CICLO
70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)


Aos 35 filmes que compuseram a primeira parte deste Ciclo – 35 “histórias da história da Cinemateca” – juntamos agora outros 35, colhidos num universo bastante diverso – são “35 histórias do cinema contemporâneo”. Simbolicamente, a opção é fácil de explicar: nem pelas características “museológicas” da sua programação, afinal típicas da programação de qualquer cinemateca que se entenda como um “museu do cinema”, a Cinemateca Portuguesa tem dispensado, ao longo da sua existência, uma atenção e uma abertura ao cinema conjugado no presente, ao cinema que ainda se está a fazer (por oposição ao “cinema que já foi feito”), às obras ainda em aberto – em suma, e muito resumidamente, àquilo que constitui o “cinema contemporâneo”. E é esse o âmbito deste programa, ou desta segunda parte do programa: cinema ainda a fazer-se, obras em aberto.
Em rigor, e atestando algo do que foi dito no parágrafo supra, algumas destas “histórias” também já são “histórias da história da Cinemateca” – porque em vários casos são obras que têm merecido a atenção destas salas, e especialmente porque nalguns deles essa atenção se consubstanciou mesmo em retrospetivas com um certo fôlego (casos, por exemplo, de Lisandro Alonso e de Eugène Green, realizadores que já por aqui passaram, em pessoa, apresentando e comentando os seus filmes). Mas, mais do que apenas recapitulação de matéria dada, o Ciclo propõe-se como um percurso por alguns pontos importantes do cinema dos nossos dias, com todo o inerente potencial de revelação que esse percurso comporta. Não se trata de um “top”, e convém insistir nisso, não se trata de apresentar “os 35 mais qualquer coisa”, nem sequer são “os 35 mais conhecidos ou reconhecidos cineastas da atualidade” (deixámos cuidadosamente de fora os grandes pesos pesados em atividade, dos Scorseses aos Godards ou aos Morettis). São, apenas, 35 obras que tem valido a pena seguir e a que continua a valer a pena prestar atenção, muito para lá dos “holofotes” (da crítica, dos festivais, do impacto comercial) que as iluminam, 35 histórias do cinema contemporâneo que vale a pena contar, com que é importante contar.
 
 
28/01/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo 70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)

De Bruit et de Fureur
de Jean-Claude Brisseau
França, 1988 - 95 min
 
28/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)

Bam Gua Nat
Noite e Dia
de Hong Sang-soo
Coreia do Sul, 2008 - 139 min
29/01/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)

Go Get Some Rosemary
Vão-me Buscar Alecrim
de Ben Safdie, Joshua Safdie
Estados Unidos, França, 2009 - 96 min
29/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)

O Futebol
de Sérgio Oskman
Espanha, Brasil, 2015 - 70 min | M/12
30/01/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)

Kinatay
de Brillante Mendoza
Filipinas, 2009 - 105 min
28/01/2019, 18h30 | Sala Luís de Pina
70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)
De Bruit et de Fureur
de Jean-Claude Brisseau
com Bruno Cremer, François Négret, Fabienne Babe
França, 1988 - 95 min
legendado eletronicamente em português | M/14
Um dos mais poderosos filmes de Jean-Claude Brisseau, que por si só bastaria para atestar a grandeza do cineasta. Como em tantos momentos desta obra, trata-se de um grande choque (cinematográfico) entre o realismo e um universo mágico ou mítico. O realismo é o dos subúrbios de uma grande cidade francesa, um liceu cheio de adolescentes problemáticos (que colhe na experiência pessoal de Brisseau, que foi professor de liceu antes de se tornar cineasta), famílias caóticas em bairros degradados. A “magia” e o “mito” entram pela força dos “seres” que entram em diálogo com as personagens, assim criando um “compartimento” paralelo ao mundo reconhecível, capaz de evacuar todo o discurso de tipo “sociológico”. Filme extraordinário. Primeira exibição na Cinemateca.
 
28/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)
Bam Gua Nat
Noite e Dia
de Hong Sang-soo
com Kim Young-Ho, Park Eun-Hye
Coreia do Sul, 2008 - 139 min
legendado em português | M/12
Oitava longa-metragem de Hong Sang-soo, NOITE E DIA troca a Coreia por Paris, cidade onde o protagonista se vem refugiar depois de ter sido apanhado a fumar marijuana e ficar com a polícia coreana no seu encalço. Mas se é Paris o cenário, tudo se passa entre coreanos, num ambiente “100% Hong Sang-soo”, construído a partir da volatilidade emocional das suas personagens, das suas ânsias amorosas, das suas idiossincrasias e, obviamente, das suas fraquezas. Toda a graça característica do realizador coreano num dos seus filmes mais ricos e divertidos (e também aquele que o revelou ao circuito comercial português). Primeira exibição na Cinemateca.
 
29/01/2019, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)
Go Get Some Rosemary
Vão-me Buscar Alecrim
de Ben Safdie, Joshua Safdie
com Ronald Bronstein, Sean Williams, Eléonore Hendricks
Estados Unidos, França, 2009 - 96 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Hoje já consagrados, de certa forma, na indústria de cinema mundial (o último filme, GOOD TIME, foi escolhido para a competição oficial do Festival de Cannes, com Robert Pattinson a liderar o elenco), os irmãos Ben e Joshua Safdie fariam, com GO GET SOME ROSEMARY (também conhecido como DADDY LONGLEGS), um dos filmes independentes do cinema norte-americano mais marcantes do século XXI (e vencedor, a nível nacional, do prémio de melhor filme no IndieLisboa 2010). Projecionista num cinema de bairro nova-iorquino, Lenny toma conta dos seus dois filhos nas duas únicas semanas de custódia que tem sobre eles, dando início a uma sucessão de eventos surrealistas, perigosos, e inconscientes, entre o seu papel de pai e de amante, cuja total irresponsabilidade, incompreendida e condenada no mundo adulto, vê-se ancorada, pelos seus filhos, graças ao universo e a sensibilidade da infância. Primeira exibição na Cinemateca.
 
29/01/2019, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)
O Futebol
de Sérgio Oskman
Espanha, Brasil, 2015 - 70 min | M/12
Partindo da sua relação e distância com o pai, o realizador Sérgio Oskman realizou um documentário semiautobiográfico sobre as relações entre pai e filho no contexto da organização do Campeonato do Mundo de 2014, realizado no Brasil. Sérgio filma não apenas um reencontro de família, após largos anos de separação, como o estado de sítio de um país inteiro que vive e sofre (sobretudo) fora dos estádios com a ficção de um jogo e o destino emocional de uma nação. Desporto e relações de sangue cruzam-se, na proximidade e distância entre pai e filho e o caminho incerto de um país, num dos documentários mais aclamados do cinema brasileiro dos últimos anos. Primeira exibição na Cinemateca.
 
30/01/2019, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos, 70 Filmes 2ª Parte: 35 Histórias do Cinema Contemporâneo (I)
Kinatay
de Brillante Mendoza
com Mercedes Cabral, Julio Diaz, Jhong Hilario
Filipinas, 2009 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/16
Um cineasta pegou nas ruas de Malina e fez delas um lugar de cinema a céu aberto, preso às convulsões da terra, ao tremor do vento, e aos dramas sociais e emocionais das suas personagens, perdidas entre a criminalidade, o pecado e um desejo que se destapa, aos poucos, tal como a câmara de Mendoza se imiscui, pelas suas vidas, seguindo os seus traços de clandestinidade. KINATAY, história de um polícia convertido em assassino, foi uma das sensações do Festival de Cannes (valeu-lhe o prémio de Melhor Realizador na competição oficial) e antecederia LOLA, filme estreado nas salas portuguesas, no ano seguinte, e que revelou, também ele, um olhar selvagem e lírico (herdeiro tanto de uma certa tradição clássica de Hollywood como do universo televisivo das Filipinas) sem correspondência no cinema contemporâneo. Primeira exibição na Cinemateca.