INCURSÕES MONÁRQUICAS
CHAVES, INCURSÕES MONÁRQUICAS
Portugal, 1911 + 1912 – 14 + 4 min / mudos
ACTUALIDADES PORTUGUEZAS
de Julio Worm
Portugal, 1926 – 10 min / mudo
ACTUALIDADES MILITARES
O MOVIMENTO MILITAR TRIUNFANTE
Portugal, 1927 + 1926 – 13 min + 26 min / mudos

O balanço da I República é tudo menos consensual. Ao contrário de outros momentos históricos, porém, temos a sorte de poder contar com várias imagens em movimento contemporâneas dela, uma fonte a ter em conta (mas que até agora tem sido relativamente ignorada pelos historiadores) no estudo desta época. Esta sessão mostra imagens das tentativas monárquicas para derrubar o novo regime e dois títulos de Atualidades – sociais e militares. Os dois últimos títulos são produções dos Serviços Cinematográficos do Exército.

RABBIT’S MOON
de Kenneth Anger
com André Soubeyran, Claude Revenant, Nadine Valence
França, 1950 – 16 min / sem diálogos
LA VILLA SANTO-SOSPIR
de Jean Cocteau
com Jean Cocteau, Francine Weissweller, Edouard Dermitte
França, 1952 – 40 min / sem legendas
RÊVERIE DE CLAUDE DEBUSSY
de Jean Mitry
França, 1952 – 11 min / sem legendas

Um programa de raridades realizadas em França nos anos cinquenta. RABBIT’S MOON, um dos filmes mais poéticos de Kenneth Anger (reúne os clássicos personagens de Pierrot, Arlequim e Colombina), foi realizado durante o período em que o realizador americano viveu em Paris. A cópia da coleção da Cinemateca é uma raridade, pois tem a duração original de 16 minutos (reduzida mais tarde pelo realizador para 7 minutos). Filmado num magnífico Ektachrome, LA VILLA SANTO-SOSPIR é um passeio guiado, pelas mãos de Jean Cocteau, através da vivenda de uma amiga e mecenas, cujas paredes o poeta-cineasta “tatuou” com frescos. Jean Mitry foi um dos mais importantes críticos da sua geração e realizou algumas curtas-metragens e uma longa. Em RÊVERIE DE CLAUDE DEBUSSY (muito menos conhecido do que IMAGES POUR DEBUSSY, do mesmo ano), Mitry estabelece um jogo entre algumas célebres páginas para piano do compositor francês e imagens de água que corre e reflexos na água.

MOCIDADE PORTUGUESA
de Paulo de Brito Aranha, Leitão de Barros
A REVOLUÇÃO DE MAIO
de António Lopes Ribeiro
com Francisco Ribeiro/Ribeirinho, Emília de Oliveira, Ricardo Malheiro
Portugal, 1937 + 1937-1941 – 12 min + 41 min

Um dos dois únicos filmes de propaganda diretamente produzidos pelo Estado Novo, A REVOLUÇÃO DE MAIO conta a história da conversão ao regime salazarista de César Valente, perigoso agitador que regressara do exílio com um plano para derrubar o ditador. Numa primeira vez na Cinemateca, apresentamos a versão condensada do filme de 1937, remontada por António Lopes Ribeiro para distribuição no mercado brasileiro, onde teve por título RECONVERSÃO. A sessão abre com MOCIDADE PORTUGUESA, onde se reflete o espírito oficial da sociedade portuguesa sob o regime salazarista na década de trinta.

THE BIRTH OF A NATION: TRAILER DE REPOSIÇÃO EM 1930
“Entrevista com Griffith”
de D. W. Griffith
com D. W. Griffith, Walter Huston
Estados Unidos, 1930 – 6 min / legendado em português
ABRAHAM LINCOLN
de D.W. Griffith
com Walter Huston, Una Merkel, Kay Hammond, E. Alyn Warren, Henry B. Walthall
Estados Unidos, 1930 – 97 min / legendado eletronicamente em português

O primeiro all talkie de Griffith retrata a vida de Abraham Lincoln como um homem só e angustiado, porventura refletindo a solidão e o pessimismo de DWG nesta fase da sua vida. “Um pesadelo para a razão e para os nervos” foi como o próprio se referiu às oito semanas de rodagem de ABRAHAM LINCOLN. Pelo seu lirismo e dimensão pictórica, tem sido entusiasticamente reavaliado. Verdadeiramente surpreendente é o uso dramático do trabalho da banda sonora. Abrimos a sessão com um trailer filmado por Griffith no termo da rodagem de ABRAHAM LINCOLN, para uma reposição de THE BIRTH OF A NATION, em que encena uma conversa com “o seu Lincoln” (Walter Huston): no cenário de uma biblioteca, Huston apresenta Griffith com uma espada de cavalaria semelhante à utilizada pelo pai deste durante a Guerra.

MADRE JOANA DOS ANJOS é o filme de uma possessão demoníaca baseado no romance de Jaroslaw Iwaszkiewicz e ambientado num convento da Polónia do século XVII. “É um filme contra o dogma. (…) É uma história de amor sobre um homem e uma mulher que envergam roupas de igreja e cuja religião não lhes permite que se amem. (…) Os demónios que possuem estas personagens são as manifestações externas do seu amor reprimido” (Jerzy Kawalerowicz). Foi prémio especial do júri no Festival de Cannes em 1961. Cópia entrada na coleção em 2010 com o apoio da Finangeste.