CICLO
A Cinemateca com o Indielisboa: 50 Anos Forum Berlinale


A agitação política e a revolução de costumes dos anos 60, que culminou em 1968, teve consequências sobre os dois mais importantes festivais de cinema do mundo: o de Cannes o de Berlim. Diante do projeto de alguns, que queriam estabelecer um Festival de Cannes off, a direção do festival decidiu habilmente recuperá-los e incorporá-los e foi assim que surgiu em 1969 a Quinzena dos Realizadores, secção não competitiva destinada a filmes independentes. Também no Festival de Berlim surgiram muitas discussões sobre a organização e a programação, sendo esta última considerada, como em todos os grandes festivais, excessivamente voltada para a indústria, privilegiando, por conseguinte, a noção de entretenimento, ainda que de qualidade, sem dar a devida atenção aos filmes menos convencionais de cineastas mais jovens. Isto resultou numa reformulação do festival e na criação do “Fórum Internacional dos Jovens Filmes”, no qual são mostrados, numa mostra não competitiva, filmes independentes, experimentais, documentários e filmes militantes. A apresentação destas obras na secção Forum da Berlinale dava-lhes uma visibilidade extraordinária.
Entre 1971 e 2001, o Forum foi dirigido por Ulrich e Erika Gregor, com uma visão ao mesmo tempo precisa e ampla, num verdadeiro trabalho de programadores: escolhendo aquilo que vai mostrar, sem acompanhar modas. O documentário político e os filmes militantes ocupavam boa parte dos programas do Forum, como se pode constatar pelos filmes que propomos, todos provenientes do programa da sua primeira edição, cinco dos quais podem ser considerados como obras de militância política direta, ao passo que os demais são análises ou retratos de personalidades. O programa proposto pelo IndieLisboa de homenagem ao Forum também contém algumas ficções (os filmes de Makavejev, Med Hondo, Helke Sander) e um documentário não militante, o filme de Philip Trevelyan. Filmes que se tornaram célebres e foram realizados por cineastas igualmente célebres (Klein, Makavejev, Hondo), são apresentados ao lado de obras um tanto esquecidas, mas que permanecem vivas. Sendo um testemunho e uma interrogação sobre o estado do cinema e do mundo circa 1970, esta homenagem ao Forum convoca uma inevitável reflexão sobre o nosso presente (cinematográfico, político, social). Oito dos doze filmes programados são apresentados pela primeira vez na Cinemateca.
 
10/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Indielisboa: 50 Anos Forum Berlinale

Eine Prämie Für Irene | The Woman’s Film (Newsreel #55)
Duração total da sessão: 91 minutos
 
10/09/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Indielisboa: 50 Anos Forum Berlinale

Em colaboração com IndieLisboa – Associação Cultural | Com o apoio do Goethe Institut
Eine Prämie Für Irene | The Woman’s Film (Newsreel #55)
Duração total da sessão: 91 minutos
M/12
EINE PRÄMIE FÜR IRENE
“Um Prémio para Irene”
de Helke Sander
com Gudula Schroeder, Sarah Schumann, Kate Jaenickce
Alemanha Federal, 1971 – 50 min / legendado eletronicamente em português
 
THE WOMAN’S FILM (NEWSREEL #55)
dos membros do Women’s Caucus (San Francisco Newsreel)
Estados Unidos, 1971 – 41 min / legendados eletronicamente em português
Um programa que reúne dois filmes militantes feministas realizados no mesmo ano, uma ficção alemã e um documentário americano. Nascida em 1937 e autora de mais de trinta filmes, Helke Sander é uma militante feminista, cujo trabalho tem despertado um novo interessa em tempos recentes. Realizado para a televisão, EINE PRÄMIE FÜR IRENE mostra-nos a vida de uma operária, que cria sozinha os dois filhos e é duplamente explorada, na vida de família e no trabalho. Na fábrica de máquinas de lavar onde trabalha, ela e as suas companheiras são vigiadas por uma câmara, o que não existia à época e dá um tom algo profético ao filme. THE WOMAN’S FILM (NEWSREEL # 55) é descrito no site do Festival de Berlim como “uma fatia de história oral, sem filtros”. De facto, o filme consiste numa série de discussões de um grupo de militantes feministas sobre as discriminações, o racismo, as relações sociais violentas. Primeiras apresentações na Cinemateca.

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