CICLO
70 Anos de Cinemateca


A propósito do já anunciado projeto de classificação de suportes matriciais do cinema português como bens de interesse nacional (um projeto faseado, a anunciar em ocasião própria e a empreender nos termos definidos pela lei de bases de proteção e valorização do património cultural e da respetiva legislação de desenvolvimento), a Cinemateca organiza, a fechar estas comemorações, um pequeno ciclo dedicado à interrogação sobre o próprio conceito de património e à sua perceção por parte das várias gerações do Cinema Português.
São sete sessões, cada uma incluindo a projeção de um filme de longa-metragem (ou uma longa e uma curta, na jornada final) e uma conversa entre alguns protagonistas do nosso cinema em áreas diversas. A escolha dos títulos não tem carácter antológico nem visa representar algo per se, independentemente dos diálogos que lhe estão associados. Estes, por sua vez, não são pensados como conversas que devam circunscrever-se a essas obras em concreto ou de algum modo centrar-se nelas. Neste programa, os filmes são sugeridos como pontos de partida para conversas livres, várias delas entre pessoas de diferentes gerações, que gostaríamos de ver focadas, sim, na questão da transmissão. Como é que as gerações atuais veem o passado do nosso cinema? A que ponto é que alguns dos representantes das mais novas gerações sentem que o seu trabalho tem algo a ver com o que se fez antes deles? E a que ponto é que alguns dos representantes de gerações anteriores se sentem reconhecidos naqueles que vieram depois? Há reiterações significativas no Cinema Português? Há mais continuidade ou mais rutura na viagem histórica deste cinema? Sete conversas, que não visam de todo fechar o assunto, que continuam outras conversas aqui já antes realizadas e que abrem o campo de outras a empreender no futuro.
 
 
17/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo 70 Anos de Cinemateca

Trás-os-Montes
de António Reis, Margarida Cordeiro
Portugal, 1976 - 111 min | M/12
 
19/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
Ciclo 70 Anos de Cinemateca

Douro, Faina Fluvial | Uma Abelha na Chuva
duração total da projeção: 84 min | M/12
17/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
70 Anos de Cinemateca

O que é o Património? Diálogos no Cinema Português
Trás-os-Montes
de António Reis, Margarida Cordeiro
com Com habitantes de Bragança e Miranda do Douro
Portugal, 1976 - 111 min | M/12
com a presença de Acácio de Almeida e Vasco Viana para uma conversa no final da projeção
Juntos, António Reis e Margarida Cordeiro assinaram uma das mais singulares obras do cinema português, construída nos anos setenta/oitenta em TRÁS-OS-MONTES, ANA e ROSA DE AREIA. Sobre TRÁS-OS-MONTES, canto de amor a uma região e uma das obras máximas do cinema português, observou Fernando Lopes: “É talvez a primeira vez no cinema português que um filme estabelece uma síntese dialética ambiciosa quanto ao que os sociólogos chamam de cultura popular.” É, também, um dos mais poderosos exemplos da capacidade artesanal do cinema português, uma qualidade que o diferencia de outros patrimónios cinematográficos e que conta, aqui, com a fotografia de Acácio de Almeida. A conversa, depois da projeção, será feita com este último e, também, com a presença do diretor de fotografia Vasco Viana.
 
19/06/2019, 18h00 | Sala Luís de Pina
70 Anos de Cinemateca

O que é o Património? Diálogos no Cinema Português
Douro, Faina Fluvial | Uma Abelha na Chuva
duração total da projeção: 84 min | M/12
Com a presença de João Lopes e Ricardo Vieira Lisboa para uma conversa no final da projeção
DOURO, FAINA FLUVIAL
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1931-1934 – 18 min / versão sonorizada com música de Luís de Freitas Branco
UMA ABELHA NA CHUVA
de Fernando Lopes
com Laura Soveral, João Guedes, Zita Duarte, Ruy Furtado, Carlos Ferreiro
Portugal, 1971 – 66 min

DOURO, FAINA FLUVIAL é o primeiro momento da obra de Manoel de Oliveira que, para este filme, também colheu forte inspiração num dos géneros “vanguardistas” mais em voga na época: o do “filme-sinfonia”. Os portugueses patearam, mas alguns estrangeiros, como Pirandello ou o crítico do Temps, Émile Vuillermoz, não esconderam o seu entusiasmo e propagaram pela Europa essa obra-prima que tinham descoberto em Lisboa. DOURO é exibido na versão distribuída comercialmente, em 1934, sonorizada com música de Luís de Freitas Branco. UMA ABELHA NA CHUVA é a segunda longa-metragem de Fernando Lopes, uma adaptação do romance homónimo de Carlos de Oliveira (um clássico da literatura portuguesa). Uma realização original, com alguma influência de Bergman, seguindo a história das frustrações de um casal formado por um proprietário rural e uma aristocrata arruinada. Primeira adaptação literária de Lopes, UMA ABELHA NA CHUVA é um filme elíptico e surpreendente. Os dois filmes servirão de exemplos e ponto de partida para discernir as ligações e tensões entre o património cinematográfico português e o da crítica, numa conversa entre João Lopes (Diário de Notícias) e Ricardo Vieira Lisboa (À Pala de Walsh).