CICLO
Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras


Este programa, concebido por Pedro Marum e Ricke Merighi, tem como eixo central o movimento artístico transnacional do Afrofuturismo, nascido há cerca de vinte anos. A Afrofuturismo é um movimento estético e cultural que aborda os problemas presentes da diáspora negra, critica o seu passado e aponta para o futuro. O trabalho gráfico de Jean-Michel Basquiat e a música e a filosofia de Sun Ra são exemplos seminais do Afrofuturismo. Neste âmbito, o Ciclo insere exemplos significativos do cinema da Blaxploitation, que surge nos Estados Unidos no início dos anos setenta e transforma radicalmente a representação dos negros no cinema: de figuras oprimidas e submissas passam a super-homens, numa representação irónica dos clichés sobre a força física, a violência e o vigor sexual. Como observam Pedro Marum e Ricke Merighi, a figura mais emblemática do Afrofuturismo nos seus começos é a complexa personalidade de Sun Ra, devido à “sua rutura iconográfica com os modelos prevalecentes na época, seja na cena musical do jazz, como no ativismo ‘negro’. Em drag como faraó, deus egípcio, alienígena, ele recordava à juventude ‘negra’ que não, ele não era real. Are you for real? Nenhum deles o podia ser, porque toda a história dos afro-americanos é um irreal e monstruoso horror de ficção científica, do qual só a liberdade do som pode resgatá-los, levando-os para outra realidade.” No decorrer do Ciclo, poderemos ver dois filmes sobre Sun Ra (SPACE IS THE PLACE e SUN RA: THE BROTHER FROM ANOTHER PLANET), o filme que inaugura oficialmente a Blaxploitation (SWEET SWEETBACK’S BAADASSSSS SONG, de Melvin van Peebles), além de dois outros filmes do género, COFFY, com Pam Grier, a sua mais célebre vedeta feminina e CLEOPATRA JONES, outro clássico da Blaxploitation. Também chamamos a atenção para um ensaio sobre o Afrofuturismo (THE LAST ANGEL OF HISTORY, de John Akromfrah) e para um mini-ciclo dedicado a Isaac Julien, com quatro títulos.
Na Sala dos Cupidos, estará patente A PERSON IS MORE IMPORTANT THAN ANYTHING ELSE…, de Hank Willis Thomas, uma instalação de múltiplos canais onde assistimos a um fluxo de imagens e som através dos quais James Baldwin transita, enquanto manifesta as suas preocupações com questões de raça, género, classe e sexualidade. E no dia 9 às 22 horas na ZDB, é apresentado o livro In a Qu*A*re Time and Place. Post-Slavery Temporalities, Blaxploitation, and SunRa’s Afrofuturism between Intersectionality and Heterogeneity, de Tim Stüttgen, um trabalho de grande importância e paixão, “peça fundamental de inspiração para este programa", como assinalam Pedro Marum e Ricke Merighi. Todos os filmes são apresentados pela primeira vez na Cinemateca.
 

 
04/07/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

SPACE IS THE PLACE
de John Coney
Estados Unidos, 1974 - 85 min
 
06/07/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

SPACE IS THE PLACE
de John Coney
Estados Unidos, 1974 - 85 min
06/07/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

SWEET SWEETBACK’S BAADASSSSS SONG
de Melvin van Peebles
Estados Unidos, 1971 - 97 min
06/07/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

CLEOPATRA JONES
de Jack Starret
Estados Unidos, 1973 - 90 min
07/07/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

TONGUES UNTIED
de Marlon Riggs
Estados Unidos, 1989 - 55 min
04/07/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

Em colaboração com o Queer Lisboa
SPACE IS THE PLACE
de John Coney
com Sun Ra, Barbara Deloney, Ray John
Estados Unidos, 1974 - 85 min
legendado eletronicamente em português | M/16

Um filme mítico, por ser o primeiro em que surge, no seu próprio papel, Sun Ra, músico e visionário, que dizia ter vindo de outro planeta. Em SPACE IS THE PLACE é exatamente isto que acontece: Sun Ra e a sua Arkestra voltam à Terra depois de uma longa estadia no espaço sideral. Sun Ra joga às cartas com uma figura sinistra, para “ganhar” a comunidade negra, pois o seu objetivo é transportar toda a comunidade negra americana para outro planeta, que descobrira durante as suas viagens.

06/07/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

Em colaboração com o Queer Lisboa
SPACE IS THE PLACE
de John Coney
com Sun Ra, Barbara Deloney, Ray John
Estados Unidos, 1974 - 85 min
legendado eletronicamente em português | M/16

Um filme mítico, por ser o primeiro em que surge, no seu próprio papel, Sun Ra, músico e visionário, que dizia ter vindo de outro planeta. Em SPACE IS THE PLACE é exatamente isto que acontece: Sun Ra e a sua Arkestra voltam à Terra depois de uma longa estadia no espaço sideral. Sun Ra joga às cartas com uma figura sinistra, para “ganhar” a comunidade negra, pois o seu objetivo é transportar toda a comunidade negra americana para outro planeta, que descobrira durante as suas viagens.

06/07/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

Em colaboração com o Queer Lisboa
SWEET SWEETBACK’S BAADASSSSS SONG
de Melvin van Peebles
com Melvin van Peebles, Simon Chucskter, Hrbert Scales
Estados Unidos, 1971 - 97 min
legendado eletronicamente em português | M/16

Realizado por Melvin van Peebles, um dos primeiros realizadores negros americanos de envergadura, este também é considerado o filme que inaugura a Blaxploitation, embora o seu protagonista não seja um super-homem, como é costume neste género. O filme é uma metáfora das relações entre brancos e negros nos Estados Unidos: um prostituto negro aceita ser testemunha num inquérito policial, mas agride violentamente dois polícias, quando estes espancam um Pantera Negra e foge, com a ajuda de membros da comunidade negra. Música dos Earth, Wind & Fire. A apresentar em cópia digital.

06/07/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

Em colaboração com o Queer Lisboa
CLEOPATRA JONES
de Jack Starret
com Tamara Dobson, Bernie Care, Brenda Sykes
Estados Unidos, 1973 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/16

Realizado no auge da Blaxploitation, que transformou todos os negros em super-homens depois de decénios de racismo, CLEOPATRA JONES tem como protagonista uma agente do FBI (“um metro e oitenta e oito de dinamite”, dizia o cartaz original) que participa da “guerra às drogas”. O filme, por sinal, mostra mais especificamente uma guerra entre mulheres: depois de Cleopatra Jones incendear uma plantação de papoilas (usadas para fabricar ópio) na Turquia, a dona da plantação declara-lhe guerra. A personagem de Cleopatra Jones voltaria à ação dois anos depois em CLEOPATRA JONES AND THE CASINO OF GOLD, mas tanto ela quanto a atriz que a encarna não tardariam a desaparecer.

07/07/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Are You for Real? Uma Viagem Afrofuturista do Blaxploitation às Utopias Queer Visuais e Sonoras

Em colaboração com o Queer Lisboa
TONGUES UNTIED
de Marlon Riggs
com Marlon Riggs, Essex Hemphill, Michael Bell
Estados Unidos, 1989 - 55 min
legendado eletronicamente em português | M/16

Realizado no auge da epidemia da SIDA (que vitimaria o realizador, aos 37 anos), TONGUES UNTIED é um filme militante, que quer demonstrar que “homens negros que amam homens negros é um ato revolucionário”. O filme inclui passagens em que o poeta Essex Hemphill diz trechos da sua poesia e conclui com uma homenagem às vítimas da SIDA e com uma montagem alternada de manifestações pelos direitos cívicos dos anos sessenta e homens negros que desfilam numa gay pride nos anos oitenta. A apresentar em cópia digital.