CICLO
Encontro com Béla Tarr


Em 1994, no quadro de uma "Semana de Cinema Húngaro", a Cinemateca revelou Béla Tarr em Portugal. Mostrou SÁTÁNTANGÓ (1993) e, em 1997, com Béla Tarr como convidado, fez-se uma retrospetiva contextualizada da obra do cineasta húngaro ("Cineastas para o Século XXI" e "A Escolha de Béla Tarr"). Desde então a obra de Tarr – que entretanto se tornou uma das figuras centrais do cinema europeu e mundial – foi frequentemente revisitada nas nossas salas, e todos os seus filmes posteriores, de WERCKMEISTER HARMONIAK a O CAVALO DE TURIM, foram vistos nesta Cinemateca. Dezanove anos depois da retrospetiva de 1997, voltamos a encontrar Béla Tarr em pessoa, que estará uma semana connosco apresentando cinco dos seus filmes – do muito obscuro, mas genial, MACBETH, ao celebrado monumento que é SÁTÁNTANGÓ – e quatro filmes de outros realizadores que o marcaram ou influenciaram. Haverá também, no primeiro dia de julho, uma sessão inteiramente consagrada a um “encontro” propriamente dito, em que Tarr estará disponível para dialogar com os seus espectadores.

 
27/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Encontro com Béla Tarr

Szegënelegények
Os Oprimidos
de Miklos Jancsó
Hungria, 1965 - 86 min
 
27/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Encontro com Béla Tarr

Karhozat
“Perdição”
de Béla Tarr
Hungria, 1987 - 120 min
28/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Encontro com Béla Tarr

Katzelmacher
“O Emigrante”
de Rainer W. Fassbinder
Alemanha, 1969 - 88 min
28/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Encontro com Béla Tarr

Panelkapcsolat
“Gente Pré-Fabricada”
de Béla Tarr
Hungria, 1982 - 102 min
29/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Encontro com Béla Tarr

Tokyo Monogatari
“Viagem a Tóquio”
de Yasujiro Ozu
Japão, 1953 - 135 min
27/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Encontro com Béla Tarr
Szegënelegények
Os Oprimidos
de Miklos Jancsó
com Janos Görbe, Tibor Molnár, András Kozák
Hungria, 1965 - 86 min
legendado em português | M/12
com a presença de Béla Tarr

Miklos Jancsó estreou-se nas longas-metragens em 1958 e sempre adotou um estilo cinematográfico particular, bastante distinto do das novas vagas da Europa Central. Jancsó faz um cinema quase coreografado, mas no âmbito de uma reflexão sobre a História da Hungria, “em que vencedores e vencidos são levados pelo mesmo turbilhão”. Situado em 1869, OS OPRIMIDOS aborda a pacificação do país, a liquidação de um bando de bandidos românticos, com a intenção, segundo as palavras do realizador, de “convidar os húngaros a perceber que a nossa história é bem menos agradável do que costumamos pensar.”
 

27/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Encontro com Béla Tarr
Karhozat
“Perdição”
de Béla Tarr
com Gábor Balogh, János Balogh, Peter Breznyik Berg
Hungria, 1987 - 120 min
legendado em inglês e eletronicamente em português
com a presença de Béla Tarr

O filme-charneira, que inaugura a “segunda fase” da obra de Tarr, marcada pela continuidade estilística e temática que se ramificaria até ao derradeiro O CAVALO DE TURIM. É também o filme em que Tarr se rodeia de um núcleo de colaboradores (de Laszlo Kraznahorkai para o argumento a Mihaly Vig para a música) que se tornaria decisivo para toda a obra futura. O retrato de uma Hungria lamacenta e chuvosa, uma tristeza paupérrima, que podem corresponder a uma visão do país nos anos do estertor do regime comunista mas que abrem sempre para uma dimensão universal – a esperança (ou falta dela) não é, no cinema de Tarr, uma questão meramente política. Um filme belíssimo, com formidáveis sequências que a música de Vig torna verdadeiramente hipnóticas.

28/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Encontro com Béla Tarr
Katzelmacher
“O Emigrante”
de Rainer W. Fassbinder
com Rainer W. Fassbinder, Hanna Schygulla, Lilith Ungerer, Irm Hermann
Alemanha, 1969 - 88 min
legendado eletronicamente em português | M/12
com a presença de Béla Tarr

KATZELMACHER, a segunda longa-metragem de Fassbinder, baseia-se numa peça de sua autoria e foi filmada num estilo semelhante a “O AMOR É MAIS FRIO QUE A MORTE” e a “OS DEUSES DA PESTE”: a preto e branco, com predominância do branco, longos planos fixos, uma trama e uma encenação “minimalistas”. O título do filme, que se pode traduzir literalmente por “o fazedor de gatos” é um termo pejorativo para designar os imigrantes, que supostamente fazem filhos às ninhadas, como os gatos. O próprio Fassbinder representa o papel de um imigrante grego, hostilizado por uma série de jovens alemães parasitas e oportunistas e o desenlace sugere duas opções possíveis: uma fascista, a outra anarquista.

28/06/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Encontro com Béla Tarr
Panelkapcsolat
“Gente Pré-Fabricada”
de Béla Tarr
com Judit Pogány, Robert Koltai
Hungria, 1982 - 102 min
legendado eletronicamente em português | M/12
com a presença de Béla Tarr

Um dos primeiros momentos significativos para Béla Tarr em termos de reconhecimento crítico internacional, com uma menção honrosa ganha em Locarno 1982. PANELKAPCSOLAT, que será o filme em que mais se nota a influência de um dos poucos cineastas americanos realmente admirados por Béla Tarr (John Cassavetes), é um retrato, amargo e cerrado, de um casal de operários na Hungria comunista dos anos oitenta, ainda antes de começarem a soprar os ventos da “perestroika” e das mudanças no Leste da Europa. É uma oportunidade para ver Tarr a trabalhar num registo realista muito direto e muito quotidiano, antes da estilização, a tender para a “metafísica”, que em breve se tornaria caraterística do seu cinema.

29/06/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Encontro com Béla Tarr
Tokyo Monogatari
“Viagem a Tóquio”
de Yasujiro Ozu
com Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara
Japão, 1953 - 135 min
legendado em português
com a presença de Béla Tarr

A projeção de TOKYO MONOGATARI / VIAGEM A TÓQUIO, substitui a do inicialmente programado INTIMI OSVETLENI / “LUZ ÍNTIMA”. Esta substituição deve-se à indisponibilidade da cópia do filme de Ivan Passer para a data prevista da sua apresentação, em Lisboa, por Béla Tarr.
Conhecido em inglês como Tokyo Story, este foi o filme através do qual os espectadores ocidentais descobriram tardiamente o cinema de Ozu, em meados dos anos 70. Um casal idoso vai visitar os filhos em Tóquio, mas estes não têm tempo para lhes dar atenção. Este é o pretexto para Ozu abordar o tema central do seu cinema na fase final da sua obra, a dissolução de uma família, a separação dos membros que a compõem, a resignação diante daquilo que muda. Um momento sublime de cinema, um cineasta no apogeu da sua arte. A exibir em cópia digital.