CICLO
História Permanente do Cinema Português


Retomando a viagem pelo nosso cinema dos anos trinta, chega a vez de reexibir uma obra que foi de algum modo placa giratória de algumas das tendências e percursos individuais em jogo nos inícios dessa década – e que mostramos este mês também por ocasião da abertura da exposição temporária dedicada às rodagens paralelas de A CANÇÃO DE LISBOA e GADO BRAVO.
 
 
22/05/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo História Permanente do Cinema Português

Gado Bravo
de António Lopes Ribeiro, Max Nosseck
Portugal, 1934 - 107 min | M/12
 
22/05/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
História Permanente do Cinema Português
Gado Bravo
de António Lopes Ribeiro, Max Nosseck
com Nita Brandão, Olly Gebauer, Mariana Alves, Raul de Carvalho, Sig Arno, Arthur Duarte
Portugal, 1934 - 107 min | M/12
Fazendo eco da temática da SEVERA (Leitão de Barros, 1931), este é o filme em que Lopes Ribeiro se lança na realização de longas-metragens, uma área cujo trabalho seguinte será, sintomaticamente, A REVOLUÇÃO DE MAIO (1937). Nesta estreia, tem como como “supervisor” o alemão Max Nosseck e como assistente Arthur Duarte, que por sua vez se iniciará na realização quatro anos depois, com OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA (outro dos filmes truncados da época, cujo material sobrevivente exibiremos ainda nesta rubrica). As ligações entre estes homens iam contudo para além disso, uma vez que Duarte era também um dos intérpretes, e porque, na sequência da sua presença como ator no cinema alemão entre 1927 e 1933, terá sido ele a estabelecer os contactos que trouxeram temporariamente para Portugal Nosseck e os outros refugiados alemães de origem judaica que participaram no filme (técnicos vários, além do ator Siegfried Arno). O filme conta a história de um ganadeiro e cavaleiro dividido entre duas mulheres, enquadrando-a na paisagem ribatejana e nas lides no Campo Pequeno. À época, foi especialmente relevada a junção do humor com o sentido de ritmo, como José Régio assinalou na Presença. Hoje, uma das coisas que será mais curioso analisar é justamente a coincidência e a concorrência entre este projeto e o de A CANÇÃO DE LISBOA – eventuais sintomas de caminhos que, à época, pelo menos em parte, ainda poderiam ser vistos como alternativos para o que viria a passar-se no cinema português.