CICLO
Lubitsch Americano


A integral da obra americana de Ernst Lubitsch vem de março, retomando, em segunda projeção, o último título da sua filmografia (THAT LADY IN ERMINE, concluído por Preminger), mas para recuar, agora, aos primeiros Lubitsch em Hollywood do período mudo, os hoje pouco vistos títulos dos anos vinte (ROSITA, THE MARRIAGE CIRCLE, THREE WOMEN, SO THIS IS PARIS, ETERNAL LOVE…), ao seu primeiro “talkie” (THE LOVE PARADE) e a um dos mais famosos títulos da década de trinta (THE SMILING LIEUTENANT).
Assente num elaborado trabalho de mise-en-scène, em que são fundamentais a dramaturgia, a disposição dos elementos num espaço sacudido pela temporalidade do ritmo cinematográfico, de que as elipses são um exemplo claro, e em que a circulação é a grande figura, o cinema de Lubitsch pauta-se pela séria ligeireza do seu inconfundível estilo. A sua sofisticação, elegância, subtileza, poder de sugestão e de deriva, a capacidade de surpreender nos mais e nos menos esperados dos instantes, foram sendo apurados ao longo dos anos vinte e depurados a partir deles. Desde que começou a realizar filmes, na Alemanha, em 1918, Lubitsch confrontou experimentalmente a linguagem cinematográfica encarando a dimensão dramática do cinema como indissociável da sua expressão formal.
 
01/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

The Marriage Circle
Os Perigos do Flirt
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1924 - 92 min
 
03/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

That Lady in Ermine
A Dama de Arminho
de Ernst Lubitsch, Otto Preminger
Estados Unidos, 1948 - 89 min
 
03/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

Bluebeard’s Eighth Wife
A Oitava Mulher do Barba Azulr
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1938 - 83 min
04/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

To Be or Not to Be
Ser ou Não Ser
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1942 - 95 min
04/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

Three Women
Mulher, Guarda o teu Coração
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1924 - 80 min
01/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
The Marriage Circle
Os Perigos do Flirt
de Ernst Lubitsch
com Florence Vidor, Monte Blue, Marie Prevost, Creighton Hale, Adolphe Menjou
Estados Unidos, 1924 - 92 min
mudo, intertítulos em inglês legendados em português | M/12
Com acompanhamento ao piano por Bruno Schvetz
Foi o primeiro dos cinco “filmes de costumes” feitos em três anos para a Warner Brothers (a THE MARRIAGE CIRCLE acrescem THREE WOMEN, o “perdido” KISS ME AGAIN, LADY WINDERMERE’S FAN, SO THIS IS PARIS), em que Lubitsch assinou ainda FORBIDDEN PARADISE, por cedência do estúdio à Famous Players-Lasky. Realizado já depois de Lubitsch ter visto A WOMAN OF PARIS, de Chaplin (1923), que muito o influenciou, THE MARRIAGE CIRCLE é tido como o filme que marcou o reconhecimento oficial do “Lubitsch touch”, revelando um estilo que na própria época houve quem considerasse como um novo marco no cinema, na sofisticação da mise-en-scène, no ritmo e nos subentendidos maliciosos. Uma comédia conjugal de enganos, trocas, rodopios, volte faces de último minuto, que é uma autêntica caixinha de surpresas. Em 1932, Lubitsch volta a THE MARRIAGE CIRCLE para um “remake”: ONE HOUR WITH YOU.
 
03/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
That Lady in Ermine
A Dama de Arminho
de Ernst Lubitsch, Otto Preminger
com Betty Grable, Cesar Romero, Douglas Fairbanks Jr.
Estados Unidos, 1948 - 89 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Lubitsch morreu antes de completar este filme (o segundo a cores da sua filmografia) e Otto Preminger levou o trabalho a termo, embora o genérico credite apenas Lubitsch. Muito mais próximo de HEAVEN CAN WAIT do que das comédias sofisticadas que o realizador alemão fizera na América nos anos trinta, embora adaptando uma opereta dos anos vinte e representando o seu regresso ao musical (THE MERRY WIDOW fora o último capítulo, em 1934), THAT LADY IN ERMINE é uma extravagância, com personagens que levantam voo e uma condessa a sair de um quadro renascentista para vir dar conselhos a Betty Grable (na personagem que Lubitsch imaginou primeiro na pele de Irene Dunne e de Jeanette MacDonald).
 
03/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
Bluebeard’s Eighth Wife
A Oitava Mulher do Barba Azulr
de Ernst Lubitsch
com Gary Cooper, Claudette Colbert, Edward Everett Horton, David Niven
Estados Unidos, 1938 - 83 min
legendado em francês e eletronicamente em português | M/12
Com argumento de Billy Wilder e Charles Brackett (a partir de uma peça de 1921, já anteriormente adaptada ao cinema), é uma das mais populares e eroticamente sugestivas comédias de Lubitsch, com Gary Cooper na figura de um milionário americano, movido por obsessões e frustrações sexuais. O “Barba azul” de Cooper foi casado e divorciou-se de sete mulheres, propondo agora à jovem aristocrata falida interpretada por Claudette Colbert, que seja a oitava. Um filme de ritmo frenético, situações, movimentos e gags de antologia da arte lubitschiana da elipse, da ambiguidade, da sugestão.
 
04/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
To Be or Not to Be
Ser ou Não Ser
de Ernst Lubitsch
com Carole Lombard, Jack Benny, Robert Stack
Estados Unidos, 1942 - 95 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Devido a motivos alheios à Cinemateca não foi possível desalfandegar a tempo a cópia do filme THE LOVE PARADE, pelo que não é possível exibir o filme na sessão inicialmente prevista. Em substituição será exibido o filme do mesmo ciclo TO BE OR NOT TO BE

O mundo real e o da representação confundem-se nesta comédia genial, e genialmente lubitschiana, em que um grupo de atores, para fugir da Varsóvia ocupada pelos nazis, é obrigado a encenar na realidade a peça que preparava para o palco. Referindo o famoso solilóquio do Hamlet de Shakespeare, o título anuncia o registo “em trompe l’oeil” em que todo o filme se constrói, a partir da possibilidade de que a verdade se encontre na aparência. Em TO BE OR NOT TO BE (o último filme de Carole Lombard, num papel que Lubitsch inicialmente imaginara talhado para Miriam Hopkins), viu Jean Eustache um exemplo de extrema sofisticação e estilização, de mise-en-scène fundada no trabalho dos atores, mas também na construção formal, já visível no argumento. “O que explica” – diz ele – “a aparente simplicidade da mise-en-scène e dos movimentos, e grande parte dos reenquadramentos”.
 
04/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
Three Women
Mulher, Guarda o teu Coração
de Ernst Lubitsch
com May McAvoy, Pauline Frederick, Marie Prevost, Lew Cody
Estados Unidos, 1924 - 80 min
mudo, intertítulos legendados eletronicamente em português | M/12
Com acompanhamento ao piano por João Paulo Esteves da Silva
THREE WOMEN é o surpreendente terceiro filme americano de Lubitsch, aquele em que a influência de A WOMAN OF PARIS, de Chaplin, é mais flagrante, e aquele em que Jean Domarchi encontrou a única personagem stroheimiana da sua obra, o caçador de dotes por quem a mulher de meia-idade se apaixona e que acabará por casar com a filha dela. Oito anos anterior a THE MAN I KILLED, é uma das raras incursões de Lubitsch no melodrama durante a sua fase americana. O célebre “Lubitsch touch” está presente, na sofisticação, nas elipses narrativas, no jogo com as portas, nos pormenores que trazem revelações importantes.