CICLO
Homenagem a Andrea Tonacci


O cinema de Andrea Tonacci chegou à Cinemateca em 2012, no contexto do Ciclo “O Cinema Marginal Brasileiro e as suas fronteiras”, com as suas primeiras obras realizadas entre 1965 e 1970 (as três que agora voltamos a exibir, incluindo a sua longa inicial, BANGBANG). A isso sucedeu – em 2015, já em colaboração com os Encontros do Fundão e contando com a presença do autor - a programação de obras mais recentes, feitas após a inflexão do seu trabalho para áreas do documentário e do cinema-ensaio em que abordou especialmente as culturas autóctones. Conhecida a sua morte em dezembro último, decidimos (mais uma vez em parceria com os “Encontros”) voltar ao seu universo, evocando de novo as suas icónicas obras da fase inicial e prestando assim homenagem ao autor de um trabalho imensamente original cuja presença na Cinemateca deixou uma marca profunda.
 
 
03/06/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Homenagem a Andrea Tonacci

Olho por Olho | Blablabla | Bang Bang
duração total da sessão: 141 min | M/12
 
03/06/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Homenagem a Andrea Tonacci

Em colaboração com os Encontros Cinematográficos do Fundão
Olho por Olho | Blablabla | Bang Bang
duração total da sessão: 141 min | M/12
OLHO POR OLHO
com Daniele Gaudin, Fábio Sigolo, Francisco Arruda
BLABLABLA
com Paulo Gracindo, Nelson Xavier, Irma Alvarez
Brasil, 1968 – 28 min
BANG BANG
com Paulo César Pereio, Abraaão Farc, Ezequiel Marques
de Andrea Tonacci
Brasil, 1966, 1968 e 1971 – 20, 28 e 93 min

Na primeira fase da sua carreira, como cineasta do “underground” brasileiro, em São Paulo, Andrea Tonacci realizou alguns filmes extremamente originais, que absorvem as formas da Nouvelle Vague e do underground americano. OLHO POR OLHO sintetiza esta dupla filiação, numa ficção que acompanha personagens de grande violência e irracionalidade. Segundo filme de Tonacci, BLABLABLA é um brilhante panfleto político, em que Tonacci contrapõe o discurso fascista de um ditador, não muito diferente do de alguns generais brasileiros, imagens de arquivo e imagens encenadas de um grupo de guerrilheiros em ação. Deste modo, o realizador contrapõe o vazio da palavra, sublinhado pelo título do filme e a urgência da ação política. Mais lúdico, BANG BANG mostra-nos um homem que percorre São Paulo às voltas com acontecimentos que escapam ao seu controle.  Filmado a preto e branco com grande virtuosidade, repleto de travellings muito precisos, o filme foi inicialmente concebido em sete sequências, que poderiam ser mostradas numa ordem variada, como CHELSEA GIRLS, de Andy Warhol, embora o realizador tenha decidido dar-lhe uma montagem definitiva para a distribuição e tenha desistido desta estrutura aleatória. Composto por uma série de segmentos sem relação direta, embora com uma personagem principal, trata-se de um filme extremamente forte, ao mesmo tempo conceptual e muito material. Realizado por um homem de apenas 23 anos, BANG BANG foi apresentado na Quinzena de Realizadores em Cannes, a convite do crítico português exilado José Novaes Teixeira.