CICLO
A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial


Como já tinha sido anunciado na sessão de antecipação em julho, a Cinemateca co­organiza este ano com o festival Doclisboa as duas retrospetivas que integram o programa do festival. 
Na sua 20ª edição, o Doclisboa irá apresentar uma extensa retrospetiva intitulada A Questão Colonial, a ter lugar na Cinemateca Portuguesa e nas outras habituais salas do festival entre 6 e 16 de outubro, um programa que viaja entre 1950 e os dias de hoje, examinando a história da colonização, das guerras e da luta pela independência dos países africanos. A retrospetiva de autor será composta pela apresentação da filmografia quase integral de Carlos Reichenbach (1945­2012). Ultracinéfilo, autor de uma obra abundante, Carlos Reichenbach só foi reconhecido pela crítica em meados dos anos oitenta. Um dos nomes essenciais do chamado Cinema Marginal, movimento surgido como reação ao Cinema Novo e à sua institucionalização, Carlos Reichenbach foi autor de mais de duas dezenas de filmes, entre curtas e longas, realizadas ao longo de mais de 40 anos de carreira, sendo um dos principais cineastas associados ao cinema da Boca do Lixo, região central da cidade de São Paulo. Foi aqui que um conjunto de cineastas brasileiros levou a cabo a tarefa de criar produções de baixo orçamento cuja principal característica era serem um espaço de experimentação, mas em simultâneo tivessem apelo popular e espelhassem a realidade brasileira da altura dominada pela ditadura militar, não ligando às regras de produção nem à distribuição nos circuitos comerciais. Relativamente menos divulgado fora do Brasil que alguns dos seus colegas de geração, como Júlio Bressane e Rogério Sganzerla, a apresentação da obra corsária desse também indefetível cinéfilo que foi “o Carlão” (como era afetuosamente tratado por colegas e fãs) era uma intenção antiga da Cinemateca e surge na sequência de outros programas dedicados à cinematografia brasileira pós-­Cinema Novo como as retrospetivas Júlio Bressane em 2011 e Cinema Marginal Brasileiro e as Suas Fronteiras em 2012.
À exceção de LILIAN M. e ANJOS DO ARRABALDE e de duas curtas, todos os filmes de Carlos Reichenbach a exibir nesta ocasião são primeiras apresentações na Cinemateca. O Ciclo é praticamente integral (a exceção é a longa CORRIDA CONTRA O TEMPO, de que não existe atualmente qualquer cópia projetável), sendo a maioria dos filmes exibidos em cópias 35mm. Incluímos também no programa dois documentários de Eugenio Puppo sobre a figura de Reichenbach e da sua ligação ao movimento do Cinema Marginal. A produtora Sara Silveira – responsável pela maior parte dos seus filmes a partir dos anos 1990 e até à sua morte, estará presente em Lisboa para acompanhar algumas das sessões da retrospetiva e conversar sobre o legado deste imenso cineasta.
 
 
08/10/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial

Audácia!
duração total da projeção: 87 min
 
08/10/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial

A Ilha dos Prazeres Proibidos
de Carlos Reichenbach
Brasil, 1978 - 96 min
10/10/2022, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial

Makwayela | Mueda – Memória e Massacre
duração total da projeção: 93 min
10/10/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial

Equilíbrio e Graça | O Império do Desejo
duração total da projeção: 122 min
10/10/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial

Les Harkis
de Philippe Faucon
França, Bélgica, 2022 - 82 min
08/10/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial
Audácia!
duração total da projeção: 87 min
legendado eletronicamente em inglês | M/16
Carlos Reichenbach | em colaboração com a Cinemateca Brasileira | sessão apresentada por Sara Silveira

Devido novamente ao atraso na chegada a Lisboa das cópias do Carlos Reichenbach provenientes do Brasil, em vez do filme anunciado (LILIAN M.: RELATÓRIO CONFIDENCIAL) será exibido o filme AUDÁCIA!. O filme LILIAN M. será exibido em data a anunciar posteriormente.
AUDÁCIA! divide­se em três partes. A primeira toma a forma de um documentário por Reichenbach em que percorremos as ruas da Boca do Lixo, indo ao encontro dos produtores e realizadores do Cinema Marginal. A segunda parte (chamada “A Badaladíssima dos Trópicos x Os Picaretas do Sexo”) é uma ficção feita por Reichenbach em que uma cineasta enfrenta dificuldades com a realização do seu primeiro filme. No segmento final, Antônio Lima apresenta também um filme sobre fazer cinema, incluindo um resumo sobre a história até então dos movimentos dissidentes e coexistentes Cinema Novo e Cinema Marginal. AUDÁCIA! é apresentado em cópia digital.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
08/10/2022, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial
A Ilha dos Prazeres Proibidos
de Carlos Reichenbach
com Neide Ribeiro, Roberto Miranda, Meiry Vieira, Fernando Benini
Brasil, 1978 - 96 min
legendado eletronicamente em inglês | M/16
Carlos Reichenbach | em colaboração com a Cinemateca Brasileira | sessão apresentada por Sara Silveira
Ana Medeiros, agente do Estado, é enviada numa missão a uma ilha paradisíaca com o objetivo de eliminar um grupo de revolucionários que se refugiou naquele local. Fingindo-­se jornalista, consegue infiltrar­-se e elimina duas pessoas: um teórico de Wilhelm Reich e um anarquista. Mas, ao envolver­-se com a comunidade, Ana acaba por se transformar ao descobrir o papel revolucionário do prazer. Produzido durante a ditadura militar brasileira, mas escapando às forças censórias através de uma camada de pornochanchada, A ILHA DOS PRAZERES PROIBIDOS é uma dura crítica ao poder político da altura. A apresentar em cópia digital.

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10/10/2022, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial
Makwayela | Mueda – Memória e Massacre
duração total da projeção: 93 min
com legendas em inglês e legendados eletronicamente em português | M/12
A Questão Colonial
MAKWAYELA
de Jean Rouch, Jacques d’Arthuys
Moçambique, França, 1977 – 18 min

MUEDA – MEMÓRIA E MASSACRE
de Ruy Guerra
com Filipe Gunoguacala, Romão Canapoquele, Baltasar Nchilema, Maurício Machimbuco
Moçambique, 1979 – 75 min

A jovem nação moçambicana atraiu muitos cineastas, num movimento do qual poucos filmes sobreviveram. MAKWAYELA  é o único vestígio que resta da passagem e envolvimento de Jean Rouch numa oficina de formação em Super 8mm em Moçambique. Em Maputo, um grupo de trabalhadores de uma fábrica de garrafas canta e dança todas as manhãs no pátio. A dança makwayela é uma forma de protesto relacionada com a história da sua migração para a África do Sul. Tendo participado ativamente na fundação do Instituto Nacional de Cinema de Moçambique, com MUEDA – MEMÓRIA E MASSACRE Ruy Guerra realiza a primeira longa­metragem produzida no país após a independência. Filmando a reconstituição teatral do massacre cometido pelas forças coloniais portuguesas na localidade de Mueda a 16 de junho de 1960, quando soldados portugueses abriram fogo sobre uma manifestação popular, Ruy Guerra misturou os registos ficcional (a representação dos acontecimentos) e documental (os depoimentos das suas testemunhas) num misto de improvisação e de cinema vérité. O modo original como o filme trabalha a peça e os depoimentos que a acompanham para evocar um acontecimento traumático que constituiu um dos marcos históricos da luta anticolonial do país, faz com que se apresente como uma obra fundamental no contexto de um cinema moçambicano.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de MAKWAYELA aqui

consulte a FOLHA DA CINEMATECA de MUEDA – MEMÓRIA E MASSACRE aqui
 
10/10/2022, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial
Equilíbrio e Graça | O Império do Desejo
duração total da projeção: 122 min
legendados eletronicamente em inglês | M/16
Carlos Reichenbach | em colaboração com a Cinemateca Brasileira
EQUILÍBRIO E GRAÇA
de Carlos Reichenbach
com Plínio Soares, Masamitsu Adache, Luciana Brites
Brasil, 2002 – 12 min

O IMPÉRIO DO DESEJO
de Carlos Reichenbach
com Roberto Miranda, Benjamin Cattan, Marcia Fraga, Meiry Vieira
Brasil, 1980 – 110 min

EQUILÍBRIO E GRAÇA, documentário experimental sobre o encontro de um pensador católico e monge trapista com o “pai” do budismo zen, é o primeiro filme de Reichenbach depois de sofrer um enfarte quase mortal. Um gesto entre a cinefilia e o misticismo que reúne o fascínio do realizador pela vida e pela pintura, a música e a dança. Em O IMPÉRIO DO DESEJO, com o apoio de um advogado, Sandra viaja para reaver a sua casa de praia ocupada ilegalmente. No caminho, dá boleia a um casal de hippies que acaba por contratar como caseiros. Ao mesmo tempo, corre a notícia de que um assassino está à solta na zona. Reichenbach disse que fez este filme porque lhe “interessa o cinema, a poesia, a música clássica, o rock, o ritmo, a pintura, o texto escrito, o jazz, a política, a dança, a pornografia, a chanchada, o filme de aventura, de mistério, de terror, a arqueologia, a mitologia grega, o teatro clássico, Brecht, Artaud, a charada, os anarquistas e os anárquicos…”.

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10/10/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Carlos Reichenbach / A Questão Colonial
Les Harkis
de Philippe Faucon
com Theo Cholbi, Mohamed Mouffok, Pierre Lottin, Yannick Choirat
França, Bélgica, 2022 - 82 min
com legendas em inglês e legendado eletronicamente em português | M/12
A Questão Colonial
Durante a Guerra da Argélia, muitos jovens argelinos pobres alistam­se no exército francês. Paira a hipótese de independência e a perspetiva para eles é sombria. O tenente Pascal insiste para que todos os homens do seu pelotão sejam evacuados para França. Primeira apresentação na Cinemateca.

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