CICLO
Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni


Na segunda edição das “Histórias do Cinema” de 2015, o crítico e historiador italiano Adriano Aprà vem à Cinemateca apresentar uma seleção de cinco filmes de Michelangelo Antonioni. Esta rubrica regular da programação assenta na ideia de um binómio, para cinco tardes e em torno de cinco filmes (ou em cinco sessões, com número variável de obras projetadas): dum lado, um investigador de cinema – historiador, crítico, ensaísta, podendo também tratar-se de realizador ou técnico, por exemplo; de outro, um autor ou um tema histórico abordado pelo primeiro. O investigador discorre e conversa sobre o tema numa sequência de encontros que são antes de mais pensados como uma experiência cumulativa.
Adriano Aprà é um dos maiores historiadores italianos e um dos nomes fundamentais da crítica europeia desde os anos setenta. Colaborador da revista Filmcritica e cofundador de Cinema e Film, dirigiu os festivais de cinema de Salsomaggiore (nos anos setenta e oitenta) e de Pesaro (durante a década de noventa), que foram dos mais exigentes de Itália. Dirigiu também a Cineteca Nazionale, em Roma, entre 1998 e 2002. Escreveu abundantemente sobre o cinema italiano, assim como sobre outros autores do moderno cinema europeu, entre eles Warhol, Godard ou Straub-Huillet.
Para estas “Histórias do Cinema”, Aprà escolheu Antonioni, autor maior do modernismo cinematográfico em toda a segunda metade do século XX. Foi um dos principais obreiros da reinvenção do cinema italiano na fase pós-neorrealismo, e criou uma escrita própria – da duração, da elipse, do espaço vazio e da abertura de sentido – que deixou rasto. Entre os anos cinquenta e os anos setenta, poucos cineastas foram levados tão a sério como Antonioni, tanto a nível do “fundo” (os temas da alienação e da incomunicabilidade do casal) quanto da “forma”. Antonioni praticava um cinema ostensivamente purista, formalista, idealista, em que os cenários urbanos e modernos são predominantes. Analista de classes sociais, Antonioni trabalhou a alienação para além do mero conceito de alienação burguesa, sendo um dos grandes cronistas da sociedade italiana e europeia das décadas em causa.

 

sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Adriano Aprà
as intervenções de Adriano Aprà são feitas em francês, sem tradução simultânea

INFORMAÇÃO SOBRE AS SESSÕES E VENDA ANTECIPADA DE BILHETES
Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime de venda de bilhetes específico, fazendo um preço especial e dando prioridade a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir todas as sessões (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa) poderá comprar antecipadamente a sua entrada pelo preço global de € 22 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 12 – Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 10) entre 2 e 7 de fevereiro. Os lugares que não tenham sido vendidos serão depois disponibilizados através do normal sistema de venda no próprio dia de cada sessão, no horário de bilheteira habitual e de acordo com o preço específico destas sessões, € 5 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 3 – Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 2,60).
 

 
09/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni

IL GRIDO
O Grito
de Michelangelo Antonioni
Itália, 1957 - 110 min
 
10/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni

LA NOTTE
A Noite
de Michelangelo Antonioni
Itália, 1961 - 119 min
11/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni

L’ECLISSE
O Eclipse
de Michelangelo Antonioni
Itália, França, 1962 - 125 min
12/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni

PROFESSIONE: REPORTER
Profissão: Repórter
de Michelangelo Antonioni
Itália, França, Espanha, 1975 - 126 min
13/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni

PAR-DELÀ LES NUAGES
Para Além das Nuvens
de Michelangelo Antonioni
França, Itália, Alemanha, 1995 - 109 min
09/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni
IL GRIDO
O Grito
de Michelangelo Antonioni
com Alida Valli, Steve Cochran, Betsy Blair
Itália, 1957 - 110 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Adriano Aprà

as intervenções de Adriano Aprà são feitas em francês, sem tradução simultânea

A paisagem como reveladora dos sentimentos, no cinema de Antonioni. O que se adivinhava já em CRONACA DI UN AMORE (primeira longa-metragem, de 1950) tem aqui o seu momento de transição para a famosa trilogia da alienação aberta com L’AVVENTURA (1960). Em IL GRIDO, a paisagem reflete o estado de alma de Aldo, numa travessia de separação e experiência de falta de sentido para a vida. Ou segundo Antonioni: “[um filme que pretende] olhar para dentro do homem a quem roubaram a bicicleta e ver quais são os seus pensamentos, como se adequam, quanto ficou dentro dele de todas as experiências passadas, da guerra, do pós-guerra […], que coisas podem suceder a um homem que é abandonado pela sua mulher”. IL GRIDO tem uma segunda projeção a 21, no “Double Bill” das 15h30 (ver entrada respetiva).

10/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni
LA NOTTE
A Noite
de Michelangelo Antonioni
com Jeanne Moreau, Marcello Mastroianni, Monica Vitti, Bernhard Wicki
Itália, 1961 - 119 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Adriano Aprà

as intervenções de Adriano Aprà são feitas em francês, sem tradução simultânea

Segundo filme da “trilogia dos sentimentos” de Antonioni (L’AVVENTURA, LA NOTTE, L’ECLISSE), o autor que mudou alguma coisa no cinema com a “desconstrução da narrativa”. LA NOTTE é um filme “puro como a noite”, como escreveu à época um crítico francês, no qual vemos a morte do amor ao longo de uma noite de agonia. É sob o signo da morte que o filme começa, com o casal em crise visitando um amigo moribundo, que fora amante da mulher. Na reunião mundana da noite, o desespero, a náusea, a alienação dos sentimentos, levam ao confronto, à separação e a uma reconciliação que mais parece um ato de desespero. “Non ti amo più, e nemmeno tu mi ami ami più!” LA NOTTE tem uma segunda projeção a 23, às 15h30 (ver entrada em “Outras Sessões de Fevereiro”).

11/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni
L’ECLISSE
O Eclipse
de Michelangelo Antonioni
com Monica Vitti, Alain Delon, Lilla Brognone, Francisco Rabal, Louis Seigner
Itália, França, 1962 - 125 min
legendado eletronicamente em português | M/12
sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Adriano Aprà

as intervenções de Adriano Aprà são feitas em francês, sem tradução simultânea

O filme que encerra a “trilogia dos sentimentos” (e o último a preto e branco de Antonioni). Talvez o filme mais ostensivamente moderno de Antonioni, em todos os sentidos do termo. Monica Vitti é uma mulher que, depois da separação do amante, se encontra desamparada, procurando refazer a vida com um corretor da Bolsa, obcecado pelo jogo do dinheiro, o que a leva de novo à solidão. A sequência passada na Bolsa de Milão e as últimas imagens, quase abstratas, estão entre os momentos mais célebres da obra de Antonioni (“Prefiro filmar nos lugares autênticos porque a realidade estimula a minha fantasia”). L’ECLISSE tem uma segunda projeção a 26, às 15h30 (ver entrada em “Outras Sessões de Fevereiro”).

12/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni
PROFESSIONE: REPORTER
Profissão: Repórter
de Michelangelo Antonioni
com Jack Nicholson, Maria Schneider, Jenny Runacre, Ian Hendry
Itália, França, Espanha, 1975 - 126 min
legendado em português | M/12
sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Adriano Aprà

as intervenções de Adriano Aprà são feitas em francês, sem tradução simultânea

Ao contrário do “mal amado” ZABRISKIE POINT (1970), PROFISSÃO REPÓRTER foi uma obra adotada pelos espectadores de Antonioni desde a primeira hora, cedo rotulada como uma obra-prima. Filmado no deserto, é o filme em que Maria Schneider é uma rapariga sem nome e Jack Nicholson uma personagem que troca de identidade entre dois movimentos de câmara. Avulta como um dos grandes momentos da obra do mestre italiano e também como um exemplo da sua capacidade de renovar o seu cinema.

13/02/2015, 18h00 | Sala Luís de Pina
Histórias do Cinema: Adriano Aprà / Michelangelo Antonioni
PAR-DELÀ LES NUAGES
Para Além das Nuvens
de Michelangelo Antonioni
com Sophie Marceau, John Malkovich, Irène Jacob
França, Itália, Alemanha, 1995 - 109 min
legendado em português | M/16
sessões-conferência | apresentadas e comentadas por Adriano Aprà

as intervenções de Adriano Aprà são feitas em francês, sem tradução simultânea

Ferrara, Portofino, Paris, Aix-en-Provence: quatro paisagens para outras tantas histórias de amor e de rutura, de sentimentos inconfessos e de frustrações. Treze anos depois do anterior IDENTIFICAZIONE DI UNA DONNA, Antonioni, octogenário, paralisado e desprovido do uso da palavra devido a um derrame cerebral, regressou ao cinema com um filme que é uma súmula de toda a sua obra, tanto nos temas (o casal, o amor, o vazio num tempo que aliena cada vez mais os sentimentos) como na forma. Um adeus muito consciente ao cinema, por um dos seus grandes mestres. Wim Wenders dirige os episódios de ligação entre as quatro histórias. Na versão italiana, o filme, que vai ser apresentado na versão estreada em Portugal, intitula-se AL DI LÀ DELLE NUVOLE.