CICLO
A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina


A habitual parceria entre a Cinemateca e o Doclisboa é este ano concretizada através da retrospetiva integral dedicada ao cineasta colombiano Luis Ospina, que estará na Cinemateca a acompanhar todo o programa constituído maioritariamente por obras inéditas em Portugal e que é a primeira integral da sua obra realizada na Europa. Uma obra cinematográfica iniciada nos anos sessenta e que se prolonga até hoje, uma vez que Ospina para lá de ser o diretor artístico do Festival Internacional de Cinema de Cali desde 2009, continua a filmar.
O programa é constituído por mais de trinta filmes de Luis Ospina, complementados por uma carta branca que envolve títulos muito diferentes, que, por diferentes razões, se revelam marcantes para o realizador. Todas as obras do cineasta colombiano são apresentadas em cópias digitais em primeiras exibições da Cinemateca e este estará presente nas várias sessões do programa, que incluem ainda um encontro com Ospina, em que se discutirá a sua obra em maior profundidade.
Agnès Wildenstein, que desenhou este programa em estreita colaboração com o cineasta, apresenta-o no seu texto "¡Que viva el cinema!", publicado na íntegra no catálogo do Doclisboa, que transcrevemos parcialmente:
"A sua visão atenta e bem-humorada do seu país, a sua forte paixão pelo cinema e o seu empenho na preservação do passado fazem dele uma das figuras mais importantes da história recente do cinema da América Latina. Luis Ospina nasce em Cali, na Colômbia, e estuda cinema na UCLA, onde realiza o seu primeiro filme, Acto de fe, uma adaptação livre do conto de Jean-Paul Sartre Erostrate. De volta a casa, torna-se num membro ativo do Grupo de Cali no início dos anos setenta, vivendo a efervescência cultural e política da época. Com um grupo de amigos chegados – incluindo Andrés Caicedo e Carlos Mayolo –, funda o cineclube de Cali e a revista de cinema Ojo al Cine e começam a rodar filmes. Em 1971, Cali acolhe os Jogos Pan-americanos: em Oiga, vea!, Luis Ospina e Carlos Mayolo filmam a transformação da cidade e as pessoas que não têm dinheiro para entrar nos estádios com um forte ponto de vista político e alguma ironia. O filme mais emblemático desse período é AGARRANDO PUEBLO (1978). Sátira cáustica daquilo a que chamam porno miséria, é o último filme que Ospina correaliza com Carlos Mayolo, ao mesmo tempo que redigem o manifesto sobre a porno miséria como forma de denúncia.
Posteriormente, e ao longo da sua carreira, Luis Ospina dedica vários outros documentários à sua cidade natal, descrevendo todos os aspectos da sua história, mudanças e habitantes. Uma das virtudes mais assinaláveis de Luis Ospina é a sua generosidade intelectual. Faz filmes sobre artistas colombianos de modo a preservar a sua memória. Alguns deles encontram-se entre os seus amigos mais chegados.
Luis Ospina é acima de tudo um cineasta livre que gosta de quebrar as regras, experimentar e explorar as fronteiras entre documentário e ficção, e que olha para o mundo com um sentido de humor irreverente. Sendo cinéfilo e cineasta, as suas duas longas-metragens de ficção, PURA SANGRE (1982) e SOPLO DE VIDA (1999), são a prova resplandecente da sua capacidade incrível de brincar com os géneros – filme de terror, filme noir – ao mesmo tempo que descreve a corrupta sociedade colombiana, que padece de loucura e violência.
Em TODO COMENZÓ POR EL FIN (2015), traça um autorretrato do Grupo de Cali, também conhecido como Caliwood, que, no meio das festas loucas e do caos histórico dos anos setenta e oitenta, logrou produzir um conjunto de obras que constitui uma parte fundamental do património cinematográfico da Colômbia."
 
Luis Ospina acompanha a retrospetiva em Lisboa
 
 
19/10/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

De la Ilusión al Desconcierto: Cine Colombiano 1970-1995
de Luis Ospina
Colômbia, 2007 - 100 min
 
19/10/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Autorretrato Póstumo de Lorenzo Jaramillo | Nuestra Película
duração total da projeção: 105 min
19/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Pura Sangre
de Luis Ospina
Colômbia, 1982 - 98 min
20/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Todo Comenzó por el Fin
de Luis Ospina
Colômbia, 2015 - 209 min
22/10/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Opération Lune
de William Karel
França, 2002 - 52 min
19/10/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Em colaboração com o Doclisboa
De la Ilusión al Desconcierto: Cine Colombiano 1970-1995
de Luis Ospina
Colômbia, 2007 - 100 min
legendado eletronicamente em português e inglês | M/12
Com a presença de Luis Ospina
Panorama do cinema colombiano entre 1970 e 1995, destacando-se a relação entre Estado e cinema. Uma “série documental” produzida pela Fundación Patrimonio Fílmico Colombiano assente em inúmeras entrevistas e em material de arquivo. DE LA ILUSIÓN AL DESCONCIERTO divide-se em quatro capítulos cada um com vinte e cinco minutos: “El Desprecio del Sobreprecio”; “El Estado de las Cosas”; “Las Cosas del Estado”; “Memorias del Subdesarrollo”.
 
19/10/2018, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Em colaboração com o Doclisboa
Autorretrato Póstumo de Lorenzo Jaramillo | Nuestra Película
duração total da projeção: 105 min
legendados eletronicamente em português e inglês | M/12
Com a presença de Luis Ospina
AUTORRETRATO PÓSTUMO DE LORENZO JARAMILLO
de Luis Ospina
Colômbia, 1993 – 9 min
NUESTRA PELÍCULA
de Luis Ospina
Colômbia, 1993-95 – 96 min

Em AUTORRETRATO PÓSTUMO DE LORENZO JARAMILLO Rosario Jaramillo interpreta um monólogo do seu irmão, o pintor Lorenzo Jaramillo. Face a uma morte que se anunciava devido à SIDA, em NUESTRA PELÍCULA Jaramillo passa em revista a sua vida. Como Wim Wenders em LIGHTNING OVER WATER (cujas imagens são aqui evocadas), Ospina filma o amigo a falar de forma apaixonada sobre pintura, cinema e muitos outros assuntos. Um retrato comovente de uma mente brilhante.
 
19/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Em colaboração com o Doclisboa
Pura Sangre
de Luis Ospina
com Florina Lemaitre, Carlos Mayolo, Humberto Arango, Roberto “Fly” Forero
Colômbia, 1982 - 98 min
legendados eletronicamente em português e inglês | M/12
Com a presença de Luis Ospina
A história de um velho magnata do açúcar, vítima de uma estranha enfermidade que obriga a transfusões constantes de sangue. O desaparecimento de vários jovens, cujos corpos serão encontrados em terrenos baldios de Cali cria uma atmosfera de medo e pânico na cidade. Longa-metragem que revisita o género do terror e um dos primeiros filmes colombianos que alude à temática dos vampiros, revelando a versatilidade do cinema de Ospina, que aqui nos apresenta uma metafórica crítica da sociedade colombiana.
 
20/10/2018, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Em colaboração com o Doclisboa
Todo Comenzó por el Fin
de Luis Ospina
Colômbia, 2015 - 209 min
legendado eletronicamente em português e inglês | M/12
Com a presença de Luis Ospina
Monumental autorretrato do “Grupo de Cali”, também conhecido como “Caliwood”, um conjunto de cinéfilos que, no meio das festas e do caos histórico dos anos setenta e oitenta, produziu um conjunto de obras que constitui uma parte fundamental do património cinematográfico da Colômbia. Trata-se também da história clínica do realizador, que adoeceu gravemente durante a produção do filme, revelando-se aqui como um sobrevivente. Uma obra fundamental que revisita a vida e obra de Ospina e de tantos dos seus amigos.
 
22/10/2018, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
A Cinemateca com o Doclisboa: Luis Ospina

Em colaboração com o Doclisboa
Opération Lune
de William Karel
França, 2002 - 52 min
legendado eletronicamente em português e inglês | M/12
Carta Branca a Luis Ospina

Com a presença de Luis Ospina
Com OPÉRATION LUNE o realizador William Karel prossegue a sua reflexão sobre a relação dos Estados Unidos com a imagem, o cinema e o “espetáculo”. A conquista espacial é o grande tema do filme e, entre verdades e mentiras e uma hipotética relação de Stanley Kubrick com a NASA e com uma falsificação da chegada à lua, OPÉRATION LUNE joga com a ironia para levantar a controvérsia em torno do uso das imagens. Uma intriga delirante que chama a atenção para os perigos da manipulação dos arquivos. Primeira exibição na Cinemateca.