CICLO
Avant-Garde Austríaca


As duas sessões de cinema austríaco de vanguarda são organizadas em colaboração com a Associação Cultural Rabbit Hole e o Xposed Queer Film Festival Berlin. Em primeiras apresentações na Cinemateca, o programa, de dez curtas-metragens da dita avant-garde austríaca foi concebido por Michael Stütz, programador da Berlinale e diretor do Festival de Cinema Xposed, e é apresentado em duas sessões, estendendo-se ainda a uma instalação na sala 6X2. As notas seguintes baseiam-se em textos preparados pela Rabbit Hole.

 
06/03/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Avant-Garde Austríaca

AVANT-GARDE AUSTRÍACA I
duração total da projeção: 38 min | M/18
 
07/03/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Avant-Garde Austríaca

AVANT-GARDE AUSTRÍACA II
duração total da projeção: 47 min | M/16
06/03/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Avant-Garde Austríaca

Em colaboração com a Associação Cultural Rabbit Hole e Xposed Queer Film Festival Berlim e o apoio da Embaixada da Áustria em Lisboa
AVANT-GARDE AUSTRÍACA I
duração total da projeção: 38 min | M/18
sessão apresentada por Michael Stütz

10/65 SELBSTVERSTÜMMELUNG
“10/65 Automutilação”
de Kurt Kren
Áustria, 1965 – 5 min / mudo, sem texto
MANN & FRAU & ANIMAL
“Homem & Mulher & Animal”
de Valie Export
Áustria, 1970-1973 – 8 min / mudo, sem texto
PRINCE OF PEACE
de Hans Scheugl
Áustria, 1993 – 8 min / sem diálogos
LEZZIEFLICK
de Nana Swiczinsky
Áustria, 2008 – 7 min / sem diálogos
PAROLE ROSETTE
de Katrina Daschner
Áustria, 2012 – 8 min / sem diálogos
ES HAT MICH SEHR GEFREUT
“Foi um Prazer”
de Mara Mattuschka
Áustria, 1987 – 2 min / sem diálogos

O programa reúne seis títulos realizados entre 1965 e 2012, por Kurt Kren, Valie Export, Hans Scheugl, Nana Swiczinsky, Katrina Daschner e Mara Mattuschka. “O que 10/65 SELBSTVERSTÜMMELUNG sublinha é o drama surreal da autodestruição simbólica que Kren triou da ação de [Günter] Brus (…). As lâminas, as tesouras e bisturis são gradualmente inseridas neles numa auto-operação ritual” (Stephen Dwoskin). Valie Export sobre MANN & FRAU & ANIMAL: “Em vez da trindade sagrada: pai, filho, espírito santo; em vez da trindade profana: mãe, família, estado; em vez da trindade social: pai, mãe, crianças, o filme trata da trilogia real em três secções. O que une homem e mulher (não unicamente, é claro, mas o que é escondido) é a história da natureza”. Hans Scheugl sobre PRINCE OF PEACE: “Mudança de realidade em realidade. Mas não me perguntem qual é qual. Sem assunto, sem questões. Cada vez mais perto, gostando de ver. Vendo amorosamente, dançando. Pode dançar ser triste? Ok, sem questões. Um amigo morto.” “[…] No caso de LEZZIEFLICK de Nana Swiczinsky uma relação positiva com o pós-moderno vem ao de cima: aparentemente sem esforço, o filme apresenta os resultados de um fracasso (previsível) na procura de representação das relações eróticas de mulheres no manancial de imagens disponíveis” (Andrea D. Braidt). Em PAROLE ROSETTE, Katrina Daschner usa a performace realizada por um grupo bem preparado de casais queer para encenar um jogo controlado sobre / à volta de convenções sociais e da autodeterminação (sexual), entrelaçado num cenário arquitetonicamente sublime (o Carlo Mollino’s Teatro Regio em Turim). ES HAT MICH SEHR GEFREUT consiste em catorze cenas. Quase todos os filmes de Mara Mattuschka lidam com a escrita e a linguagem, significando isto atacar os sistemas de signos da linguagem, o que é frequentemente feito de forma críptica. “E o nosso velho imperador disse: ‘Obrigado, tem sido muito bom, foi um prazer!” (Mara Mattuschka).
 

07/03/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Avant-Garde Austríaca

Em colaboração com a Associação Cultural Rabbit Hole e Xposed Queer Film Festival Berlim e o apoio da Embaixada da Áustria em Lisboa
AVANT-GARDE AUSTRÍACA II
duração total da projeção: 47 min | M/16
sessão apresentada por Michael Stütz

EROTIQUE
de Peter Tscherkassky
Áustria, 1982 – 2 min / sem diálogos
IRIS
de Maria Lassnig
Áustria, 1971 – 10 min / sem diálogos
MIT MIR
“Comigo”
de Kerstin Cmelka
Áustria, 2000 – 3 min / mudo
BURNING PALACE
de Mara Mattuschka, Chris Haring
Áustria, 2009 – 32 min / falado em inglês, sem legendas

Neste segundo programa, os filmes, realizados entre 1971 e 2009, são de Peter Tscherkassky, Maria Lassnig, Kerstin Cmelka e Chris Haring. Na obra de Tscherkassky pode encontrar-se como linha transversal um jogo que se apresenta filmicamente com diferentes graus de reconhecimento, par se ver o desejo. Em EROTIQUE o olhar prende-se em objetos parciais, nenhum corpo inteiro e integral para pensar. Em IRIS, de Lassnig, corpos de mulheres são apresentados como paisagens eróticas, ambíguas, algumas vezes classicamente barrocas, outras visões cubistas numa reflexão distorcida dependendo do ângulo da câmara e da duração da cena. Finalmente, a carne feminina liberta-se acompanhada por barulhos eletrónicos e, ignorando todas as fronteiras do género, une-se a si mesma em crescimentos cronenberguianos. “MIT MIR, filmado em 16mm e mudo, assemelha-se a obras primordiais e aos seus fantasmas. […] O motivo doppelgänger que está intimamente ligado a experiências sobrenaturais contribui para esta sensação” (Isabelle Reicher). BURNING PALACE, nome de um hotel, segue cinco figuras que se enredam num jogo de insinuações eróticas, mais aparentes do que reais. “Trabalho preciso com o corpo tem raramente encontrado tal contraparte tão densa cinematicamente, como encontra no novo filme de Mattuschka e Haring” (Andrea B. Braidt).