CICLO
Lubitsch Americano


A integral da obra americana de Ernst Lubitsch vem de março, retomando, em segunda projeção, o último título da sua filmografia (THAT LADY IN ERMINE, concluído por Preminger), mas para recuar, agora, aos primeiros Lubitsch em Hollywood do período mudo, os hoje pouco vistos títulos dos anos vinte (ROSITA, THE MARRIAGE CIRCLE, THREE WOMEN, SO THIS IS PARIS, ETERNAL LOVE…), ao seu primeiro “talkie” (THE LOVE PARADE) e a um dos mais famosos títulos da década de trinta (THE SMILING LIEUTENANT).
Assente num elaborado trabalho de mise-en-scène, em que são fundamentais a dramaturgia, a disposição dos elementos num espaço sacudido pela temporalidade do ritmo cinematográfico, de que as elipses são um exemplo claro, e em que a circulação é a grande figura, o cinema de Lubitsch pauta-se pela séria ligeireza do seu inconfundível estilo. A sua sofisticação, elegância, subtileza, poder de sugestão e de deriva, a capacidade de surpreender nos mais e nos menos esperados dos instantes, foram sendo apurados ao longo dos anos vinte e depurados a partir deles. Desde que começou a realizar filmes, na Alemanha, em 1918, Lubitsch confrontou experimentalmente a linguagem cinematográfica encarando a dimensão dramática do cinema como indissociável da sua expressão formal.
 
 
05/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

If I Had a Million
Se Eu Tivesse Um Milhão
de James Cruze, H. Bruce Humberstone, Ernst Lubitsch, Norman Z. McLeod, Stephen Roberts, William A. Seiter, Norman Taurog
Estados Unidos, 1932 - 90 min
 
06/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

The Man I Killed / Broken Lullaby
O Homem que Eu Matei
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1932 - 77 min
07/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

Rosita
Rosita, Cantora das Ruas
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1923 - 93 min
11/04/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Lubitsch Americano

The Love Parade
A Parada do Amor
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1929 - 70 min
12/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lubitsch Americano

So This is Paris
A Loucura do Charleston
de Ernst Lubitsch
Estados Unidos, 1926 - 80 min
05/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
If I Had a Million
Se Eu Tivesse Um Milhão
de James Cruze, H. Bruce Humberstone, Ernst Lubitsch, Norman Z. McLeod, Stephen Roberts, William A. Seiter, Norman Taurog
com Charles Laughton (no episódio de Lubitsch), Gary Cooper, George Raft, W.C. Fields, Charlie Ruggles
Estados Unidos, 1932 - 90 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Devido a motivos alheios à Cinemateca não foi possível desalfandegar a tempo a cópia do filme THE SMILING LIEUTENANT, pelo que não é possível exibir o filme na sessão inicialmente prevista. Em substituição será exibido o filme do mesmo ciclo IF I HAD A MILLION, de James Cruze, H. Bruce Humberstone, Ernst Lubitsch, Norman Z. McLeod, Stephen Roberts, William A. Seiter, Norman Taurog.
Célebre e divertido filme de “sketches” assinados por sete realizadores, numa produção Paramount indelevelmente ligada ao espírito dos anos trinta da sua época. O pretexto narrativo, comum, é um milhão de dólares caído do céu para braços anónimos: um milionário à beira da morte escolhe ao acaso, na lista telefónica, oito pessoas a quem deixa um cheque de um milhão de dólares; cada um fará da inesperada fortuna um uso diferente. O episódio de Lubitsch, THE CLERK, põe Charles Laughton no papel de um pequeno empregado em momento de libertação laboral. Curtíssimo, sem diálogos e com um sonoro assobio final, cheio de portas que se atravessam sugerindo tratar-se de um filme de plano único, é um segmento de antologia.

 
06/04/2017, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
The Man I Killed / Broken Lullaby
O Homem que Eu Matei
de Ernst Lubitsch
com Phillips Holmes, Lionel Barrymore, Frank Sheridan, Nancy Carroll, Louise Carter
Estados Unidos, 1932 - 77 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Devido a motivos alheios à Cinemateca não foi possível desalfandegar a tempo a cópia do filme THE SMILING LIEUTENANT, pelo que não é possível exibir o filme na sessão inicialmente prevista. Em substituição será exibido o filme do mesmo ciclo THE MAN I KILLED / BROKEN LULLABY, de Ernst Lubitsch

Adaptando a peça de Maurice Rostand (L’homme que j’ai tué, 1930), dela guardou o título original, que a distribuição americana alterou para BROKEN LULLABY sob o argumento de evitar equívocos sobre a natureza da história. É o filme da exceção à regra das comédias associadas a Lubitsch e ao “Lubitsch touch” a partir de finais dos anos vinte, no período sonoro da sua obra. THE MAN I KILLED, centrado na guerra, no crime, nos seus rituais e no modo como atuam sobre as consciências, ocupa um importante lugar na história do melodrama e tem uma carta como elemento decisivo da ação dramática: um soldado francês atormentado pelo sentimento de culpa de mortes praticadas em tempo de guerra, apaixona-se pela antiga mulher de um soldado alemão que matou. O “Lubitsch touch” está aqui, com a mesma desmedida, mas em tom grave. Conciso e cru.

07/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
Rosita
Rosita, Cantora das Ruas
de Ernst Lubitsch
com Mary Pickford, Holbrook Blinn, Irene Rich, George Walsh, Charles Belcher
Estados Unidos, 1923 - 93 min
mudo, intertítulos em russo legendados eletronicamente em português | M/12
Com acompanhamento ao piano por Bruno Schvetz
O primeiro filme de Lubitsch nos Estados Unidos, onde chegou como “o Griffith europeu”, foi feito no rasto do grande sucesso de MADAME DUBARRY (1919) e a convite e à medida de Mary Pickford (para a Mary Pickford Company, United Artists), embora os dois não viessem a entender-se nem a prolongar a colaboração. Pickford terá reconhecido em Lubitsch o homem que pôs Ossi Oswalda e, sobretudo, Pola Negri na ribalta (sendo elas as atrizes recorrentes dos seus filmes alemães), mas durante a rodagem a atriz exasperou-se por ver nele “um realizador de portas! é tudo o que o interessa, portas!” ou, noutra versão, a não gostar que ROSITA tenha sido recebido mais como “um filme de Lubitsch” do que como “um filme de Pickford”, o que esteve na origem da sua retirada de circulação durante largos anos. Adaptando um melodrama do século XIX, Don Cesar de Bazan, a história é a de uma cantora de rua, Rosita, apaixonada por um nobre sem dinheiro que, desejando casar com ela, o rei condena à morte. A apresentar em cópia vídeo, do Filmmuseum München.


 
11/04/2017, 18h30 | Sala Luís de Pina
Lubitsch Americano
The Love Parade
A Parada do Amor
de Ernst Lubitsch
com Maurice Chevalier, Jeanette MacDonald, Lupino Lane, Lillian Roth
Estados Unidos, 1929 - 70 min
legendado eletronicamente em português | M/12
O primeiro “talkie” de Lubitsch é também o primeiro em que dirige Maurice Chevalier e Jeanette MacDonald (ele, no primeiro dos cinco Lubitsch da sua filmografia em Hollywood; ela em estreia no cinema), depois de novo juntos em ONE HOUR WITH YOU e THE MERRY WIDOW. E é o primeiro da série de musicais que Lubitsch filmou entre 1929 e 1934, um musical na tradição da opereta europeia e pioneiro do género hollywoodiano, realizado dois anos depois da chegada do som ao cinema: as canções integram a ação pontuando a sua intensidade emocional, feita de paralelismos e da fluidez dos movimentos de câmara, que no começo do sonoro Lubitsch não manteve parada.
 
12/04/2017, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Lubitsch Americano
So This is Paris
A Loucura do Charleston
de Ernst Lubitsch
com Monte Blue, Patsy Ruth Miller, André Béranger, Lilyan Tashman
Estados Unidos, 1926 - 80 min
mudo, intertítulos em checo legendados eletronicamente em português | M/12
Com acompanhamento ao piano por Filipe Raposo
Alguns críticos consideram SO THIS IS PARIS o filme mais divertido do período mudo americano de Lubitsch. Retomando o tema de DAS FIDELE GEFANGNIS (“A ALEGRE PRISÃO”, 1917), a trama narrativa é baseada na opereta O Morcego, de Johan Strauss Jr. com a ação transposta para os Estados Unidos dos anos vinte. Um homem vai salvar uma mulher que está a ser agredida por um árabe descobrindo tratar-se de uma cena representada por dois atores num ensaio, mas também que ela fora sua amante. A isto segue-se uma série de trocas cruzadas de casais. Tudo com a leveza, o cinismo e a perfeição caraterísticos do cinema de Lubitsch. Prodigioso no partido que tira do espaço cénico e dos movimentos de câmara. Um filme mudo dançado.