CICLO
Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes


Henri-Georges Clouzot (1907-1977) é uma das figuras mais célebres do período clássico do cinema francês, realizador de obras como LE SALAIRE DE LA PEUR e LES DIABOLIQUES. O seu nome esteve mais de uma vez envolvido em polémicas. A primeira surgiu no fim da Segunda Guerra Mundial, quando foi acusado de colaboração indireta com as forças de ocupação alemãs, devido à autêntica obra-prima que é LE CORBEAU, de 1943, um filme sobre denúncias anónimas, que é uma nítida condenação do trabalho dos “colaboracionistas”. Como outros, o filme foi produzido em França pela empresa alemã Continental, com a qual Clouzot aceitara trabalhar, o que lhe valeu uma interdição temporária de filmar em 1945. Clouzot também adquiriu a reputação de ser extremamente brutal durante as rodagens, onde fazia “reinar o terror”, particularmente entre os atores. Por tudo isso, nos anos cinquenta, viria a ser uma das vítimas de predileção do grupo de jovens críticos dos Cahiers du Cinéma, que o atacariam de maneira sistemática, o que sem dúvida prejudicaria a sua carreira: um projeto deste período, o documentário LE CHEVAL DES DIEUX, foi abandonado e, nos anos sessenta, depois de LA VÉRITÉ, com Brigitte Bardot (o papel preferido da vedeta) e de L’ENFER, cuja rodagem foi abandonada, realizaria documentários para a televisão sobre o trabalho de Herbert von Karajan, num total de cinco. Depois de uma última longa-metragem de ficção, LA PRISIONNIÈRE, em 1968, não mais voltaria a filmar. Clouzot realizou com mão de mestre filmes criminais e thrillers, como L’ASSASSIN HABITE AU 21, LE CORBEAU, QUAI DES ORFÈVRES e LES DIABOLIQUES (todos programados neste Ciclo), géneros em que França tem uma rica filmografia e que lhe garantem um lugar de relevo no panorama do cinema clássico. Também se aventurou por formas mais ousadas e originais, como em LE MYSTÈRE PICASSO, em que vemos o pintor a trabalhar “em direto”. Os dois aspectos estão presentes nesta retrospetiva em que podemos ver e rever o essencial da sua obra, além do raro MANON e do acréscimo da reconstituição do inacabado L’ENFER. Longe de polémicas de um passado remoto, estes oitos filmes permitirão aos espectadores reavaliarem a qualidade de uma obra que tem uma marca muito pessoal.
 
 
06/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

L’Enfer d’Henri-Georges Clouzot
de Henri-Georges Clouzot, Serge Bromberg
França, 1964-2009 - 102 min
 
08/10/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

Quai des Orfèvres
O Crime da Avenida Foch
de Henri-Georges Clouzot
França, 1947 - 105 min
09/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

L’Assassin Habite au 21
de Henri-Georges Clouzot
França, 1942 - 82 min
10/10/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

L’Enfer d’Henri-Georges Clouzot
de Henri-Georges Clouzot, Serge Bromberg
França, 1964-2009 - 102 min
10/10/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

Le Corbeau
de Henri-Georges Clouzot
França, 1943 - 93 min
06/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

Em colaboração com o Institut Français Portugal e a 18ª Festa do Cinema Francês
L’Enfer d’Henri-Georges Clouzot
de Henri-Georges Clouzot, Serge Bromberg
com Romy Schneider, Serge Reggiani, Catherine Allégret
França, 1964-2009 - 102 min
legendado eletronicamente em português | M/12
L’ENFER foi um projeto ambicioso e gorado de Clouzot. O argumento de Clouzot (que seria retomado por Claude Chabrol no seu próprio L’ENFER, de 1994) centra-se nos terríveis ciúmes de um hoteleiro casado com uma mulher mais jovem. Influenciado pelo trabalho de Victor Vasarely, Clouzot criou algumas imagens psicadélicas para transmitir os pesadelos do homem. Mas depois de diversas peripécias, a rodagem foi abandonada, naquela que foi sem dúvida a maior frustração profissional do realizador. 35 anos depois, o colecionador e distribuidor Serge Bromberg convenceu a última viúva de Clouzot a ceder-lhe o material, para que o filme fosse reconstituído, na medida do possível. Primeira exibição na Cinemateca.
 
08/10/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

Em colaboração com o Institut Français Portugal e a 18ª Festa do Cinema Francês
Quai des Orfèvres
O Crime da Avenida Foch
de Henri-Georges Clouzot
com Louis Jouvet, Suzy Delair, Bernard Blier, Charles Dullin
França, 1947 - 105 min
legendado em português | M/12
Este é, justificadamente, um dos filmes mais célebres e amados de Clouzot. Clássico do cinema policial francês, QUAI DES ORFÈVRES situa-se no meio do teatro de revista, do qual uma vedeta é suspeita do homicídio de um velho libidinoso. Magnífica criação do ambiente do mundo do teatro de revista, com as suas personagens secundárias, presença perfeita de Suzy Delair (a canção Avec son tralala… tornou-se um êxito) e um Louis Jouvet simplesmente extraordinário, no papel de um comissário de polícia tão cabotino e tão eficiente quanto o ator.
 
09/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

Em colaboração com o Institut Français Portugal e a 18ª Festa do Cinema Francês
L’Assassin Habite au 21
de Henri-Georges Clouzot
com Pierre Fresnay, Suzi Delair, Jean Tissier, Nöel Roquevert
França, 1942 - 82 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Filmado durante a ocupação alemã, L’ASSASSIN HABITE AU 21 marca o verdadeiro arranque da carreira de Henri-Georges Clouzot, depois de dois filmes de que fora correalizador. Baseado num romance do célebre autor de livros policiais André Steeman, que também seria adaptado na Argentina por Carlos Hugo Christensen, trata-se de um filme criminal, um “whodunnit” tipicamente francês, ambientado em grande parte numa pensão, muito bem temperado com doses de humor e erotismo. Excelentes desempenhos de Pierre Fresnay e da injustamente subvalorizada Suzy Delair. A apresentar em cópia digital.
 
10/10/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

Em colaboração com o Institut Français Portugal e a 18ª Festa do Cinema Francês
L’Enfer d’Henri-Georges Clouzot
de Henri-Georges Clouzot, Serge Bromberg
com Romy Schneider, Serge Reggiani, Catherine Allégret
França, 1964-2009 - 102 min
legendado eletronicamente em português | M/12
L’ENFER foi um projeto ambicioso e gorado de Clouzot. O argumento de Clouzot (que seria retomado por Claude Chabrol no seu próprio L’ENFER, de 1994) centra-se nos terríveis ciúmes de um hoteleiro casado com uma mulher mais jovem. Influenciado pelo trabalho de Victor Vasarely, Clouzot criou algumas imagens psicadélicas para transmitir os pesadelos do homem. Mas depois de diversas peripécias, a rodagem foi abandonada, naquela que foi sem dúvida a maior frustração profissional do realizador. 35 anos depois, o colecionador e distribuidor Serge Bromberg convenceu a última viúva de Clouzot a ceder-lhe o material, para que o filme fosse reconstituído, na medida do possível. Primeira exibição na Cinemateca.
 
10/10/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Henri-Georges Clouzot em Oito Filmes

Em colaboração com o Institut Français Portugal e a 18ª Festa do Cinema Francês
Le Corbeau
de Henri-Georges Clouzot
com Pierre Fresnay, Ginette Larquey, Micheline Francey
França, 1943 - 93 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O mais célebre e discutido filme francês produzido durante a ocupação alemã. O cenário é uma cidade de província onde começam a circular cartas anónimas, com denúncias. A intriga e as acusações alargam-se a pouco e pouco, criando um clima de insegurança e medo. Este filme terrivelmente pessimista, construído com grande inteligência, baseado num facto real dos anos vinte, pode ser visto como uma denúncia do colaboracionismo francês durante a ocupação alemã. Talvez por isso, nos ajustes de contas que se seguiram à guerra, foi considerado “antifrancês” e proibido, bem como Clouzot e o seu argumentista foram proibidos de trabalhar em cinema por algum tempo. A apresentar em cópia digital.