CICLO
In Memoriam Ennio Morricone


No princípio de Julho passado extinguiu-se, aos 91 anos, Ennio Morricone. Quase dispensa apresentações, na verdade: era possivelmente o mais popular e mais conhecido dos compositores para cinema que alguma vez existiram, familiar mesmo junto de quem só conhecesse uma ínfima parte da sua filmografia. A extensão do seu trabalho para cinema impressiona: foram mais de quatrocentos os filmes em que colaborou, numa actividade iniciada em 1960. Como impressiona que Morricone tenha tido tempo para, à margem dessa já de si frenética actividade, desenvolver uma carreira autonóma como músico e compositor, pautada por inúmeras colaborações com músicos das mais diversas áreas (da música erudita à música pop, passando pelo jazz) e das mais diversas gerações. Algumas das partituras de Morricone tornaram-se tão ou mais conhecidas do que os filmes para que foram compostas, sendo certo que nalguns casos é impossível dissociar o filme e a música – caso evidente das suas colaborações com Sergio Leone nalguns dos mais emblemáticos western-spaghetti de sempre. Mas também impressiona, dentro dessa gigantesca filmografia, a variedade: Morricone trabalhou com todo o tipo de cineastas, em todo o tipo de filmes, dos mais populares aos mais marginais, em Itália e para lá das fronteiras do seu país natal, e sobretudo a partir dos anos 70 era regularmente chamado por Hollywood (nomeadamente por Brian de Palma, um dos realizadores com quem Morricone mais gostou de trabalhar, e mais recentemente por Quentin Tarantino, cujo THE HATEFUL EIGHT propiciou ao compositor, finalmente, a conquista de um oscar, em 2016). Uma “integral Morricone” quase seria uma pequena história do cinema dos últimos sessenta anos. Morricone nunca tinha sido objecto de nenhum programa na Cinemateca e por isso este ciclo com que evocamos a sua memória tenta dar conta da diversidade do seu trabalho como compositor de música para cinema, e onde tanto há lugar para filmes muito conhecidos (ficaram de fora duas das suas mais importantes colaborações com Leone - C’ERA UNA VOLTA... IL WEST e ONCE UPON A TIME IN AMERICA - por razões que se prendem com a sua longa duração no contexto da pandemia e  do tempo necessário à higienização das salas) como para preciosidades a descobrir. Uma amostra significativa do seu talento, do seu ecletismo, e da indelével marca que deixou na história do cinema.
 
17/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Ennio Morricone

La Resa Dei Conti
de Sergio Sollima
Itália/Espanha, 1966 - 110 min
 
18/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Ennio Morricone

Days of Heaven
Dias do Paraíso
de Terrence Malick
Estados Unidos, 1978 - 93 min
19/09/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Ennio Morricone

The Thing
Veio do Outro Mundo
de John Carpenter
Estados Unidos, 1982 - 108 min
19/09/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Ennio Morricone

White Dog
de Samuel Fuller
Estados Unidos, 1982 - 89 min
21/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Ennio Morricone

Il Gatto a Nove Code
O Gato das Sete Vidas
de Dario Argento
Itália/França/RFA, 1971 - 111 min
17/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Ennio Morricone
La Resa Dei Conti
de Sergio Sollima
com Lee van Cleef, Tomas Milian, Walter Barnes
Itália/Espanha, 1966 - 110 min
legendado eletronicamente em português | M/12
LA RESA DEI CONTI é um western-spaghetti que passou algo despercebido na época de estreia mas que hoje tem muito boa gente a defendê-lo como um dos cumes do género. Com argumento de Sollima em colaboração com Sergio Donati (que viria a escrever alguns dos mais celebrados filmes de Sergio Leone e do western-spaghetti, como C'ERA UNA VOLTA... IL WEST), é uma história de perseguição e enganos (van Cleef, um caçador de prémios, persegue o suposto raptor de uma miúda adolescente, mas tudo é mais complicado do que as aparências) que faz jus ao negrume e à frieza das principais declinações italianas do western. Primeira exibição na Cinemateca. A apresentar em cópia digital.

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18/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Ennio Morricone
Days of Heaven
Dias do Paraíso
de Terrence Malick
com Richard Gere, Brooke Adams, Sam Shepard, Linda Man, Robert Wilke
Estados Unidos, 1978 - 93 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Segundo filme de Malick, feito com o mesmo rigor “documental” do primeiro (BADLANDS), e possuído de um lirismo na descrição da vida dos camponeses e do trabalho nas grandes quintas no Texas no começo do século passado (marcado também pela introdução da nova maquinaria) que evoca simultaneamente a pintura de Grant Wood e os filmes clássicos do género, de King Vidor (OUR DAILY BREAD) ou de John Ford (GRAPES OF WRATH). Mas as paixões proibidas atravessam o filme e subvertem a “pastoral”, transformando-a num ritual de violência e erotismo. A apresentar em cópia digital.

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19/09/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Ennio Morricone
The Thing
Veio do Outro Mundo
de John Carpenter
com Kurt Russell, A. Wilford Brimley, Richard Dysart, Richard Masur, Donald Moffat
Estados Unidos, 1982 - 108 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Nova versão do filme de Hawks-Nyby, THE THING FROM ANOTHER WORLD, para o qual John Carpenter trouxe a panóplia da tecnologia moderna para os sofisticados efeitos especiais, o nec plus ultra do género até então. A versão de Carpenter é mais fiel à história original - Who Goes There, de John W. Campbell -, sobre o combate de um grupo de cientistas contra um extraterrestre mutante numa estação polar. A apresentar em cópia digital.

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19/09/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Ennio Morricone
White Dog
de Samuel Fuller
com Kristy McNichol, Paul Winfield, Burl Ives
Estados Unidos, 1982 - 89 min
legendado em espanhol e eletronicamente em português | M/12
O último filme que Samuel Fuller realizou no quadro de um grande estúdio (a Paramount). WHITE DOG é uma parábola sobre o racismo, centrada num cão treinado para atacar gente de pele negra. Os executivos da Paramount tiveram receio de matéria tão sensível e optaram por não estrear o filme em sala. Nalguns países europeus (não em Portugal) foi distribuído comercialmente, mas na América só teve exibições televisivas (provavelmente em horários “mortos”). A difícil visibilidade do filme, juntamente com a “má fama” de Fuller (ainda o anátema de Sadoul), alimentou alguns mitos: há quem, sem o ter visto, acredite que WHITE DOG é um filme racista. Não é, é o oposto disso.

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21/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Ennio Morricone
Il Gatto a Nove Code
O Gato das Sete Vidas
de Dario Argento
com James Franciscus, Karl Malden, Catherine Spaak
Itália/França/RFA, 1971 - 111 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Segundo filme de Dario Argento, e segundo filme da sua “trilogia dos animais” (depois de L'UCELLO DALLE PIUME DI CRISTALLO), IL GATTO A NOVE CODE foi também, graças ao seu sucesso no box-office americano, um passo importante na afirmação do cineasta italiano. Na afirmação dele e na consolidação da sua pessoalíssima abordagem do “giallo”, onde a intriga de carácter policial surge repleta de insinuações históricas e psicanalíticas, contribuindo para um ambiente que é, ao mesmo tempo, muito realista e muito permeável aos simbolismos sobrenaturais e onde a música de Ennio Morricone joga um decisivo papel. Primeira exibição na Cinemateca. A apresentar em cópia digital.

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