CICLO
Marilyn


Marilyn Monroe é a mais e a menos cadente das estrelas. A mais incandescente. Passaram 50 anos sobre a sua morte em agosto de 1962 (Norma Jean Mortenson, também conhecida como Norma Jean Baker, nasceu 36 anos antes, em junho de 1926) sem que passasse a inesgotável atração que o mundo sente por ela, a partir das imagens que o cinema devolve, e das que muitos fotógrafos muito inspirados foram fixando, de um modo ou de outro também elas ligadas ao cinema, à qualidade de movie star, uma movie star platinada de medidas perfeitas, aura de alcance não mensurável, enigmatismo teimoso. “Morreu a mais bela mulher do mundo / Tão bela que não era assim bela / como mais que chamar-lhe marilyn / devíamos mas era reservar apenas para ela / o seco sóbrio simples nome de mulher / em vez de marilyn dizer mulher”, escreveu Ruy Belo no início do seu poema Na Morte de Marilyn, aqui indicado em nome das muitas das melhores palavras que Marilyn fez escrever.
Foi filmada por Huston (THE ASPHALT JUNGLE, um dos primeiros papeis de revelação; THE MISFITS, o último filme acabado, escrito por Norman Mailer em arrepiante retrato na pele de uma melancólica e luminosa Roslyn), Mankiewicz (ALL ABOUT EVE), Lang (CLASH BY NIGHT), Roy Ward Baker (DON’T BOTHER TO KNOCK, o filme do primeiro papel protagonista em 1952), Hathaway, Hawks e Negulesco (NIAGARA, GENTLEMEN PREFER BLONDES e HOW TO MARRY A MILLIONAIRE, os três de 1953), Otto Preminger e Walter Lang (RIVER OF NO RETURN e THERE’S NO BUSINESS LIKE SHOW BUSINESS, de 1954), Billy Wilder (THE SEVEN YEAR ITCH e SOME LIKE IT HOT, de 1955 e 1959), Joshua Logan (BUS STOP), Laurence Olivier (THE PRINCE AND THE SHOWGIRL, 1957) e Cukor (LET’S MAKE LOVE, e o inacabado SOMETHING’S GOT TO GIVE, de que existem, entre as mais célebres, as imagens na piscina muito azul, filmadas em 1962, para o remake de uma comédia screwball de 1940, MY FAVOURITE WIFE). Chegou a Hollywood, à Fox, pela carreira de modelo, e levou algum tempo a impor-se (da lista constam LADIES OF THE CHORUS de Phil Carlson, LOVE HAPPY de David Miller, A TICKET TO TOMAHAWK de Richard Sale, RIGHT CROSS de Sturges, THE FIREBALL de Tay Garnett), porta que o filme de John Huston lhe abriu para uns esplendorosos anos cinquenta. Fez de “dumb blonde” numa série de filmes, comédias e musicais de Hollywood enquanto, em Nova Iorque, estudava com Lee Strasberg no Actor Studio. Foi sempre profundamente desarmante. Entregou-se vulnerável, como nunca antes em THE MISFITS, filmado no meio do deserto, onde ela irradia luz. É um dos onze filmes de Marilyn que voltam este setembro.

 
28/09/2012, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Ciclo Marilyn

Some Like it Hot
Quanto Mais Quente Melhor
de Billy Wilder
Estados Unidos, 1959 - 120 min
 
28/09/2012, 19h00 | Sala Dr. Félix Ribeiro
Marilyn
Some Like it Hot
Quanto Mais Quente Melhor
de Billy Wilder
com Marilyn Monroe, Jack Lemmon, Tony Curtis, Joe E. Brown, George Raft
Estados Unidos, 1959 - 120 min
legendado em português

“Ninguém é perfeito!”. Este é o filme da famosa réplica que todo o cinéfilo conhece e cita. E, se é verdade no caso das pessoas, não o é noutras coisas, como este filme, perfeito da primeira à última imagem, tanto no argumento (uma brilhante sucessão de acontecimentos e diálogos à volta de dois músicos que se disfarçam de mulheres para escapar a um grupo de gangsters), como no trabalho de Wilder na construção dos gags, ou no elenco em que cada ator está exatamente à altura da personagem.