CICLO
Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família


Fazendo da paisagem e dialeto napolitanos as principais recorrências do seu trabalho, este italiano originário da ilha de Ísquia descobriu um espaço de intercâmbio entre a realidade, incidindo sobretudo nos bairros pobres sob a lei da organização mafiosa Camorra, e as suas ficções possíveis, tendo por base as observações que tem recolhido com ou sem câmara. Na experiência intensa e exigente de documentar o dia a dia num liceu da periferia napolitana, de que resultou A SCUOLA, Di Costanzo colheu frutos para a sua primeira longa-metragem de ficção, o multipremiado L’INTERVALLO, olhar sobre a adolescência como espaço de refúgio contra as injustiças e dureza do mundo envolvente. Se, por vezes, o documentário colapsa, como acontece em CADENZA D’INGANNO, outras vezes, a ficção torna possível contar uma história tal qual esta merece ser contada – veja-se a sua mais recente ficção, L’INTRUSA, que, como o próprio narra em entrevista concedida aos Cahiers du cinéma, tem por base a história de vida de uma mulher que o cineasta conheceu e acompanhou de perto, mas a possibilidade de a contar num documentário deixava-o desconfortável. As ditas ficções baseiam-se em exemplos reais e são, em regra, interpretadas por atores não profissionais que falam o pouco representado dialeto napolitano, tal como estão familiarizados com uma realidade social minada pela pobreza e a violência. Di Costanzo reconhece a influência de Roberto Rossellini e Jean Rouch, mesmo que, no seu caso, o movimento ficcional esteja ainda mais profundamente enraizado nos sons, cores e problemas locais. As pessoas são sempre os primeiros argumentistas, atores e realizadores dos seus trabalhos. É para e com elas que Costanzo tem vindo a apurar uma escrita cinematográfica de pendor sociológico. Todos os títulos desta retrospetiva (salvo L’INTERVALLO e a curta realizada para a obra coletiva PONTES DE SARAJEVO) são apresentados pela primeira vez na Cinemateca Portuguesa. Esta retrospetiva praticamente completa da obra de Di Costanzo é apresentada em articulação com a segunda edição do Encontro Cinema e Educação. Para além de apresentar as sessões dos seus filmes, o realizador, cujo trabalho várias vezes abordou a questão pedagógica na infância e na adolescência, é um dos participantes do Encontro a decorrer no dia 11 de fevereiro.
 
2º ENCONTRO CINEMA E EDUCAÇÃO
INDISCIPLINAR A ESCOLA
Em colaboração com o Plano Nacional das Artes e os Filhos de Lumière – Associação Cultural
Num contexto em que, a somar­-se aos projetos em curso dedicados à iniciação ao cinema de âmbito europeu ou nacional (Cinema Cem Anos de Juventude, CinED, CINARTS, Shortcut, Plano Nacional de Cinema), está em pleno desenvolvimento uma nova iniciativa governamental do Ministério da Cultura com o Ministério da Educação em que se procura a inserção do cinema e das outras artes nos percursos escolares (o Plano Nacional das Artes), a Cinemateca co­‑organiza a segunda edição do Encontro Cinema e Educação. Dedicado à discussão alargada da relação entre a educação e as artes – não apenas o ensino artístico mas o universo mais vasto da educação pela arte e o papel das artes em todo o âmbito educativo ­‑, o objetivo deste segundo Encontro Cinema e Educação (que tem como subtítulo Indisciplinar a Escola) será o de trabalhar o cinema como um dos contributos possíveis para rasgar as fronteiras mais convencionais da experiência educativa, ao mesmo tempo que se trabalha a experiência educativa como área exploratória de novos caminhos cinematográficos. Neste encontro, autores e investigadores de várias áreas – tanto do lado da educação como do lado do cinema (ou cruzando as duas, como é o caso de Alain Bergala, autor em França da mais antiga e mas ambiciosa iniciativa de cruzamento entre cinema e educação) – serão convidados a levantar questões e a debater o tema, cruzando experiências e ideias numa agenda de discussão aberta, que permita acima de tudo ampliar o âmbito conceptual normalmente tido em conta neste campo.
O Encontro, aberto a todos os interessados, decorre na Sala M. Félix Ribeiro no dia 11 de fevereiro entre as 10h e as 18h. Todas as sessões do ciclo Leonardo Di Costanzo são organizadas em articulação com o Encontro, do qual são também parte integrante tendo em conta a forma como este autor tem trabalhado (na ficção e no documentário) a relação entre a escola e as comunidades onde estão inseridas e as questões mais latas da educação nas nossas sociedades.
Entrada livre mediante o levantamento de ingresso na bilheteira | Os interessados em participar no Encontro são convidados a inscrever-se através do e-mail divulgacao@cinemateca.pt
 
10/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

L’Intrusa
de Leonardo Di Costanzo
Itália, 2017 - 95 min
11/02/2020, 10h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

2º Encontro Cinema e Educação Indisciplinar a Escola
entre as 10h e as 18h
11/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

Margot et Clopinette | A Scuola
Duração total da sessão: 81 minutos | M/12
12/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

Odessa | Cadenza d’Inganno
Duração total da sessão: 123 minutos | M/12
 
12/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

L’Avamposto + L’Intervallo
Duração total da sessão: 98 minutos | M/12
 
10/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

Em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura, no contexto do 2º Encontro Cinema e Educação
L’Intrusa
de Leonardo Di Costanzo
com Raffaella Giordano, Valentina Vannino, Martina Abbate
Itália, 2017 - 95 min
legendado em inglês e eletronicamente em português | M/12
com a presença de Leonardo Di Costanzo
Como numa Antígona moderna, somos apresentados a Giovanna, trabalhadora abnegada numa casa que alberga crianças desfavorecidas da cidade de Nápoles. A entrada em cena de Maria, a mulher de um perigoso criminoso da Camorra, e das suas duas filhas vai desestabilizar esta frágil comunidade, colocando Giovanna numa situação de impasse, entre a decisão de expulsar ou de proteger esta família. Di Costanzo, cineasta com uma longa carreira no documentário, assina aqui apenas a sua segunda longa-metragem de ficção, recorrendo a cenários naturais e atores não profissionais (muito deles crianças e jovens) que falam o pouco ouvido dialeto napolitano. Primeira apresentação na Cinemateca.
 
11/02/2020, 10h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

Em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura, no contexto do 2º Encontro Cinema e Educação
2º Encontro Cinema e Educação Indisciplinar a Escola
entre as 10h e as 18h
Num contexto em que, a somar­-se aos projetos em curso dedicados à iniciação ao cinema de âmbito europeu ou nacional (Cinema Cem Anos de Juventude, CinED, CINARTS, Shortcut, Plano Nacional de Cinema), está em pleno desenvolvimento uma nova iniciativa governamental do Ministério da Cultura com o Ministério da Educação em que se procura a inserção do cinema e das outras artes nos percursos escolares (o Plano Nacional das Artes), a Cinemateca co­‑organiza a segunda edição do Encontro Cinema e Educação. Dedicado à discussão alargada da relação entre a educação e as artes – não apenas o ensino artístico mas o universo mais vasto da educação pela arte e o papel das artes em todo o âmbito educativo ­‑, o objetivo deste segundo Encontro Cinema e Educação (que tem como subtítulo Indisciplinar a Escola) será o de trabalhar o cinema como um dos contributos possíveis para rasgar as fronteiras mais convencionais da experiência educativa, ao mesmo tempo que se trabalha a experiência educativa como área exploratória de novos caminhos cinematográficos. Neste encontro, autores e investigadores de várias áreas – tanto do lado da educação como do lado do cinema (ou cruzando as duas, como é o caso de Alain Bergala, autor em França da mais antiga e mas ambiciosa iniciativa de cruzamento entre cinema e educação) – serão convidados a levantar questões e a debater o tema, cruzando experiências e ideias numa agenda de discussão aberta, que permita acima de tudo ampliar o âmbito conceptual normalmente tido em conta neste campo.
O Encontro, aberto a todos os interessados, decorre na Sala M. Félix Ribeiro no dia 11 de fevereiro entre as 10h e as 18h. Todas as sessões do ciclo Leonardo Di Costanzo são organizadas em articulação com o Encontro, do qual são também parte integrante tendo em conta a forma como este autor tem trabalhado (na ficção e no documentário) a relação entre a escola e as comunidades onde estão inseridas e as questões mais latas da educação nas nossas sociedades.
Entrada livre mediante o levantamento de ingresso na bilheteira | Os interessados em participar no Encontro são convidados a inscrever-se através do e-mail divulgacao@cinemateca.pt
 
11/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

Em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura, no contexto do 2º Encontro Cinema e Educação
Margot et Clopinette | A Scuola
Duração total da sessão: 81 minutos | M/12
com a presença de Leonardo Di Costanzo
MARGOT ET CLOPINETTE
de Leonardo Di Costanzo
França, 1988 – 21 min / legendado eletronicamente em português
A SCUOLA
de Leonardo Di Costanzo
Itália, França, Alemanha, 2003 – 60 min / legendado eletronicamente em português

Margot, parisiense de 82 anos, habita o mesmo apartamento há 60 anos. Distrai a velhice e a solidão tratando de uma grande família de pássaros como se fossem seus filhos e realizando outros rituais domésticos (ainda mais) singulares. Di Costanzo traça o perfil desta avis rara um pouco como os irmãos Maysles retrataram “Little Edie” em GREY GARDENS: mostrando o seu estilo de vida e ouvindo-a sobre todo o tipo de temas, da felicidade ao sexo. Em A SCUOLA, a sala de aula é como um campo de batalha. Alunos, professores e pais – ninguém sai incólume. Não há descanso num liceu da periferia de Nápoles (os alunos falam no dialeto napolitano, ao passo que os professores ensinam em italiano), pelo que é o sentido da escola pública que é levado a exame todos os dias. A câmara “mosca na parede” de Di Costanzo faz deste caso um BLACKBOARD JUNGLE da vida real. Primeiras apresentações na Cinemateca.

 
12/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

Em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura, no contexto do 2º Encontro Cinema e Educação
Odessa | Cadenza d’Inganno
Duração total da sessão: 123 minutos | M/12
com a presença de Leonardo Di Costanzo
ODESSA
de Leonardo Di Costanzo
Itália, França, 2006 – 67 min / legendado eletronicamente em português
CADENZA D’INGANNO
de Leonardo Di Costanzo, Bruno Oliviero
Itália, França, 2011 – 56 min / legendado eletronicamente em português

Sete marinheiros ucranianos lutam pela sua sobrevivência num navio estacionado há anos na baía de Nápoles. Sem salário e enfrentando o frio e a fome, resta-lhes a boa vontade dos populares. Di Costanzo e Bruno Oliviero documentam a vivência incrível destes “sete fantasmas” de um império perdido. Escreveu a realizadora Claire Simon: “Imagine que Duras e Eisenstein fizeram um filme em conjunto, tal poderia ser ‘Os Sete Marinheiros de Odessa’.” Há filmes que nascem de oportunidades perdidas, ou melhor, adiadas. Di Costanzo queria fazer o retrato filmado de Antonio, um rapaz de 12 anos, a viver turbulentamente no “distrito espanhol” de Nápoles. O filme foi interrompido pela súbita saída de cena do rapaz. Oito anos depois, Antonio vai casar-se e chama Di Costanzo para registar o momento. O filme adiado é agora retomado, à procura de um (des)enlace feliz. Primeiras apresentações na Cinemateca.
 
12/02/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Leonardo Di Costanzo – Comunidade, Escola, Família

Em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura, no contexto do 2º Encontro Cinema e Educação
L’Avamposto + L’Intervallo
Duração total da sessão: 98 minutos | M/12
com a presença de Leonardo Di Costanzo
L’AVAMPOSTO
A Trincheira
de Leonardo Di Costanzo
com Gaetano Bruno, Emanuel Caserio, Fortunato Leccese, Emiliano Masala
Itália, 2014 – 8 min / legendado em português
L’INTERVALLO
de Leonardo Di Costanzo
com Francesca Riso, Alessio Gallo, Carmine Paternoster, Salvatore Ruocco, Antonio Buil
Itália, Suíça, Alemanha, 2012 – 90 min / legendado em português

Um rapaz, Salvatore, está encarregado de vigiar uma rapariga, Veronica, enquanto esta aguarda por uma punição resultante do facto de ter violado o código da máfia. Durante o curto tempo em que estão juntos, os dois desenvolvem uma relação de cumplicidade e afeto. Esta “visão positiva da adolescência” (palavras da coargumentista Mariangela Barbanente) nasceu diretamente do meio napolitano, sendo que o par de atores foi selecionado localmente e formado no seio de um intenso laboratório de coaching. A curta L’AVAMPOSTO foi o contributo de Di Costanzo para a obra coletiva PONTES DE SARAJEVO, que contou com a participação de 13 cineastas europeus, entre os quais Jean-Luc Godard e Teresa Villaverde. Em ano de centenário da Primeira Guerra Mundial, Di Costanzo reconstituiu um episódio da “guerra das trincheiras” seguindo um conto de Federico de Roberto, La paura. Trata-se de uma história de resistência de um “soldado-mártir” contra uma ordem superior que quer fazer deste “carne para canhão” durante a reconquista de um ponto estratégico tomado pela fação austro-húngara.