ANTÓNIO SENA: A MÃO ESQUIVA
de Jorge Silva Melo
Portugal, 2009 – 60 min
ANA VIEIRA: E O QUE NÃO É VISTO
de Jorge Silva Melo
Portugal, 2011 – 56 min
A MÃO ESQUIVA é de António Sena (nascido em 1941), que Jorge Silva Melo conheceu em 2003, por altura da exposição retrospetiva do pintor em Serralves, apresentada por João Fernandes como uma obra de pintura “que representa um estudo da cor, materiais e composição no contexto de uma relação entre o quadro e a escrita”. O retrato foi filmado entre 2003 e 2009, sem preocupações exaustivas e históricas. Conta com comentários de Maria Filomena Molder e João Pinharanda sobre as obras de Sena em diálogo com o realizador. Afirma-se na sinopse que interessou a JSM filmar, do “pintor discreto e esquivo”, “a incessante mão, a mão que escrevinha, rasura, escreve, acrescenta, pinta e apaga ou pinta e inscreve. Ou a mão que comenta, sublinha, se lembra.” No momento do retrato de Ana Vieira (1940-2016) por Jorge Silva Melo interessava à artista “o que não é dito, o que não é visto”. Silva Melo filmou e sobre o que filmou escreveu: “Mas o que não se vê (ou se vê de esguelha, espiando, deslocando o ponto de vista, recusando a frontalidade do renascimento) é o assunto principal deste trabalho intransigente. No cinema, designa-se isso por
off e é o assunto principal de muitos dos mais belos planos. No teatro, chamou-se a isso
bastidores, é onde morrem Jocasta e Antígona, se cega Édipo, morre Fedra. Nós só sabemos, porque, felizmente, Téramène na
Fedra ou o Soldado no
Rei Édipo, ecos, testemunhas, nos vêm contar. Ou porque Ana Vieira, guardadora das sombras, lhes fixou a traça? Filmar o invisível, é assim um destino: filmar o rasto (rastejar?), a ausência, colocar-me à indiscreta janela (é belo o inglês,
Rear Window) onde passam as sombras, na caverna.” ANA VIEIRA: E O QUE NÃO É VISTO é uma primeira exibição na Cinemateca.
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