CICLO
1966, Uma Viagem Fantástica


Em 1966 o mundo estava a mudar e o cinema também. Enquanto a guerra do Vietname estava a ferro e fogo, com mais de 250 mil soldados americanos envolvidos no conflito, morria Walt Disney, essa máxima expressão da mais sonhadora inocência americana. John Ford fazia o último filme (SEVEN WOMEN) no mesmo ano em que Monte Hellman fazia o primeiro (THE SHOOTING). Na China tinha início a Revolução Cultural, a URSS voltava a fechar-se depois do breve período de degelo a seguir à morte de Estaline, e em França sentiam-se os sinais da iminente “revolução cultural” de 1968, com o episódio em torno da censura do LA RELIGIEUSE de Jacques Rivette e a coincidência de ser o ano do FARENHEIT 451 de Truffaut, um filme sobre a censura. Menos simbolicamente, foi o ano em que um dos grandes estúdios clássicos de Hollywood, a Paramount, foi vendido à Gulf + Western, uma companhia petrolífera – assim marcando o arranque de uma nova era em que os estúdios deixariam de ser entidades independentes para serem “companhias” integradas em grandes corporações. Esse dado, associado à estreia do último filme de Ford e à morte de Disney, tornam aceitável que se decrete 1966 como o ano do óbito da época clássica. Enquanto isso, a modernidade vibrava: é o ano do PERSONA de Bergman, é o ano do BLOW-UP de Antonioni, é ano do PÈRE NOEL de Eustache e do par de filmes – MASCULIN FEMININ e MADE IN USA – do febril Godard, que por si mesmos quase condensam todo o zeitgeist de 1966, entre a atmosfera política e a intensidade da cultura pop (que teve em 1966 um ano mágico, com a edição do Pet Sounds dos Beach Boys, do Blonde on Blonde de Dylan, do Revolver dos Beatles). Em Portugal, nesta altura, o cinzentismo dos dias encontrava algum consolo em Eusébio e nos Magriços do Mundial de Inglaterra, enquanto a guerra em África era um assunto que se fazia por esquecer – mas que surgia mencionado no filme que Paulo Rocha estreou nesse ano, e que dizia muito claramente: MUDAR DE VIDA.
Cinquenta anos depois, revisitamos esse estranho ano de 1966, através de um percurso por alguns dos seus filmes mais significativos.
 

 
12/01/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 1966, Uma Viagem Fantástica

The Chase
Perseguição Impiedosa
de Arthur Penn
Estados Unidos, 1966 - 133 min
 
13/01/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo 1966, Uma Viagem Fantástica

The Chase
Perseguição Impiedosa
de Arthur Penn
Estados Unidos, 1966 - 133 min
13/01/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 1966, Uma Viagem Fantástica

Sedmikrasky
Jovens e Atrevidas
de Vera Chytilová
Checoslováquia, 1966 - 75 min
13/01/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 1966, Uma Viagem Fantástica

Le Père Noël a les Yeux Bleus | Masculin Féminin
duração total da sessão: 147 min | M/12
14/01/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo 1966, Uma Viagem Fantástica

Chimes at Midnight
As Badaladas da Meia Noite
de Orson Welles
Espanha, Suíça, 1966 - 115 min
12/01/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1966, Uma Viagem Fantástica
The Chase
Perseguição Impiedosa
de Arthur Penn
com Marlon Brando, Robert Redford, Jane Fonda
Estados Unidos, 1966 - 133 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Arthur Penn, um dos principais nomes daquela “geração intermédia” do cinema americano que viveu justamente nos anos sessenta o seu período de maior destaque, assina aqui um dos seus filmes mais poderosos. Poderoso é o casting, o emparelhamento de Marlon Brando (um xerife de uma pequena localidade) e Robert Redford (um fugitivo da prisão, apesar de inocente do crime de que foi acusado). Poderosa é a ação, filmada com aquele sentido fotográfico do melhor Arthur Penn. Poderoso é, enfim, o olhar que esta narrativa permite lançar sobre uma “América profunda” sempre em estado de convulsão.

13/01/2016, 18h30 | Sala Luís de Pina
1966, Uma Viagem Fantástica
The Chase
Perseguição Impiedosa
de Arthur Penn
com Marlon Brando, Robert Redford, Jane Fonda
Estados Unidos, 1966 - 133 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Arthur Penn, um dos principais nomes daquela “geração intermédia” do cinema americano que viveu justamente nos anos sessenta o seu período de maior destaque, assina aqui um dos seus filmes mais poderosos. Poderoso é o casting, o emparelhamento de Marlon Brando (um xerife de uma pequena localidade) e Robert Redford (um fugitivo da prisão, apesar de inocente do crime de que foi acusado). Poderosa é a ação, filmada com aquele sentido fotográfico do melhor Arthur Penn. Poderoso é, enfim, o olhar que esta narrativa permite lançar sobre uma “América profunda” sempre em estado de convulsão.

13/01/2016, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
1966, Uma Viagem Fantástica
Sedmikrasky
Jovens e Atrevidas
de Vera Chytilová
com Jitka Cerhová, Ivana Karbanová
Checoslováquia, 1966 - 75 min
legendado em português | M/12

Um dos grandes clássicos das novas vagas europeias dos anos sessenta. Duas belas jovens chamadas Marie atravessam diversas aventuras, em que fazem tudo para se divertir. Vão a piscinas públicas, a night clubs, provocam os homens, destroem tudo durante um banquete. “Já que o mundo destrói tudo, destruamos o mundo!”. Segundo a realizadora, trata-se de “uma comédia bizarra, com elementos de sátira e sarcasmo em relação às duas protagonistas”. Com cores fortes, este talvez seja o filme mais pop da “outra Europa”.

13/01/2016, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1966, Uma Viagem Fantástica
Le Père Noël a les Yeux Bleus | Masculin Féminin
duração total da sessão: 147 min | M/12

LE PERE NOËL A LES YEUX BLEUS
de Jean Eustache
com Jean-Pierre Léaud, Gérard Zimmermann, Henri Martinez, René Gilson, Jean Eustache
França, 1966 – 47 min / legendado em português
MASCULIN FÉMININ
Masculino Feminino
de Jean-Luc Godard
com Jean-Pierre Léaud, Chantal Goya, Marlène Jobert, Michel Debort
França, Suécia, 1966 – 100 min / legendado em português

"Este filme poderia ser chamado Os Filhos de Marx e da Coca-Cola”. Eis a mais famosa citação de MASCULIN FÉMININ que corresponde a um intertítulo que divide os seus capítulos. MASCULIN FÉMININ aborda a relação sentimental de Paul (Léaud), um jovem marxista, e Madeleine (Goya), cantora da “geração Coca-Cola”. Baseando-se em dois contos de Guy de Maupassant, Godard cria um importante retrato de uma juventude dividida e de uma sociedade que enfrenta a mudança. A dimensão subversiva do filme, que fez com que fosse proibido em França a menores de 18 anos, estende-se, obviamente, à sua forma. A abrir a sessão, o segundo filme assinado por Jean Eustache, com película cedida por Godard e desviada da rodagem de MASCULIN FÉMININ – os dois filmes foram rodados praticamente em simultâneo com Jean-Pierre Léaud a dividir-se entre um plateau e outro
 

14/01/2016, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
1966, Uma Viagem Fantástica
Chimes at Midnight
As Badaladas da Meia Noite
de Orson Welles
com Orson Welles, Jeanne Moreau, Margaret Rutheford, John Gielgud, Marina Vlady, Keith Baxter
Espanha, Suíça, 1966 - 115 min
legendado eletronicamente em português | M/12

Utilizando uma personagem de várias peças, Sir John Falstaff, companheiro de folia da juventude de Henrique IV, a terceira adaptação de Shakespeare por Orson Welles, é um dos filmes que melhor capta o espírito da obra do grande dramaturgo. Trata-se de uma história de amizade traída em nome dos interesses do Estado, com uma das maiores cenas de batalha jamais filmadas, onde a fúria dá lugar ao cansaço e o sangue se mistura com a lama. A apresentar em cópia digital.