CICLO
Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente


Prosseguindo uma série iniciada em 2019 com o melodrama, a revisitação pela Cinemateca dos grandes géneros em 2020 é dedicada à comédia. Inicialmente concebido em três andamentos para serem apresentados ao longo do ano, o Ciclo teve início em janeiro deste ano e é retomado em setembro (dois meses mais tarde do que estava previsto),  num mundo bastante diferente daquele que existia quando ele arrancou mas no qual a comédia é porventura ainda mais necessária (Aristóteles definiu a comédia enquanto arte poética que trata das baixezas do Homem sem provocar nem terror nem piedade, o que, no actual cenário pandémico, serve de alívio e se agradece).
 
No andamento inicial fizemos uma aproximação histórica ao género, canonicamente entendido (e por isso essa primeira parte se intitulava “Os Reis da Comédia”), vimos as principais figuras criadoras do género (e criadas pelo género), desde os primórdios aos nossos dias, entre cineastas e atores, entre figuras únicas e avulsas e variações que se transformaram em subgéneros ou “correntes” e consubstanciaram um entendimento preciso e historicamente definido da comédia cinematográfica (como por exemplo a screwball ou a “comédia à italiana”).
 
Como anunciávamos já na apresentação do Ciclo em Janeiro, este segundo andamento procurará os caminhos mais excêntricos da comédia. Seja geograficamente, olhando para as cinematografias fora do eixo euro-americano que ainda forma a base do “cânone”, seja estilisticamente, olhando para autores que, sem serem de todos cineastas identificados com o género, importaram para os seus universos autorais elementos e procedimentos derivados da comédia. Em setembro é, portanto, o momento de procurar a comédia fora da comédia no seu sentido estrito ou mais tradicional. Afastamo-nos da matriz popular que foi a base do nascimento e do desenvolvimento do género e que esteve no centro da primeira parte do Ciclo para mostrar abordagens mais inesperadas ou improváveis do uso do humor como lente por onde se vê o mundo. Filmes em que a comédia resulta do desencontro entre o ponto de vista e a situação narrativa (comédias negras - negríssimas - como THE TROUBLE WITH HARRY, DR. STRANGELOVE ou BRIGANDS, CHAPITRE VII), comédias de autores que sem deixarem de levar a comédia a sério (passe o paradoxo) preferem “desacelerá-la” (Kaurismäki, Moullet), intelectualizá-la (Vera Chytilova) ou aproximá-la do realismo (Moretti, Akerman, Solondz, Leigh), entre outras formas de desconstrução e revisitação modernas de um género cinematográfico impuro e permanentemente em aberto. Incluímos também no Ciclo um pequeno pólo português (com filmes de Artur Semedo, João César Monteiro e João Nicolau), bem distante da tradição da “comédia à portuguesa”, mas capaz de manter acesa a chama do género numa cinematografia tida por muito mais sisuda do que muitas vezes foi e é.
 
Para data ainda incerta fica prometido o terceiro andamento do Ciclo, que isolará um elemento crucial do código cómico: o riso (dentro e fora do ecrã).
 
18/09/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente

The Honey Pot
O Perfume do Dinheiro
de Joseph L. Mankiewicz
Estado Unidos, 1967 - 131 min
 
18/09/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente

The Fearless Vampire Killers-Dance Of The Vampires
Por Favor Não Me Mordas o Pescoço
de Roman Polanski
Grã-Bretanha, 1967 - 107 min
19/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente

Macunaíma
de Joaquim Pedro de Andrade
Brasil, 1969 - 108 min
21/09/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente

Malteses, Burgueses e às Vezes
de Artur Semedo
Portugal, 1973 - 105 min
21/09/2020, 21h30 | Esplanada
Ciclo Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente

Recordações da Casa Amarela
de João César Monteiro
Portugal, 1989 - 119 min | M/16
18/09/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente
The Honey Pot
O Perfume do Dinheiro
de Joseph L. Mankiewicz
com Rex Harrison, Susan Hayward, Cliff Robertson, Capucine, Maggie Smith, Edie Adams, Adolfo Celi
Estado Unidos, 1967 - 131 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um jogo de enganos é o que se desenvolve em THE HONEY POT, adaptação moderna da peça Volpone de Ben Johnson (1606) num argumento que parte ainda da peça de Fredrick Knott, Mr. Fox of Venice, e do romance de Thomas Sterling, The Evil of the Day. Rex Harrison é Cecil Fox, a “raposa” (fox) que convida quatro ex-amantes para a sua mansão, informando-as de que está a morrer, a fim de observar as respetivas reações. Talvez seja um dos Mankiewicz menos vistos, sendo um filme cheio de subtilezas a redescobrir.

Consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui.
18/09/2020, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente
The Fearless Vampire Killers-Dance Of The Vampires
Por Favor Não Me Mordas o Pescoço
de Roman Polanski
com Jack MacGowran, Roman Polanski, Alfie Bass, Sharon Tate
Grã-Bretanha, 1967 - 107 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Apesar de não ter sido um grande sucesso de bilheteira quando se estreou, THE FEARLESS VAMPIRE KILLERS tornou-se um dos mais populares filmes de Polanski e um objeto de culto entre os cinéfilos. Se os filmes de vampiros já tinham sido, até então, alvo de algumas paródias, Polanski renova completamente o género introduzindo uma série de elementos novos e provocantes, marcados pelo absurdo, como o vampiro judeu sobre o qual o crucifixo não tem “efeito”, outro sugador de sangue homossexual, etc. Um verdadeiro delírio.

Consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui.
19/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente
Macunaíma
de Joaquim Pedro de Andrade
com Grande Otelo, Paulo José, Dina Sfat, Milton Ribeiro
Brasil, 1969 - 108 min
M/12
Baseado no romance homónimo de Mário de Andrade (1928), que transpõe de modo libérrimo, MACUNAÍMA costuma ser considerado a obra-prima de Joaquim Pedro de Andrade. É um filme divertidíssimo e literalmente fabuloso: pela imaginação delirante que revela e por contar a fábula de um negro que nasce numa tribo de índios, torna-se branco por milagre, emigra para a grande cidade e acaba por voltar à selva. Tudo isso num tom esfuziante. “Trata-se, nem mais nem menos, de um retrato de todo o Brasil, dos começos na selva aos dias contemporâneos, através de uma reflexão e uma representação sobre a sua cultura e a sua sociedade” (Antonio Rodrigues).

Consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui.
21/09/2020, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente
Malteses, Burgueses e às Vezes
de Artur Semedo
com Artur Semedo, Yola, Pedro Pinheiro, Nicolau Breyner
Portugal, 1973 - 105 min
M/12
Parcialmente rodado em 1973 em Angola, a comédia de Artur Semedo retrata mordazmente a burguesia colonial pondo em cena a aventureira história de um engajador de imigrantes que muda os seus negócios para Angola onde se envolve num obscuro ambiente social e político. Obscuro tornou-se entretanto o próprio filme, por ser uma obra pouco conhecida e sobretudo pouco vista. Estreado no Avis a 11 de abril de 1974, com distribuição Doperfilme.

Consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui.
21/09/2020, 21h30 | Esplanada
Revisitar Os Grandes Géneros: A Comédia (Parte Ii) - A Comédia, Improvavelmente
Recordações da Casa Amarela
de João César Monteiro
com João César Monteiro, Manuela de Freitas, Teresa Calado, Luis Miguel Cintra, Ruy Furtado, Henrique Viana, Sabina Sacchi
Portugal, 1989 - 119 min | M/16
RECORDAÇÕES DA CASA AMARELA, “uma comédia lusitana”, marca o nascimento de João de Deus, personagem cáustica e poética que só João César Monteiro poderia interpretar. À primeira vez, saído de um manicómio para divagar diletante por Lisboa e “dar-lhes trabalho”, João de Deus encanta-se com uma menina que toca clarinete, passa uma noite de amor sob o olhar de Stroheim em imagem pregada na parede em cima da cama da pensão e transfigura-se em criatura das trevas como Nosferatu no fim do filme.

Consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui.