CICLO
História Permanente do Cinema Português


Em março fazemos nova interrupção dos temas que têm sido tratados nesta rubrica para dar a ver mais um exemplo do trabalho de recuperação do laboratório da Cinemateca. Penúltima obra de Armando de Miranda e última produzida em Portugal (quando o realizador tinha entretanto passado a viver no Brasil), O CANTOR E BAILARINA tonara-se há muito obra invisível, mercê da inexistência de uma única cópia passível de projeção. Neste caso, porém, e ao contrário de vários outros títulos de Miranda, os negativos originais de imagem e de som foram depositados na Cinemateca, permitindo a recuperação. Depois de anos de espera, chegou então a vez de ser trabalhado, no âmbito de um programa de tiragem de cópias guiado pelo princípio de que nenhum título do cinema português que seja recuperável pode ficar confinado às prateleiras do arquivo.
 
 
20/03/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo História Permanente do Cinema Português

O Cantor e a Bailarina
de Armando de Miranda
Portugal, 1960 - 97 min | M/12
 
20/03/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
História Permanente do Cinema Português
O Cantor e a Bailarina
de Armando de Miranda
com Nancy Rinaldi, Domingos Marques, Otell Dilalia Zeloni, Manuel Dantos Carvalho, Leónia Mendes
Portugal, 1960 - 97 min | M/12
Realizador muito ativo em toda a década de quarenta, Armando de Miranda ficou para sempre associado ao grande sucesso popular de CAPAS NEGRAS (1947), que grandemente deveu (ou, para muitos, “tudo” deveu…) a Amália e ao momento especialíssimo que atravessava a sua carreira. Poucos anos depois disso, e mesmo se entretanto tinha assinado mais três “longas”, o seu percurso interrompia-se e Miranda instalava-se no Brasil, sem estrear qualquer filme na década seguinte. Foi de lá, então, que regressou pontualmente para rodar esta comédia musical de alguma ambição, muito feita, aliás, a pensar nos trunfos que trazia desse país e na vontade de seduzir o seu mercado. Mais do que numa qualquer mínima sofisticação narrativa, o romance do cantor (português) e da bailarina (brasileira) apostava no modo como eram fotografadas as paisagens urbanas dos dois lados do Atlântico (com tomadas de vista no Rio e em São Paulo), na mistura de atores e nos cruzamentos entre os dois universos musicais. Por aqui, exibido num tempo de transição (a viragem dos anos cinquenta para os anos sessenta do cinema português) depressa se perdeu o seu rasto, pelo que, de novo, surge a pergunta: o que nele podemos ver hoje? Primeira exibição na Cinemateca.