12/04/2025, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Para além de ser nova adaptação da “short-story”
The Secret Sharer (v. acima FACE TO FACE), este filme traz consigo a curiosidade de, depois de Wajda, envolver um elo de ligação pessoal com raízes polacas. Fudakowski nasceu em Londres, filho de emigrantes polacos fugidos do país no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, e terá sempre relacionado este projeto com a sua memória familiar. Por outro lado, toda a sua abordagem passou especialmente pelas conclusões tiradas por Wajda
depois de adaptar
The Shadow Line, sendo a sua atitude uma “aplicação” dessas conclusões, sintetizadas pelo próprio Fudakowski na ideia de que “o que realmente é preciso fazer é atirar com o texto de Conrad ao ar e reconstituí-lo”. Na verdade, como muitos outros fizeram, a história é atualizada e alterada em bastantes “detalhes”, dos quais o menor não será a conversão da personagem do fugitivo Leggatt na de Li (Zhu Zhu), supostamente para evitar conotações homossexuais que neste caso
não estão no conto (uma conversão que, eliminando essa eventual ambiguidade, elimina porém o tema essencial do “duplo”, que substitui pela atração ou relação amorosa…). Mas o que há que sublinhar é que, alterando a trama, Fudakowski instila nela inúmeras referências subtis ao escritor, “usando a história como pretexto para falar de si próprio e da sua identidade polaca” (Joanna Skolik). É importante referir que é a
única realização do Produtor Fudakowski, mas talvez deva ser ainda mais sublinhado à cabeça que, à sua maneira, é mais um filme de um “polaco”. Primeira exibição na Cinemateca.
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