CICLO
70 Anos de Cinemateca


A propósito do já anunciado projeto de classificação de suportes matriciais do cinema português como bens de interesse nacional (um projeto faseado, a anunciar em ocasião própria e a empreender nos termos definidos pela lei de bases de proteção e valorização do património cultural e da respetiva legislação de desenvolvimento), a Cinemateca organiza, a fechar estas comemorações, um pequeno ciclo dedicado à interrogação sobre o próprio conceito de património e à sua perceção por parte das várias gerações do Cinema Português.
São sete sessões, cada uma incluindo a projeção de um filme de longa-metragem (ou uma longa e uma curta, na jornada final) e uma conversa entre alguns protagonistas do nosso cinema em áreas diversas. A escolha dos títulos não tem carácter antológico nem visa representar algo per se, independentemente dos diálogos que lhe estão associados. Estes, por sua vez, não são pensados como conversas que devam circunscrever-se a essas obras em concreto ou de algum modo centrar-se nelas. Neste programa, os filmes são sugeridos como pontos de partida para conversas livres, várias delas entre pessoas de diferentes gerações, que gostaríamos de ver focadas, sim, na questão da transmissão. Como é que as gerações atuais veem o passado do nosso cinema? A que ponto é que alguns dos representantes das mais novas gerações sentem que o seu trabalho tem algo a ver com o que se fez antes deles? E a que ponto é que alguns dos representantes de gerações anteriores se sentem reconhecidos naqueles que vieram depois? Há reiterações significativas no Cinema Português? Há mais continuidade ou mais rutura na viagem histórica deste cinema? Sete conversas, que não visam de todo fechar o assunto, que continuam outras conversas aqui já antes realizadas e que abrem o campo de outras a empreender no futuro.
 
03/06/2019, 21h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 70 Anos de Cinemateca

A Canção da Terra
de Jorge Brum do Canto
Portugal, 1938 - 98 min | M/12
05/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo 70 Anos de Cinemateca

O Bobo
de José Álvaro Morais
Portugal, 1982 - 120 min | M/12
07/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo 70 Anos de Cinemateca

Mudar de Vida
de Paulo Rocha
Portugal, 1966 - 93 min | M/12
11/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo 70 Anos de Cinemateca

Acto da Primavera
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1962 - 90 min | M/12
 
14/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo 70 Anos de Cinemateca

Maria do Mar
de José Leitão de Barros
Portugal, 1930 - 94 min | M/12
 
03/06/2019, 21h00 | Sala M. Félix Ribeiro
70 Anos de Cinemateca

O que é o Património? Diálogos no Cinema Português
A Canção da Terra
de Jorge Brum do Canto
com Elsa Rumina, Maria Emília Vinhas, Mota da Costa, Óscar de Lemos, Barreto Poeira
Portugal, 1938 - 98 min | M/12
com a presença de António da Cunha Telles e Luís Urbano para uma conversa no final da projeção
Se a comédia portuguesa acabou por oferecer alguns dos filmes mais populares das décadas de trinta e quarenta, juntando, nos seus enredos, “comédias de equívocos” que aconteciam, na sua maioria, na capital portuguesa, A CANÇÃO DA TERRA é um exemplo, nas primeiras décadas do cinema português, de uma obra passada no mundo rural (ilha de Porto Santo, Madeira), onde as relações amorosas e sociais espelham os conflitos genuínos da vida portuguesa: aqui, com as rivalidades da terra, uma paixão amorosa, e o drama que uma seca de água traz ao rumo das vidas dos seus intervenientes. É também um dos exemplos mais independentes, na época, da influência do realizador nas várias facetas do seu filme. António da Cunha Telles e Luís Urbano juntam-se, no final da sessão, para discutir os meios de produção do cinema português e a maneira como o seu espírito independente ajudou a construir o seu património cinematográfico.
 
05/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
70 Anos de Cinemateca

O que é o Património? Diálogos no Cinema Português
O Bobo
de José Álvaro Morais
com Fernando Heitor, Paula Guedes, Isabel Ruth, João Guedes
Portugal, 1982 - 120 min | M/12
com a presença de Vasco Pimentel e Miguel Moraes Cabral para uma conversa no final da projeção
O projeto inicial deste filme, uma adaptação de O Bobo de Alexandre Herculano, tornou-se, com o tempo, numa reflexão sobre a obra literária e a sua representação contemporânea. O filme é fascinante porque reflete, na sua construção, a passagem do tempo (o processo de feitura do filme, acossado por inúmeras dificuldades de produção, foi longuíssimo) e as transformações da sociedade portuguesa nos anos a seguir ao 25 de abril de 1974. Um filme fundamental na cinematografia portuguesa dos últimos 30 anos com um exemplar trabalho técnico e sonoro (dos mais complexos do cinema português) que servirá de ponto de partida para uma conversa entre o diretor de som Vasco Pimentel (que trabalhou no filme) e Miguel Moraes Cabral (diretor de som e realizador).
 
07/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
70 Anos de Cinemateca

O que é o Património? Diálogos no Cinema Português
Mudar de Vida
de Paulo Rocha
com Geraldo Del Rey, Maria Barroso, Isabel Ruth
Portugal, 1966 - 93 min | M/12
com a presença de Isabel Ruth e Beatriz Batarda para uma conversa no final da projeção
MUDAR DE VIDA é a segunda longa-metragem de Paulo Rocha, filme onde ecoa em surdina a guerra colonial através da história de um homem que regressa ao país e se reencontra com a sua aldeia natal, com dificuldade, por onde passam sinais de um desejo de mudança (de vida, de cinema). Depois de OS VERDES ANOS, novo fortíssimo retrato de um país e de um tempo numa obra que convida incessantemente a novas visões e avaliações, enriquecido, também, pelo seu elenco e os diferentes patrimónios de trabalho que cada interpretação veio a trazer para o filme, algo discutido, depois da projeção, com as atrizes Isabel Ruth e Beatriz Batarda. A apresentar em cópia digital.
 
11/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
70 Anos de Cinemateca

O que é o Património? Diálogos no Cinema Português
Acto da Primavera
de Manoel de Oliveira
com Com habitantes da aldeia da Curalha
Portugal, 1962 - 90 min | M/12
com a presença de João Pedro Rodrigues e Miguel Gomes para uma conversa no final da projeção
ACTO DA PRIMAVERA fixa uma representação da Paixão de Cristo numa aldeia de Trás-os-Montes e mostra, de forma magistral, a impercetível passagem do quotidiano à representação do sagrado e o regresso ao quotidiano, confundindo o ritual com a representação. Um filme determinante no património da realização do cinema português, lançando, depois da projeção, a base de uma conversa entre os realizadores João Pedro Rodrigues e Miguel Gomes.
 
14/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
70 Anos de Cinemateca

O que é o Património? Diálogos no Cinema Português
Maria do Mar
de José Leitão de Barros
com Adelina Abranches, Alves da Cunha, Oliveira Martins, Rosa Maria
Portugal, 1930 - 94 min | M/12
acompanhamento ao piano por Daniel Schvetz

com a presença de Manuela Viegas e Pedro Marques para uma conversa no final da projeção
MARIA DO MAR é um notável trabalho de integração da paisagem marítima e a vida dos pescadores da Nazaré numa ficção construída à volta do ódio entre duas famílias por causa da morte de um pescador, provocada acidentalmente por outro. Serão os filhos que, com o seu amor, irão reconciliar as famílias. Um belíssimo filme, com imagens surpreendentes, e um trabalho de montagem marcante no cinema português (influenciado, nomeadamente, pela vanguarda soviética da época e as lições de Eisenstein), algo que servirá de mote para uma conversa entre os montadores Manuela Viegas e Pedro Marques depois da projeção do filme.