CICLO
In Memoriam Luís Lucas


Luís Lucas foi uma presença assídua e inesquecível nos palcos e no grande ecrã. Colaborou de perto com Luis Miguel Cintra e Jorge Silva Melo (integrou a equipa da Cornucópia em 1977), deu corpo e voz a várias personagens marcantes do cinema nacional, tais como o Cabo Brito em NON OU A VÃ GLÓRIA DE MANDAR de Manoel de Oliveira, João em O BOBO de José Álvaro Morais e, claro, Django em DINA E DJANGO. “Eu, apesar de não parecer, acredito no amor, a gente tem que ter um ideal, o meu ideal é o amor”, narrava a personagem, e o ator ao seu lado, conduzido pela lírica cinematográfica de um Nicholas Ray. Este anti-herói romântico imaginado por Solveig Nordlund conferiu-lhe a dimensão de um ícone à justa medida dos tempos e de um novíssimo cinema pós-revolucionário.
Vimo-lo e ouvimo-lo de maneira transversal, assistimos às pontes que ousou construir entre vias alternativas do nosso cinema: Joaquim Leitão, Jorge Silva Melo, António-Pedro Vasconcelos, João Botelho, Eduardo Geada, João Mário Grilo, Rita Azevedo Gomes e Luís Filipe Rocha foram alguns dos realizadores que o dirigiram. A sua voz era frequentemente convocada em locuções e narrações, exemplos de TEMPOS DIFÍCEIS de João Botelho, e VIEIRARPAD, de João Mário Grilo. Declamou poesia em vários acontecimentos públicos, nomeadamente pelos Artistas Unidos. Ao teatro e ao cinema somaram-se inúmeras participações em séries e novelas na televisão.
Na Cinemateca, a sua presença foi sempre notada no grande ecrã, como esse ator maior do nosso cinema, mas também nas fileiras das salas, enquanto espectador frequente das nossas sessões. Uma parte importante do seu trabalho no cinema apresenta-se plasmada nas páginas de catálogos recentemente editados, tais como aqueles que foram dedicados às obras de Luis Miguel Cintra, João Botelho, Solveig Nordlund, Jorge Silva Melo, Monique Rutler e Eduardo Geada.
 
15/10/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo In Memoriam Luís Lucas

Na Lavimpa (excerto) | Dina e Django
 
17/10/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo In Memoriam Luís Lucas

Passagem ou a Meio Caminho
de Jorge Silva Melo
Portugal, 1980 - 85 min
15/10/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
In Memoriam Luís Lucas
Na Lavimpa (excerto) | Dina e Django
Sessão com apresentação
NA LAVIMPA (excerto)
da 1.ª turma da Escola de Cinema do Conservatório Nacional
com Luís Lucas
Portugal, 1974 – 10 min

DINA E DJANGO
de Solveig Nordlund
com Maria Santiago, Luís Lucas, Manuela de Freitas, Sinde Filipe, João Perry
Portugal, 1981 – 76 min

duração total da projeção: 86 min | M/12

A revolução de 1974 é o pano de fundo de DINA E DJANGO, em que os dois jovens heróis, dominados por frases de literatura de cordel, vivem uma paixão curta e fatal que deixa atrás de si o trágico rasto de um crime. Baseado num acontecimento verídico, DINA E DJANGO foi o único filme interpretado por Maria Santiago, muito devendo à força da sua presença. Um romance nada convencional cuja história se cruza com a história da revolução e com as suas imagens. À semelhança de A LEI DA TERRA e de outros filmes de Solveig Nordlund desse período, DINA E DJANGO é uma produção do Grupo Zero. A sessão abre com um excerto daquilo que são os materiais sobreviventes do primeiro filme coletivo dos alunos da primeira turma da Escola de Cinema do Conservatório Nacional, filme esse rodado em janeiro de 1974 e que nunca seria concluída. Protagonizado por Luís Lucas, a ação decorre numa lavandaria (Lavimpa self-service). Cada cena terá sido realizada por um aluno diferente (entre eles, Monique Rutler, Paola Porru, Jorge Loureiro ou Luís Grenha) e trata-se, provavelmente, da primeira aparição do ator em cinema, tinha 21 anos. O excerto é exibido em cópia digital e sem som, uma vez que se perderam os materiais da banda sonora.

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17/10/2025, 19h30 | Sala Luís de Pina
In Memoriam Luís Lucas
Passagem ou a Meio Caminho
de Jorge Silva Melo
com Luís Lucas, Diogo Dória, João Pinto Nogueira, Teresa Crawford, João Guedes, Glicínia Quartin, Isabel de Castro, Gina Santos
Portugal, 1980 - 85 min
M/12
Escrito e filmado a partir da vida e obra do escritor alemão Georg Büchner (1813-1837), à luz elétrica e à máquina de escrever, sem reconstituição histórica, é um filme de ressaca revolucionária. Fala-se da Guerra de Espanha e de Cézanne, através da sobreposição de épocas e de citações. Mas o “fundo” – nunca nomeado – é o 25 de Abril. “À entrada dos anos 80, e no seu primeiro filme, Jorge Silva Melo deu-nos a ver a escuridão da selva. Talvez por ser tão escura – neste filme tão claro – tantos se perderam nela, não percebendo como a vida parava e como era preciso (necessário) pintá-la naquele momento” (João Bénard da Costa). PASSAGEM OU A MEIO CAMINHO tem sido um filme de projeções raras, dadas as más condições técnicas dos materiais existentes e não estando localizados os respetivos negativos, que a Cinemateca continua a procurar. O filme é agora apresentado em DCP, resultando de um trabalho de digitalização de 2021 a partir de um internegativo de imagem 35 mm por sua vez tirado pela Cinemateca em 2004 de uma não exemplar cópia 16 mm.

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