CICLO
Andrea Tonacci


Andrea Tonacci foi um dos protagonistas do designado “Cinema Marginal” dos anos setenta, e alguns seus filmes (BLABLABLA, OLHO POR OLHO, BANG BANG) foram apresentados na Cinemateca em 2012 num Ciclo designado “O Cinema Marginal Brasileiro e as suas Fronteiras”. Nascido em Itália em 1944, Tonacci radicou-se no Brasil onde chegou aos 11 anos e foi em meados dos anos sessenta que se estreou como realizador, com OLHO POR OLHO, BLÁ, BLÁ, BLÁ (1965/68), antecedendo a primeira experiência de longa-metragem, o icónico BANG-BANG (1970, apresentado na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes). O cinema documental interessá-lo-ia a partir do final dessa década, focando-se especialmente o seu trabalho nas culturas indígenas americanas, como atestam filmes como CONVERSAS DO MARANHÃO e o mais recente SERRAS DA DESORDEM, agora programados, mas também GUARANIS DO ESPÍRITO SANTO (1979) ou OS ARARA (1981).

 
25/03/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Andrea Tonacci

TATAKOX – ALDEIA VILA NOVA | JÁ VISTO JAMAIS VISTO
duração total da sessão: 75min | M/12
 
25/03/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Andrea Tonacci

SERRAS DA DESORDEM
de Andrea Tonacci
Brasil, 2006 - 135 min | M/12
26/03/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Andrea Tonacci

CONVERSAS NO MARANHÃO
de Andrea Tonacci
Brasil, 1977-83 - 120 min / | M/12
25/03/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Andrea Tonacci

Em colaboração com os Encontros Cinematográficos do Fundão
TATAKOX – ALDEIA VILA NOVA | JÁ VISTO JAMAIS VISTO
duração total da sessão: 75min | M/12
com a presença de Andrea Tonacci

TATAKOX – ALDEIA VILA NOVA
de Comunidade Maxakali Aldeia Nova do Pradinho
Brasil, 2009 – 21min
JÁ VISTO JAMAIS VISTO
de Andrea Tonacci
Brasil, 2013 – 54 min

Produzido e realizado pela Comunidade Maxakali Aldeia Nova do Pradinho, TATAKOX apresenta-se assim: “Quando as mulheres sentem saudade das suas crianças que morreram pequenas, os Tatakox vão buscá-las e trazem-nas às aldeias para que as mães as vejam. Depois, no mesmo dia, os meninos vivos da aldeia são levados por suas mães pelos espíritos para ficar na casa dos homens e aprender”. O segundo filme da sessão pode referir-se, diz a sinopse, como um diálogo entre as memórias de um autor e as imagens que foi guardando e filmando. “JÁ VISTO JAMAIS VISTO termina com a forte declamação de um trecho de O Desprezo (1954), de Alberto Moravia, o mesmo livro adaptado por Godard em 1963, cuja vulgaridade, ambientada no métier audiovisual, nos é, infortunadamente, por demais familiar” (Dalila Martins). Primeiras exibições na Cinemateca.
 

25/03/2015, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Andrea Tonacci

Em colaboração com os Encontros Cinematográficos do Fundão
SERRAS DA DESORDEM
de Andrea Tonacci
Brasil, 2006 - 135 min | M/12
com a presença de Andrea Tonacci

“Para além de seu caráter ensaístico, como proposta estética SERRAS DA DESORDEM é uma experiência arrebatadora, um verdadeiro OVNI na atual produção cinematográfica brasileira. Sua mistura singular entre o registo documental e ficcional, a utilização dos próprios personagens na reencenação de sua história (ecos tardios de Robert Flaherty?), os planos sequência dilatados no registo da vida primitiva, as sequências de montagem e sobreposições de imagens, tudo colabora para uma experiência de imersão nesse registo audiovisual. Trinta e cinco anos após BANG BANG, Tonacci nos mostra a mesma inquietude e fascínio pela experiência. O cinema brasileiro precisava mesmo – e agradece” (Leonardo Mecchi). Primeira exibição na Cinemateca.

26/03/2015, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Andrea Tonacci

Em colaboração com os Encontros Cinematográficos do Fundão
CONVERSAS NO MARANHÃO
de Andrea Tonacci
Brasil, 1977-83 - 120 min / | M/12
com a presença de Andrea Tonacci

Foi rodado em 1977 e concluído em 83. Foi em 77 que Tonacci iniciou uma série de projetos sobre comunidades indígenas em que percorreu, para além do Brasil, os Estados Unidos, o México, o Peru e a Bolívia. A eles pertencem OS ARARA (1981/83) e CONVERSAS NO MARANHÃO. “Se OS ARARA é uma espécie de cinediário, CONVERSAS NO MARANHÃO seria uma espécie de carta coescrita entre Tonacci e os Timbira, em que eles mostrariam um pouco do que são – do que fazem, de como vivem, de como falam, de onde habitam – e reivindicariam para o governo uma demarcação mais honesta de suas terras. O regime de coautoria aparece aqui em toda sua força: à tribo cabe a escolha do ‘o quê’, aquilo que vai estar no filme e sua função principal (a reivindicação por uma nova demarcação de terras), enquanto a Tonacci cabe exclusivamente a magia da mise-en-scène, realizada aqui não a partir de enquadramentos e movimentos de câmaras, mas da distância estabelecida entre sentido do filme e espectador. É nesse momento que, para os índios, o filme é uma coisa (um instrumento), e para os brancos – a quem, conscientemente, Tonacci dirige seu filme – é outra: uma tentativa de olhar para si mesmo mais do que para o outro, uma contradevoração do olhar, um processo, enfim, de aprendizagem. Não uma antropologia, mas uma autoscopia” (Ruy Gardnier). Primeira exibição na Cinemateca.