28/03/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Liberdade Pré-Código
Man’s Castle
A Vida É Um Sonho
de Frank Borzage
com Spencer Tracy, Loretta Young, Marjorie Rambeau, Glenda Farrell, Walter Connolly
Estados Unidos, 1933 - 78 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um filme assombroso que equaciona a miséria da Depressão e a pura poesia. Spencer Tracy e Loretta Young nos papéis de um casal que sobrevive ao drama social numa história de amor pela qual passa a honestidade e a responsabilidade, nem sempre amorosas. “Frank Borzage foi o maior romântico do cinema americano, sempre consciente do contexto dos seus romances. A sua abordagem baseava-se num paradoxal e desafiador ‘irrealismo’, evidente neste [filme] excepcional. MAN’S CASTLE tem lugar num bairro de lata […] Um ambiente que qualquer outro filme retrataria pela desolação transforma-se aqui num mundo orgulhosamente romântico e onírico. […] O cósmico e o íntimo são uma unidade.” (Peter von Bagh, citado pelo festival Il Cinema Ritrovato 2023) Na última passagem do filme na Cinemateca, em 2002, Manuel Cintra Ferreira notava a linhagem da personagem de Tracy em SEVENTH HEAVEN, qualificando-a como uma das mais fascinantes do universo de Borzage e a mais próxima de Charlot. Entre as cenas mais fulgurantes, um banho ao luar; as estrelas observadas por um alçapão improvisado. A apresentar em cópia digital.

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28/03/2024, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
50 Anos de Abril: Que Farei Eu com Esta Espada ?
Liberty | Menschen am Sonntag
duração total da projeção: 92 min | M/12
Liberdade

Com acompanhamento ao piano por Daniel Schvetz
LIBERTY
de Leo McCarey
com Stan Laurel, Oliver Hardy, Tom Kennedy, Sam Lufkin
Estados Unidos, 1929 – 18 min /mudo, intertítulos em inglês legendados eletronicamente em português

MENSCHEN AM SONNTAG
“Gente ao Domingo”
de Curt e Robert Siodmak, Edgar G. Ulmer, Fred Zinnemann
com Erwin Splettstosser, Brigitte Borchert, Wolfgang von Waltershausen
Alemanha, 1929 – 74 min / mudo, intertítulos em alemão legendados eletronicamente em português

Dois títulos de 1929, vindos de Hollywood e da República de Weimar. LIBERTY de Leo McCarey, com Laurel & Hardy, vulgo Bucha e Estica, segue as personagens recém-fugidas da prisão num carro onde trocaram inadvertidamente de calças. É o gag do filme, perseguido à exaustão e que segue para as alturas de uns andaimes com vista sobre o precipício da cidade. MENSCHEN AM SONNTAG, “um filme de e para amadores”, é o célebre filme cooperativo que revelou uma série de nomes de que a história do cinema iria guardar boa memória – além dos citados como realizadores, ainda Billy Wilder (no argumento) e Eugen Schüftan (na fotografia). Rodado com atores amadores ao longo de uma sucessão de domingos, segue as vidas de um punhado de berlinenses. A despreocupação e o lazer contrastam com as sombras perfiladas no horizonte, num filme que é um extraordinário documento sobre a “vida normal” na Berlim do final da década de vinte, uma obra seminal realizada no espírito da República de Weimar que influenciaria gerações de cineastas em todo o mundo. LIBERTY é apresentado em cópia digital.

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28/03/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
FILMar: Paisagens Literárias e Marítimas
Impressões da Figueira da Foz | Sinais de Vida
duração total da projeção: 84 min | M/12
Sessão com apresentação
IMPRESSÕES DA FIGUEIRA DA FOZ
de Manuel Toledo
Portugal, 1932 - 8 min

SINAIS DE VIDA
de Luís Filipe Rocha
com Luís Miguel Cintra, Clara Joana, Costa Ferreira
Portugal, 1984 - 76 min

Antes de SINAIS DE FOGO, que Luís Filipe Rocha assinou a partir do romance de Jorge de Sena, houve este SINAIS DE VIDA, documentário sobre as motivações, a perspetiva e as questões de um autor que atravessou o século XX português intrigado com as fronteiras da identidade individual e coletiva, e a possibilidade de resgate que a literatura poderia propor. O documentário aponta as influências, observa as ligações e propõe uma leitura sobre a relação entre memória e pensamento de um autor que formou, pela crítica, escrita e ética, o modo de ver e exigir nacionais. A completar a sessão, um filme sobre a Figueira da Foz, cenário de SINAIS DE FOGO, no período equivalente ao do romance, a década de 1930, a partir do qual a memória de Jorge de Sena ajudou a construir uma outra leitura de um Portugal a iniciar a mais longa ditadura europeia ao mesmo tempo que procurava a modernização e o lazer.

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28/03/2024, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Liberdade Pré-Código
Christopher Strong
O Que Faz o Amor
de Dorothy Arzner
com Katharine Hepburn, Colin Clive, Billie Burke, Helen Chandler, Ralph Forbes
Estados Unidos, 1933 - 78 min
legendado eletronicamente em português | M/12
CHRISTOPHER STRONG tornou-se um título de culto nos anos 1970 feministas. Em 1933, ainda pré-Código, com argumento de Zoë Akins na linha original do cinema de Arzner, era o segundo filme de Katharine Hepburn e o primeiro da atriz num papel principal: Lady Cynthia é uma temerária aviadora convicta da sua independência que se apaixona – com inadvertida correspondência – por um homem casado, sendo amiga da filha e da mulher deste (extraordinária Billie Burke). Não corre bem, não há final feliz. Pauline Kael referiu-o como “um dos raros filmes contados na perspetiva sexual de uma mulher”. Ainda que o desfecho fatal baralhe a ousadia da abordagem, restaurando a norma (ser mulher, ter em simultâneo uma carreira e um relacionamento amoroso, que além do mais desafiava a conjugalidade e não negava a decência, seria demais mesmo na Hollywood pré-Código), CHRISTOPHER STRONG navega uma assinalável complexidade. É também o filme em que Hepburn é esplendorosa no seu fato completo de aviadora e espampanante quando enverga um colante traje prateado para ir a uma festa como se viesse de outro planeta. A apresentar em cópia digital.

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