19/05/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Konrad Wolf
em colaboração com o KULTURfest
Solo Sunny
de Konrad Wolf e Wolfgang Kohlhaase
com Renate Krössner, Alexander Lang, Dieter Montag
RDA, 1980 - 100 min
versão original com legendas em inglês e electronicamente em português | M/12
sessão com apresentação
Foi a última ficção de Konrad Wolf (partilhando o crédito de realização com Kohlhaase, autor do argumento) e um fenómeno de popularidade na RDA: esteve seis meses em cartaz, foi possivelmente o filme nacional mais visto em toda a história da Alemanha Democrática, e esse sucesso até foi parcialmente replicado no lado Federal, onde o filme também estreou com considerável adesão popular. É um hino à rebeldia, através de uma protagonista, Sunny, que quer ser uma cantora “rock” – e é por sua vez inspirada numa figura real, esta bastante reprimida pelas autoridades políticas, cujas entrevistas com Kohlhaase serviram para a definição da ossatura do argumento. É um filme divertido e movimentado, com um retrato inesperado de um “underground” da RDA e dos seus círculos culturalmente marginais, a que não falta hoje um interesse de ordem quase arqueológica: o roteiro, belissimamente filmado, por uma cidade que já não existe, a Berlim antigamente chamada “Leste”.
20/05/2025, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Konrad Wolf
em colaboração com o KULTURfest
Sterne
“Estrelas”
de Konrad Wolf
com Sasha Krusharska, Jürgen Frohriep, Erik Klen
RDA, 1959 - 92 min
versão original com legendas em inglês e electronicamente em português | M/12
As “estrelas” do título são uma alusão às estrelas amarelas que identificavam os cidadãos judeus durante o nazismo: ambientado (e parcialmente rodado) na Bulgária, STERNE é uma reflexão sobre o Holocausto, a partir da história da relação entre um oficial alemão e uma rapariga judia grega que integra o grupo que ele deve conduzir para um campo de concentração. STERNE impôs definitivamente Konrad Wolf como figura de proa do cinema da RDA. Se está hoje muito esquecido, tal como grande parte da produção da Alemanha Democrática, que já na época encontrava dificuldades de circulação internacional, foi em 1959 um objecto bastante polémico, politica e diplomaticamente, mesmo dentro do chamado “Bloco de Leste” a que pertencia o sector alemão oriental: a Bulgária protestou formalmente, e a URSS não lhe concedeu autorização de estreia. De resto, e fora desse “bloco”, também foi proibido em Israel. Primeira exibição na Cinemateca.
20/05/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Konrad Wolf
em colaboração com o KULTURfest
Der Geteilte Himmel
“O Céu Dividido”
de Konrad Wolf
com Renate Blume, Eberhard Esche, Hans Hardt-Hardtloff
RDA, 1964 - 110 min
versão original com legendas em inglês e electronicamente em português | M/12
Baseado num livro de Christa Wolf, DER GETEILTE HIMMEL é a história de um casal separado pelas novas fronteiras políticas – o muro a dividir Berlim, recorde-se, existia desde 1961. O homem parte para Oeste e a mulher fica no Leste. Sendo uma apologia da RDA (Konrad Wolf foi uma figura destacada na hierarquia cinematográfica da Alemanha de Leste) e narrando um processo de melancólica aceitação, é tudo menos propaganda e proclamação de certezas políticas. Pelo contrário, testemunha como se via, entre os crentes no regime, a divisão das Alemanhas, e deixa claro não haver nenhuma contradição entre crer no regime político da RDA e lamentar profundamente a existência desse “contentor” artificial – o muro – a isolar os alemães. Certos planos do céu, esse céu “dividido”, e a poesia triste que lhes está subjacente, sugerem a influência que o filme de Wolf terá tido sobre Wim Wenders, cujas ASAS DO DESEJO estão para os últimos dias de Berlim dividida como DER GETEILTE HIMMEL está para os primeiros.