CICLO
Que Farei Eu com Esta Espada?


No penúltimo mês do programa que celebra os 50 anos do 25 de Abril, apresentamos as derradeiras propostas de filmes para os eixos “Liberdade” e “Revolução.
 
LIBERDADE  
Para não acabar com a Liberdade, o último núcleo deste eixo da programação “Que Farei Eu com Esta Espada?” convoca o amor, o desembaraço, a disponibilidade criativa. “No estado de quem não está preso, detido ou em cativeiro” – devolve o dicionário para liberdade –, A INVENÇÃO DO AMOR de António Campos alinha com UNE FEMME EST UNE FEMME de Jean-Luc Godard, variando, com Jacques Rozier, DU CÔTÉ D’OROUËT, ou com Philippe Garrel, LIBERTÉ LA NUIT. JAIME de António Reis e LIBERTÉ ET PATRIE de Jean-Luc Godard e Anne-Marie Miéville refletem universos originais. VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES de Manoel de Oliveira e BRANCA DE NEVE de João César Monteiro são duas obras indissolúveis de gestos radicais dos seus autores, que realizaram um filme para uma posteridade que implicou décadas de pousio nos cofres e um filme que, a meio do caminho, se tornou numa obra “a negro”. No desfecho, o delírio de W. C. Fields apõe-se ao de Luis Buñuel, rimando o nunca suficiente amado THE DENTIST com o mal-amado LE FÂNTOME DE LA LIBERTÉ.

REVOLUÇÃO
Este périplo de um ano por manifestações e olhares cinematográficos sobre o tema da revolução conclui-se com um punhado de filmes muito diferentes e de épocas muito distintas, mas todos fortemente ancorados na História do século XX. O díptico de Mikhail Romm sobre Lenine, encomenda oficial para assinalar o 20º aniversário da Revolução de Outubro; o filme de Xie Jin, “A CIDADE DOS HIBISCOS”, um dos primeiros exames críticos da Revolução Cultural no cinema da China Popular; um clássico do cinema “libertário” dos anos 1970, os MISTÉRIOS DO ORGANISMO, de Dusan Makavejev; o PANTHER, de Mario van Peebles, a contar a história dos Black Panthers; e o BUONGIORNO, NOTTE, de Marco Bellocchio, primeiro mergulho do realizador italiano no traumático caso do rapto e assassínio de Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas.

 
 
02/11/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

Fu Rong Jen
“A Cidade dos Hibiscos”
de Xie Jin
China, 1986 - 164 min
 
04/11/2024, 16h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

A Invenção Do Amor | Une Femme Est Une Femme
04/11/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

Lenin V Oktiabr
de Mikhail Romm
URSS, 1937 - 110 min
05/11/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

Visita Ou Memórias E Confissões
de Manoel de Oliveira
Portugal, 1982 - 68 min
06/11/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Que Farei Eu com Esta Espada?

Buongiorno, Notte
Bom Dia, Noite
de Marco Bellocchio
Itália, 2003 - 106 min
02/11/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Que Farei Eu com Esta Espada?
Fu Rong Jen
“A Cidade dos Hibiscos”
de Xie Jin
com Jian Wen, Liu Xioaqing
China, 1986 - 164 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Revolução
Um dos primeiros filmes que, na China Popular, procederam a um exame crítico (e em larga medida condenatório) do período da Revolução Cultural, numa tendência da produção chinesa que foi fomentada até à década de 1990. “A Cidade dos Hibiscos”, realizado pelo “histórico” Xie Jin, conta a história de um grupo de personagens, marginalizado e violentado durante a Revolução Cultural (apesar do seu entusiasmo pelo processo) e o modo como sobreviveram nos anos seguintes. Foi um grande sucesso de público na China, mas quase não foi visto no estrangeiro.

consulte a FOLHA da CINEMATECA aqui
04/11/2024, 16h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Que Farei Eu com Esta Espada?
A Invenção Do Amor | Une Femme Est Une Femme
Liberdade
A INVENÇÃO DO AMOR
de António Campos
com Maria Carolina, Quiné, Manuel Catarro, Francelino Barros
Portugal, 1965 – 29 min

UNE FEMME EST UNE FEMME
Uma Mulher É Uma Mulher
de Jean-Luc Godard
com Jean-Claude Brialy, Anna Karina, Jean-Paul Belmondo
França, 1961 – 77 min / legendado em português

duração total da projeção: 106 min | M/12

António Campos conta-nos a história de um casal, constantemente em fuga, acossado e perseguido pela população por ter inventado o amor. Esta ficção, que adapta o poema homónimo de Daniel Filipe, é um elo decisivo na obra do realizador, que à época foi visto por muito poucos e durante muito tempo permaneceu invisível por opção do autor (dada a inevitável interdição de censura que vigorou em Portugal até Abril de 1974). A INVENÇÃO DO AMOR partilha a “década de nascimento” com a segunda longa-metragem de Jean-Luc Godard, com a qual rima nesta sessão: UNE FEMME EST UNE FEMME é uma homenagem ao musical americano, filmada em CinemaScope e com cores sumptuosas, encenando um daqueles triângulos em que a obra do cineasta é fértil. Premiado no Festival de Berlim por ter “abanado as regras da comédia cinematográfica”, trata-se de um filme de extrema leveza e elegância, onde Anna Karina tem uma das suas melhores aparições no cinema.

consulte a FOLHA de A INVENÇÃO DO AMOR aqui

consulte a FOLHA de UNE FEMME EST UNE FEMME aqui


 
04/11/2024, 19h30 | Sala Luís de Pina
Que Farei Eu com Esta Espada?
Lenin V Oktiabr
de Mikhail Romm
com Boris Chtchukine, Nicolai Okhilopkov, Vassili Vanine
URSS, 1937 - 110 min
legendado em português | M/12
Revolução
Uma encomenda oficial para o 20º aniversário da Revolução de Outubro, que faz parte de um díptico realizado por Mikhail Romm, um dos eminentes cineastas da sua geração que, como quase todos, teve de pagar o seu tributo aos ditames políticos. LENIN V OKTIABR conta a história do regresso de Lenine da Finlândia para a Rússia e as tentativas do poder burguês para o assassinar antes de tomar na mão a insurreição operária e levar os bolchevistas à vitória.

consulte a FOLHA da CINEMATECA aqui
05/11/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Que Farei Eu com Esta Espada?
Visita Ou Memórias E Confissões
de Manoel de Oliveira
com Manoel de Oliveira, Maria Isabel Oliveira, Urbano Tavares Rodrigues, Teresa Madruga, Diogo Dória
Portugal, 1982 - 68 min
M/12
Liberdade
Realizado no início dos anos 1980 para ser visto como filme póstumo, VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES levou Manoel de Oliveira a filmar a casa da Rua Vilarinha, no Porto, projetada pelo arquiteto José Porto, que fez construir e foi a sua casa de família desde que se casou, em 1940, e durante cerca de quatro décadas mas foi forçado a vender (a “casa da Vilarinha” viria a ser classificada imóvel de interesse público, também pela sua histórica ligação ao modernismo português e pela singularidade como obra arquitetónica, a que estiveram ligados, além de José Porto, Viana de Lima e Cassiano Branco). Entre os momentos associados à vida nessa casa está a reconstituição da detenção de Oliveira pela PIDE, em 1963, altura em que conheceu o escritor Urbano Tavares Rodrigues. Na obra de Oliveira, é o filme seguinte a FRANCISCA, a partir de um argumento próprio com texto de Agustina Bessa-Luís, fotografia de Elso Roque, som de Joaquim Pinto e montagem coassinada com Ana Luísa Guimarães. VISITA OU MEMÓRIAS E CONFISSÕES é um filme autobiográfico, de “memórias e confissões”, facto que esteve na origem da vontade do realizador em mantê-lo inédito durante o seu tempo de vida. “Uma casa é uma relação íntima, pessoal, onde se encontram as raízes”, “a meu pedido, a Agustina fez um texto, muito bonito, a que chamou Visita. E eu acrescentei-lhe algumas reflexões sobre a casa e sobre a minha vida” (Manoel de Oliveira).

consulte a FOLHA da CINEMATECA aqui


 
06/11/2024, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Que Farei Eu com Esta Espada?
Buongiorno, Notte
Bom Dia, Noite
de Marco Bellocchio
com Maya Sansa, Luigi Lo Cascio, Roberto Herlitzka, Paolo Briguglia, Pier Giorgio Bellocchio
Itália, 2003 - 106 min
legendado em português | M/12
Revolução
Uma ficção baseada em factos reais: o rapto, e subsequente assassínio, de Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas em 1978. Um filme inspirado por um evento trágico que traumatizou Itália e que, com a singularidade que é característica de Bellocchio, se centra no ponto de vista de Chiara, uma das revolucionárias, que tem por função vigiar o prisioneiro.

consulte a FOLHA da CINEMATECA aqui