07/05/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
PSYCHO
Psico
de Gus Van Sant
com Vince Vaughn, Anne Heche, Julianne Moore
Estados Unidos, 1998 – 98 min / legendado eletronicamente em português
DRESSED TO KILL
Vestida para Matar
de Brian De Palma
com Michael Caine, Angie Dickinson, Nancy Allen, Keith Gordon
Estados Unidos, 1980 – 104 min / legendado em português
Ao fazer PSYCHO, Gus Van Sant precisou que não se tratava de um “remake” e sim de uma reprodução ou duplicação do original, algo como a cópia moderna de uma pintura clássica. Considerando o filme de Hitchcock como um palimpsesto, ao invés de refazer o argumento original, Gus Van Sant ilustrou uma outra proposta: refazer a mise en scène, a realização. A sucessão de planos é quase exatamente a mesma e um professor americano deu-se ao trabalho de contar 101 diferenças relativamente ao original, quase todas ínfimas, algumas substanciais. Seja como for, este filme ultracalculado é tudo menos um “remake” no sentido tradicional e como observou Armelle Leturcq “todos os objetos, cenários, roupas, parecem flutuar numa temporalidade que se estende por 40 anos, entre o original e o ‘remake’. Tudo flutua e ver este filme é fazer uma experiência de memória”. O cartaz original de DRESSED TO KILL diz: “Brian De Palma convida-o para um desfile da última moda – para os homicídios”. O ponto de partida do filme é o brutal homicídio de uma mulher de meia-idade por uma misteriosa loura, que sai em busca de uma prostituta que fora a única testemunha do crime. DRESSED TO KILL é um filme repleto de citações hitchcockianas, como a cena do duche de PSYCHO e a do museu de VERTIGO. O filme transpõe com muito talento o “ambiente” narrativo hitchcockiano, atualizando-o para o período da rodagem. DRESSED TO KILL foi pessimamente recebido pela crítica, mas defendido por um eminente conhecedor de Hitchcock, Jean Douchet, que declarou numa entrevista: “Fiquei intrigado com as críticas. De Palma é um cineasta apaixonante, pela sua maneira de trabalhar sobre um plano de Hitchcock, do mesmo modo que Hitchcock trabalhava sobre um plano de Lang. E De Palma sabe perfeitamente bem que a imagem não é mais virgem e nisso ele é um cineasta resolutamente moderno”.