28/03/2015, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
TOUCH OF EVIL
A Sede do Mal
de Orson Welles
com Charlton Heston, Janet Leigh, Orson Welles, Akim Tamiroff, Marlène Dietrich
Estados Unidos, 1958 – 108 min / legendado em português
DE L’AUTRE CÔTÉ
de Chantal Akerman
França, Bélgica, 2003 – 103 min / legendado eletronicamente em português
A obra que marca o regresso de Orson Welles aos Estados Unidos, dez anos depois de THE LADY FROM SHANGHAI, é uma vertiginosa investida no filme negro, e um angustiante solilóquio sobre o mal. O genial plano-sequência de abertura é um dos melhores da história do cinema, um tour de force inimitável que revela todo o talento do cineasta. Welles, que deve o convite para dirigir TOUCH OF EVIL a Charlton Heston, também domina o filme como intérprete, na figura de um polícia que impõe a sua lei numa cidade de fronteira com o México, fazendo frente a um agente que procura libertar a noiva de um bando de traficantes de droga. E se um dos diálogos de A SEDE DO MAL faz referência a "uma das mais longas fronteiras da Terra. Uma fronteira aberta com muitos quilómetros livres, sem uma única metralhadora", a aludida linha divisória entre o México e os Estados Unidos é representada em DE L’AUTRE CÔTÉ de modo muito distinto. O poderoso documentário que Akerman realizou em 2003, depois do proustiano LA CAPTIVE, aborda a imigração ilegal do México para os EUA, as violentas medidas para a conter, e as tristes histórias de muitos daqueles que perderam a vida a tentar passar para “o outro lado” relatadas pelos seus familiares. Os longos planos-sequência, que oscilam entre a fixidez dos testemunhos e os lentos travellings que acompanham a grande muralha fortificada que separa os dois países, são impressivos no modo como fazem oscilar o filme entre uma dimensão individual e uma realidade mais universal e abstrata.