CICLO
Lana Turner, de Hollywood


Frank O’Hara escreveu um poema que tem o nome dela, Lana Turner has collapsed! Inspirado num exclamativo título de notícia de jornal acerca de um escândalo que envolvia a atriz, supostamente lida num ferry que levava O’Hara a Staten Island numa noite de chuva e neve de fevereiro de 1962, o poema refletia os efeitos da celebridade na cultura popular-mediática do início dos anos 1960 americanos. “...oh Lana Turner we love you get up.” Na perspetiva dos tabloides, que Hollywood aproveitava quando entendia servir-lhe, a vida de Lana Turner dava páginas de faca e alguidar: um número inusitado de casamentos e divórcios, casos tórridos com parceiros famosos, a tragédia que envolveu o homicídio de um amante e a filha única. Em 1982, Lana Turner publicou as memórias assumindo que queria imprimir a sua própria visão da sua própria história, Lana: the Lady, the Legend, the Truth. Não colapsou. Sobreviveu a Hollywood, sobreviveu à imagem pública alimentada pelo dramatismo privado. Foi atriz de cinema e televisão no curso de uma carreira de 50 anos entre finais dos anos 1930 e os 70, em que também fez rádio e teatro. Quando, em 1981, surgiu num episódio da série televisiva Falcon Crest o público voltou a render-se e quis mais. Em meados da década de 40 era uma das grandes, grandes estrelas da MGM. Uma criação cinematográfica fascinante, lê-se por estas ou outras palavras em entradas de dicionários vários.
Foi ela quem escolheu mudar oficialmente de nome, largando o Julia Jean Turner de batismo. Conta-se que foi “descoberta” na rua por um editor da Hollywood Reporter impressionado com a visão. Sabe-se que os estúdios a acolheram como a promessa de uma explosiva pin-up. Chamaram-lhe sweater girl (ela nunca gostou) e deram-lhe papéis de ingénua em finais dos anos 1930, início dos anos 40. Faz parte da lenda que encarnou definitivamente a imagem da mulher fatal quando Tay Garnett adaptou O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes, filmando-a a contracenar escaldante e maldita com John Garfield no filme que se tornaria um grande clássico noir e o mais icónico título da atriz. Teve parceiros à altura, grandes estrelas como ela, e a vedeta com quem mais vezes emparelhou foi Clark Gable, em quatro produções da MGM que, pensadas como star-vehicle, insistiram neles como um casal apanhado nas malhas da Segunda Guerra. Gable serviu durante três anos empenhado no “esforço de guerra” em que Lana participou integrando as digressões organizadas junto das tropas. Fez filmes menos e mais memoráveis, dos vários géneros da época dos grandes estúdios, passando incólume pela comédia, o crime, o western, o musical, o swashbuckler e, claro, o melodrama em que encontrou o seu espaço de criatura de cinema. PEYTON PLACE de Mark Robson e IMITATION OF LIFE de Douglas Sirk (1957/59) ou MADAME X de David Lowell Rich (1966) guardam ecos dos turbilhões pessoais. A obra-prima de Sirk é um dos seus grandes papéis, tal como o filme de Minnelli, BORN TO BE BAD (1952) e o mal-amado Cukor com o belo título A LIFE OF HER OWN (1950).
Em 15 filmes, programados para evocar o seu percurso hollywoodiano, voltamos a olhar Lana Turner em fevereiro de 2020. É o ano que porventura marca o centenário do seu nascimento que boa parte das fontes creditam em 1920, indicando outras 1921, ainda que se tome por certo que nasceu a 8 de fevereiro e morreu em 1995, no mês de junho. Uma lenda é uma lenda.
 
 
20/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Lana Turner, de Hollywood

Ziegfeld Girl
Sonhos de Estrelas
de Robert Z. Leonard
Estados Unidos, 1941 - 132 min
 
21/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lana Turner, de Hollywood

The Merry Widow
A Viúva Alegre
de Curtis Bernhardt
Estados Unidos, 1952 - 105 min
24/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lana Turner, de Hollywood

Johnny Eager
Vidas Queimadas
de Mervyn LeRoy
Estados Unidos, 1942 - 107 min
26/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lana Turner, de Hollywood

The Great Garrick
O Grande Garrick
de James Whale
Estados Unidos, 1937 - 89 min
28/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Lana Turner, de Hollywood

The Merry Widow
A Viúva Alegre
de Curtis Bernhardt
Estados Unidos, 1952 - 105 min
20/02/2020, 18h30 | Sala Luís de Pina
Lana Turner, de Hollywood
Ziegfeld Girl
Sonhos de Estrelas
de Robert Z. Leonard
com James Stewart, Judy Garland, Hedy Lamarr, Lana Turner, Tony Martin, Jackie Cooper, Ian Hunter, Edward Everett Horton
Estados Unidos, 1941 - 132 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A comédia musical dramática assinada por Robert Z. Leonard e Busby Berkeley, responsável pelos números musicais, reúne duas das mais carnais atrizes olhadas como pin-ups dos anos 1940: Hedy Lamarr e Lana Turner. O protagonismo é de James Stewart e Judy Garland, num filme que acompanha as carreiras e destinos de três mulheres que sonham ser descobertas pelo empresário Florenz Ziegfeld e com o êxito nos palcos. Lana Turner interpreta o papel de uma empregada de elevador num grande armazém que sonha com a glória do estrelato pela qual está disposta a sacrificar o amor. Na Cinemateca, não é mostrado desde 2008.
 
21/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Lana Turner, de Hollywood
The Merry Widow
A Viúva Alegre
de Curtis Bernhardt
com Lana Turner, Fernando Lamas, Una Merkel, Richard Haydn, Thomas Gomez
Estados Unidos, 1952 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A opereta homónima de Franz Lehár serviu as mais conhecidas adaptações de Erich von Stroheim e Ernst Lubitsch em 1925 e 1934 (além das de Michael Curtiz em 1918 e de Werner Jacobs em 1962). Esta versão Technicolor de 1952 emparelha Lana Turner (dobrada por Trudy Erwin nas canções) e Fernando Lamas nos papéis da viúva rica e do jovem conde com quem o rei da endividada terra natal do marido falecido tenta convencê-la a casar. A coreografia é de Jack Cole, encarregado de pôr o filme a bailar com as duas estrelas não dançarinas da MGM, dirigindo o clímax para o número da valsa. Primeira exibição na Cinemateca.
 
24/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Lana Turner, de Hollywood
Johnny Eager
Vidas Queimadas
de Mervyn LeRoy
com Robert Taylor, Lana Turner, Van Heflin, Edward Arnold, Robert Sterling
Estados Unidos, 1942 - 107 min
legendado eletronicamente em português | M/12
No início dos anos 1940, Lana Turner tornou-se uma das grandes estrelas da MGM em filmes de género distintos como o musical e o terror de ZIEGFIELD GIRL e DR. JEKYLL AND MR. HYDE (1941), o melodrama em SOMEWHERE I’LL FIND YOU (1942) ou o noir, no caso de JOHNNY EAGER, em que volta a ser dirigida por Mervyn LeRoy. O enredo conta a história da enteada de um advogado do Ministério Público, estudante de sociologia, que se apaixona por um gangster criminalmente acusado. Arriscando a incursão num registo em que era a Warner, não a MGM, que dava cartas, o filme é anunciado pelo estúdio como o novo “TNT (Turner ‘n Taylor)”: “They are dynamite in JOHNNY EAGER.” Van Heflin foi distinguido com um Oscar de melhor ator secundário. Primeira exibição na Cinemateca.
 
26/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Lana Turner, de Hollywood
The Great Garrick
O Grande Garrick
de James Whale
com Brian Aherne, Olivia de Havilland, Edward Everett Horton, Lana Turner
Estados Unidos, 1937 - 89 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Esta pouco conhecida comédia histórica surpreendente pela sua dimensão autorreflexiva foi um dos poucos filmes que James Whale realizou fora da Universal e o seu único Warner Bros. Propondo uma incursão livre na biografia do reputado ator britânico David Garrick (1717-1779) no momento em que é convidado a integrar o elenco da Comédie-Française em Paris para “aprender a ser ator”. “Uma alegre fantasia” assente em dois dados biográficos conhecidos – o génio e a vaidade de Garrick, escreveu Frederico Lourenço. Lana Turner surge num pequeníssimo papel no mesmo ano de 1937 em que Mervyn LeRoy a dirigiu em THEY WON’T FORGET. Na Cinemateca, foi mostrado pela última vez em 1998.
 
28/02/2020, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Lana Turner, de Hollywood
The Merry Widow
A Viúva Alegre
de Curtis Bernhardt
com Lana Turner, Fernando Lamas, Una Merkel, Richard Haydn, Thomas Gomez
Estados Unidos, 1952 - 105 min
legendado eletronicamente em português | M/12
A opereta homónima de Franz Lehár serviu as mais conhecidas adaptações de Erich von Stroheim e Ernst Lubitsch em 1925 e 1934 (além das de Michael Curtiz em 1918 e de Werner Jacobs em 1962). Esta versão Technicolor de 1952 emparelha Lana Turner (dobrada por Trudy Erwin nas canções) e Fernando Lamas nos papéis da viúva rica e do jovem conde com quem o rei da endividada terra natal do marido falecido tenta convencê-la a casar. A coreografia é de Jack Cole, encarregado de pôr o filme a bailar com as duas estrelas não dançarinas da MGM, dirigindo o clímax para o número da valsa. Primeira exibição na Cinemateca.