CICLO
História Permanente do Cinema Português


Nos primeiros meses deste ano iniciámos aqui uma revisitação do documentarismo que, na década de noventa do século passado, alterou o panorama desta área entre nós. Continuamo-la agora com mais um representante da geração que estava então a entrar no terreno e que foi a grande protagonista dessa mudança, neste caso Pedro Sena Nunes. Homem de muitos ofícios que para ele são um só (transita como quem respira entre o cinema, a imagem num sentido lato e todas as artes performativas, não cessa de criar novos projetos e de fazer de pedagogia e criação uma mesma coisa), dele voltamos então a ver dois filmes marcantes do seu arranque, em que são aliás bem evidentes tanto a sintonia como a individualidade no contexto dessa mutação mais ampla.
 
 
10/07/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo História Permanente do Cinema Português

Margens | Fragments Between Time and Angels
duração total da projeção: 81 min | M/12
 
10/07/2018, 18h30 | Sala Luís de Pina
História Permanente do Cinema Português
Margens | Fragments Between Time and Angels
duração total da projeção: 81 min | M/12
Com a presença de Pedro Sena Nunes
MARGENS
de Pedro Sena Nunes
Portugal, 1995 – 29 min
FRAGMENTS BETWEEN TIME AND ANGELS
de Pedro Sena Nunes
Portugal, Reino Unido, 1997 – 52 min / legendado em português

Dois filmes diferentes no panorama do nosso documentário de então e que são também bastante diferentes entre si. Ambos nasceram de contextos que era ainda de algum modo formativos, concretamente programas europeus, em que Pedro Sena Nunes participou intensamente depois do curso da Escola Superior de Teatro e Cinema (que foi produtora do primeiro). Entre um e outro, passamos de uma base que poderíamos chamar etnográfica e metafórica (MARGENS, filmado em Trás-os-Montes) a uma digressão poética sobre a distância e o encontro, nascida de uma residência em Glasgow, onde estavam já muitas das marcas futuras do autor. Separados também por suportes materiais e práticas de produção diferentes (MARGENS foi rodado em 16 mm, FRAGMENTS em vídeo analógico), é contudo impossível não ver em ambos essa obsessiva ideia do encontro e da descoberta mútua, que está em tudo o que Pedro Sena Nunes faz, e que ele próprio já bem definia na mesa-redonda gravada em 1999 (incluída no catálogo que acompanhou o ciclo que a Cinemateca dedicou a esse contexto de mudança): “o que está em causa é uma relação humana superior a tudo o que fica no ecrã”.