19/09/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Referência incontornável do Kammerspiel, a corrente “realista” do cinema mudo alemão, cujo principal teórico foi o argumentista Carl Mayer, o filme de Murnau é uma obra-prima absoluta, na qual confluem registos de carácter distinto, luz e sombras expressionistas, um brilhante exercício de cinema como o famoso plano-sequência inicial, a imagem recorrente de uma porta giratória que convoca a ideia da própria vida. Construído à volta do acontecimento banal da substituição do velho porteiro de um grande hotel remetido a responsável pelos lavabos, de acordo com os postulados do “cinema de câmara” – sem intertítulos, espacialmente concentrado –, o filme transcende a dimensão realista da questão económico-social em causa, aproximando-se de um aspecto simbólico, representado pela perda do uniforme pelo porteiro (a criação maior de Emil Jannings), assim reduzido a ser o “último dos homens”. Nas cópias originais, que os restauros respeitam, um epílogo em happy-end dá uma reviravolta ao sombrio final.
Daniel schvetz Compositor e pianista luso-argentino, professor de Composição e Análise Musical no Conservatório Nacional e na Metropolitana, colaborador do CESEM da NOVA FCSH. Divulgador, arranjador e intérprete do repertório latino-americano tanguero; conferencista e analista do repertório musical erudito dos séculos XX e XXI, com ensaios críticos sobre a obra de Bartók, Ligeti e Bill Evans. Compôs três óperas, concertos para instrumentos solistas e orquestra, obras corais e de câmara, ciclos de canções baseadas em poetas como Lorca, Pessoa, Borges, Vallejo, Camões e Natália Correia. Colaborou com a Orquestra Sinfônica Portuguesa, a OML, o Coro Lisboa Cantat, Camané, Ricardo Ribeiro, Mísia, João Barradas, Sérgio Carolino e o Remix Ensemble. É pianista residente na Cinemateca Portuguesa desde 1999.
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