendo de assinalar, a título de exemplo, que nos anos oitenta Jensen assinou a série documental de oito horas (transmitida em seis programas televisivos) sobre a Segunda Guerra na Finnmark e a reconstrução do norte da Noruega, FINNMARK MELLOM ØST OG VEST / “FINNMARK ENTRE O ORIENTE E O OCIDENTE” (1983/85). Por outro lado, o seu cinema parece ser indissociável do epicentro da paisagem ártica e do seu povo.
Em 1974, quatro anos depois da estreia na realização (com GRETE PÅ KRIKEGÅRD I LENINGRAD APRIL 1970, programado neste Ciclo) a sua terceira obra documental, FARVEL DA, GAMLE KJELVIKFJELL / “ENTÃO ADEUS, VELHO KJELVIRMOUTAIN” (igualmente programado) foi o filme que o “lançou”, abrindo caminho ao seu trabalho posterior. Frequentemente referida como “um poema da e para a Finnmark”, a primeira longa-metragem de ficção de Jensen data de 1993: STELLA POLARIS (distinguido com diversos prémios, a ver na abertura do Ciclo) retrata cerca de 40 anos da história da região a partir das memórias e sonhos de uma mulher e foi o primeiro título de uma trilogia também formada pelos posteriores BRENT AV FROST / “QUEIMADO PELO GELO” e NÅR MØRKET ER FORBI / “PASSANDO A ESCURIDÃO” (como as respetivas notas esclarecem). Centrados no coro masculino da pequena aldeia de Berlevåg (fundado em 1917), e por conseguinte documentado aspectos da vida na Finnmark, a “dupla” HEFTIG OG BEGEISTRET / COOL & CRAZY e HEFTIG OG BEGEISTRET PÅ SANGENS VINGER / COLL & CRAZY ON THE ROAD (2001/02) foi um assinalável êxito internacional, tanto no circuito dos festivais de cinema em que o trabalho de Jensen costuma ser divulgado como em termos de público, na Noruega e internacionalmente. Knut Erik Jensen produziu, realizou, filmou e montou parcialmente cerca de 65 filmes até esta data – como se lê na sua nota biográfica – que refere ainda a apresentação de trabalhos seus em galerias de arte. A sua mais recente exposição intitula-se “24 Imagens por Segundo” e foi mostrada pela primeira vez no Museu de Arte do Norte da Noruega, em Tromsø, em 2010.
O programa agora organizado na Cinemateca privilegia a apresentação das longas-metragens de ficção de Jensen mas também inclui duas sessões de curtas-metragens expressivas do seu trabalho bem como o documental DET AKUTTE MENNESKE. Inéditos comercialmente em Portugal, todos os filmes do programa são primeiras exibições na Cinemateca.

 

Knut Erik Jensen acompanha a apresentação dos seus filmes em Lisboa, em que terá lugar, em ocasião a anunciar, uma conversa sobre a obra do realizador com este e Luís Rocha Antunes, investigador e profundo conhecedor do seu trabalho. A sessão de abertura, com STELLA POLARIS, primeira longa-metragem de ficção de Knut Erik Jensen (1993), tem lugar na sala M. Félix Ribeiro, às 21h30 de 18 de setembro

 
21/09/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Knut Erik Jensen

Brent Av Frost
Queimado pelo Gelo
de Knut Erik Jensen
Noruega, 1997 - 97 min
 
21/09/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Knut Erik Jensen

Nar Mørket Er Forbi
Passando a Escuridão
de Knut Erik Jensen
Noruega, 2000 - 94 min
22/09/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Knut Erik Jensen

Farvel da, Gamle Kjelvikfjell | 200 Kg Pa Stampen | Togo Jensen |
22/09/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Knut Erik Jensen

Grete Pa Krikegard|Leningrad April 1970 | Pia | Kald Verden | Rosornas Vag | Lengsel Etter Natid | Livets Rost
23/09/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Knut Erik Jensen

Heftig Og Begeistret
Cool & Crazy
de Knut Erik Jensen
Noruega, 2001 - 104 min
21/09/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Knut Erik Jensen
Brent Av Frost
Queimado pelo Gelo
de Knut Erik Jensen
com Stig Henrik Hoff, Bengt Altmann, Harald Andersen, Stig R. Andersen
Noruega, 1997 - 97 min
legendado eletronicamente em português | M/12

BRENT AV FROST (BURNT BY FROST) é a “segunda parte” de uma trilogia formada com STELLA POLARIS e NÅR MØRKET ER FORBI. A história constrói-se à volta da personagem de um jovem pescador do norte, Simon, que se torna espião soviético durante o período que medeia entre o pós-Guerra e a queda do muro de Berlim. O filme de Jensen lida com “a memória da política norueguesa – a perceção e a representação equívocas das identidades e subjetividades do norte no quadro de um discurso histórico e político centralizado” (Holger Pötzsch).

21/09/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Knut Erik Jensen
Nar Mørket Er Forbi
Passando a Escuridão
de Knut Erik Jensen
com Stig Henrik Hoff, Snorre Tindberg, Gørild Mauseth
Noruega, 2000 - 94 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Terceira longa-metragem de ficção de Jensen e “capítulo” final da trilogia iniciada em STELLA POLARIS, baseado num romance de Alf R. Jacobsen que justapõe um conto de pescadores e a ocupação nazi da Noruega durante a Segunda Guerra bem como a época contemporânea. No título internacional, PASSING DARKNESS. “Um trabalho acentuadamente experimental, de novo um elogio à paisagem ártica e a sua gente resiliente num filme de grande tensão mas emocionalmente contido” (Deborah Young, Variety).

22/09/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Knut Erik Jensen
Farvel da, Gamle Kjelvikfjell | 200 Kg Pa Stampen | Togo Jensen |
duração total da projeção: 79 min | M/12

FARVEL DA, GAMLE KJELVIKFJELL
“Então Adeus, Velho Kjelvirmoutain”
Noruega, 1974 – 45 min / legendado eletronicamente em português
200 KG PÅ STAMPEN
“Um Bom Arrasto”
Noruega, 1977 – 30 min / sem diálogos
TOGO JENSEN (1904-1983)
Noruega, 2012 – 4 min / sem diálogos
de Knut Erik Jensen

Da fase inicial da filmografia de Knut Erik Jensen, o primeiro filme do alinhamento (internacionalmente conhecido por FAREWELL THEN, OLD KJELVIKMOUTAIN) é um retrato da vida de três homens solteiros numa aldeia piscatória deserta no norte da Noruega, “um dos pontos altos do trabalho cinematográfico de Jensen e um dos mais importantes filmes noruegueses dos anos setenta” (Gunnar Iversen). 200 KG PÅ STAMPEN (A GOOD HAUL) centra-se na atividade da pesca à linha nas imediações da ilha Magerøy na mesma região. TOGO JENSEN (1904-1983) é um retrato do pai do realizador: “O meu pai Togo Jensen passeia-se até ao porto, pesca uns peixes e regressa a casa. Repara redes de peixe e sorri para a câmara” (K.E. Jensen).

22/09/2015, 22h00 | Sala Luís de Pina
Knut Erik Jensen
Grete Pa Krikegard|Leningrad April 1970 | Pia | Kald Verden | Rosornas Vag | Lengsel Etter Natid | Livets Rost
duração total da projeção: 80 min | M/12

GRETE PÅ KRIKEGÅRD I LENINGRAD APRIL 1970
“Grete numa Praça em Leningrado 1970”
Noruega, 1970-2010 – 5 min / sem diálogos
PIA
Noruega, 2012 – 5 min / sem diálogos
KALD VERDEN
“Um Mundo Frio”
Noruega, 1986 – 13 min / sem diálogos
ROSORNAS VÄG
“A Rua das Rosas”
Noruega, 2000 – 28 min / legendado eletronicamente em português
LENGSEL ETTER NÅTID
“À Espera do dia de Hoje”
Noruega, 2011 – 13 min / sem diálogos
LIVETS RØST
“Voz da Vida”
Noruega, 2013 – 16 min / legendado eletronicamente em português
de Knut Erik Jensen

GRETE PÅ KRIKEGÅRD I LENINGRAD APRIL 1970 (GRETE ON A CHURCHYARD IN LENINGRAD APRIL 1970) é a atual versão da primeira obra de Knut Erik Jensen, integrando a exposição “24 Imagens por Segundo”, no Museu de Arte do Norte da Noruega. Originalmente filmado em 8mm é composto pelas imagens de uma mulher a vaguear sozinha numa praça deserta em Leninegrado. PIA é um retrato de um bebé recém-nascido, composto por grandes planos fragmentários a preto e branco. KALD VERDEN é o segundo título de uma trilogia sobre Svalvard (com SVALBARD I VERDEN e MIN VERDEN, de 1983 e 87), que combina uma montagem de imagens do território ártico norueguês banhado pelo oceano glacial ártico, o mar de Barents, o mar da Noruega e o da Gronelândia (o ponto do planeta permanentemente habitado mais próximo do Polo Norte) com música de Cecilie Ore. ROSORNAS VÄG (THE ROAD OF ROSES) evoca uma conturbada história de amor entre uma enfermeira sueca e um prisioneiro de guerra durante a Segunda Guerra. LENGSEL ETTER NÅTID (LONGING FOR TODAY) apresenta-se simultaneamente como uma curta-metragem e o trailer para a longa-metragem homónima: um rapaz e uma rapariga tentam encontrar o seu caminho no futuro depois de uma guerra. LIVETS RØST (VOICE OF LIFE) é uma ficção inspirada no conto homónimo de Knut Hamsun (1903): “Um homem e uma mulher encontram-se e separam-se em Hollywood Boulevard. Conhecem-se, já se encontraram antes? Vão voltar a encontrar-se? O que é o sonho e o que é a realidade?”
 

 

23/09/2015, 18h30 | Sala Luís de Pina
Knut Erik Jensen
Heftig Og Begeistret
Cool & Crazy
de Knut Erik Jensen
com Odd Marino Frantzen, Einar F.L. Strand, Arne Wensel, Kare Wensel
Noruega, 2001 - 104 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Sobre e com o coro masculino de Berlevåg ao longo de quatro estações, COOL & CRAZY é um exemplo deste milénio do trabalho continuado de Knut Erik Jensen no campo dos designados “documentários musicais”. “Filme de culto à espera de um culto, COOL & CRAZY é provavelmente o melhor documentário alguma vez feito sobre os membros de um coro masculino numa minúscula aldeia piscatória norueguesa muito perto do polo norte” (Dave Kehr, The New York Times).