CICLO
Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias


No mês da reabertura, as Histórias do Cinema trazem, pela mão de João Mário Grilo, uma proposta diferente, neste caso temática, ligada ao universo de uma mais vasta investigação que o próprio tem em curso – a relação entre Cinema, Paisagem e Realidade. Autor marcante do cinema português desde 1979, Grilo tem sido, nestas últimas décadas, como professor, crítico e investigador, um nome central do pensamento sobre cinema no nosso país, integrando cada vez mais esse território (e algumas áreas privilegiadas dele, como o cinema clássico ou, justamente, o cinema português) nos territórios mais largos e nas interrogações mais recentes da história de arte.
Sobre este programa (numa rubrica que, lembramos, tem características únicas na atividade da Cinemateca – VER NOTA) escreveu João Mário Grilo: “A par com a fotografia, o cinema é, de todas as artes, aquela onde é mais empático o compromisso com a realidade do real. Ao longo da sua história, e de forma mais ou menos consciente, o cinema foi, por isso, traçando uma geografia de geografias, nesse processo ganhando, ao mesmo tempo, imaginário e território. Neste programa, serão olhadas algumas dessas geografias primordiais, paisagens incontornáveis desse ‘país-cinema’, que Serge Daney tão bem definiu, e onde se trata, afinal, da fusão sublime e quimérica entre o homem e a vertigem do mundo que, desde Lascaux, o assombra”.
 

NOTA SOBRE A RUBRICA E AVISO SOBRE A VENDA ANTECIPADA DE BILHETES
Ao fim de um ano de edições memoráveis (inauguradas com o programa Eisenschitz/Chaplin, em setembro de 2011), as Histórias do Cinema são hoje um dado adquirido da vida da Cinemateca e serão agora palco de maior abertura temática. Neste relançamento, há que voltar a sublinhar as características únicas da rubrica, que, sendo bastante mais do que um Ciclo ou uma “carta branca”, insistimos em anunciar à margem de modelos previamente formatados. Cada sessão individual inclui, em combinações variáveis, as dimensões da própria sessão de cinema, da conferência e do colóquio. Cada edição da rubrica é pensada como um todo, sendo antes de mais dirigida àqueles que se disponibilizam para o conjunto das sessões, a quem proporcionamos uma experiência formativa ao mesmo tempo que desafiamos como participantes do evento. É por estes motivos que as condições de acesso são diferentes da regra habitual, havendo doravante preçário distinto (ver tabela abaixo e nota no sítio Web da Cinemateca) e voltando a ser dada a hipótese de compra antecipada a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Neste caso, a venda antecipada iniciar-se-á no dia 17 de setembro (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa) sendo depois disponibilizados, a partir do dia 24, os lugares que não tenham sido vendidos antes (nesse caso através do normal sistema de venda no próprio dia de cada sessão, no horário de bilheteira habitual).

 

Bilhete normal sem desconto: 5 euros | Caderneta dos bilhetes pré-comprados: 22 euros | Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados – bilhete: 3 euros; Caderneta: 12 euros | Amigos da Cinemateca, Estudantes de cinema, Desempregados – bilhete: 2,60 euros; Caderneta: 10 euros.
 

24/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias

Que Viva México!
de Sergei Eisentein
México, 1931-33 - 87 min
 
25/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias

She Wore a Yellow Ribbon
Os Dominadores
de John Ford
Estados Unidos, 1949 - 103 min
 
26/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias

Stromboli Terra di Dio
Stromboli
de Roberto Rossellini
Itália, Estados Unidos, 1949 - 102 min
27/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias

Las Hurdes | O Fim do Mundo
duração total da sessão: 93
28/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias

The River
O Rio Sagrado
de Jean Renoir
França, Índia, Estados Unidos, 1951 - 99 min
24/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias
Que Viva México!
de Sergei Eisentein
com Julio Saldivara, David Leceaga, Isabel Villaseñor, Martin Hernandez
México, 1931-33 - 87 min
sem diálogos

Nunca concluído e apenas existente, em diversas versões, em material que não foi montado por Eisentein, QUE VIVA MÉXICO! é um caso único na História do Cinema. Iniciada em 1930 numa viagem de Eisentein ao Ocidente e na sua associação ao escritor Upton Sinclair por sugestão de Chaplin, a história da produção do filme é uma saga rocambolesca. Jay Leda e Zina Voynow chamaram-lhe “o mais grandioso plano de filme de Eisentein e a sua grande tragédia pessoal”. Não passa na Cinemateca desde 1998.

25/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias
She Wore a Yellow Ribbon
Os Dominadores
de John Ford
com John Wayne, Joanne Dru, John Agar, Victor McLaglen, Ben Johnson, Harry Carey Jr.
Estados Unidos, 1949 - 103 min
legendado eletronicamente em português

Western de Monument Valley e cores fulgurantes, SHE WORE A YELLOW RIBBON é o segundo título da “trilogia da cavalaria” de Ford, que começa onde acaba FORT APACHE, ou seja, com a derrota do General Custer. Como sobre a solitária personagem de John Wayne, paira sobre o filme o espectro da memória crepuscular. “Last we forget” é a inscrição no relógio que a companhia oferece a Wayne no momento da despedida mas antes de ele se envolver numa última missão. É também um dos esplendorosos exemplos da composição ritual de Ford.

26/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias
Stromboli Terra di Dio
Stromboli
de Roberto Rossellini
com Ingrid Bergman, Mario Vitale
Itália, Estados Unidos, 1949 - 102 min
legendado eletronicamente em português

O primeiro filme de Rossellini com Ingrid Bergman marcou uma viragem importante no percurso do realizador e no da atriz. À época, Eric Rohmer comentou assim o filme: “STROMBOLI, grande filme cristão, é a história de uma pecadora tocada pela graça. (…) O autor de STROMBOLI bem sabe a importância que a sua arte pode dar aos objetos, ao lugar, aos elementos naturais do cenário. Dominando o poder que lhes confere, Rossellini faz deles os instrumentos da sua expressão, o molde de onde sairão os gestos e mesmo os impulsos dos atores”. Por muitas razões, uma das mais extraordinárias experiências em toda a história do cinema.

27/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias
Las Hurdes | O Fim do Mundo
duração total da sessão: 93

LAS HURDES
Terra sem Pão
de Luis Buñuel
Espanha, 1933 – 30 min / legendado eletronicamente em português
O FIM DO MUNDO
de João Mário Grilo
com José Viana, Carlos Daniel, Alexandra Lencastre, Zita Duarte, Henrique Viana, Adelaide João
Portugal, França, 1993 – 63 min


A sessão abre com LAS HURDES de Buñuel, espantoso e cruel documentário sobre a mais miserável e atrasada região de Espanha, com sequências famosas: o regato onde bebem e que também é esgoto, o burro morto transformado em colmeia. Segue-se O FIM DO MUNDO, filmado por João Mário Grilo para a série “Os Quatro Elementos”, em que lhe coube “A Terra”: um drama rural, igual a tantos que ocorrem no campo em conflitos de vizinhança por questões de água. José Viana, naquele que é provavelmente o seu melhor papel no cinema, é um velho camponês que num momento de desvario mata à enxadada a vizinha que o atazanava por causa da água de um riacho.
 

28/09/2012, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema - João Mário Grilo: Cinegeografias
The River
O Rio Sagrado
de Jean Renoir
com Adrienne Corri, Patricia Walter, Nora Swinburne, Radha Shri Ran, Esmond Knight, Thomas E. Breen
França, Índia, Estados Unidos, 1951 - 99 min
legendado eletronicamente em português

THE RIVER marca o início da fase final da carreira de Renoir. Filmado na Índia, a cores, o filme conta a história de uma família inglesa e a “ação” resume-se ao facto de nascer, morrer e amar pela primeira vez. O rio do título é ao mesmo tempo físico (o Ganges) e metafísico (a vida, o tempo). Um dos filmes mais celebrados de Renoir, imbuído de uma espiritualidade assombrosamente serena.