O longínquo ponto de partida deste filme foi o clássico do teatro barroco espanhol,
Vida es sueño (1605), de Pedro Calderón de la Barca, do qual ouvimos alguns trechos, história do herdeiro de um trono, que fica preso durante muitos anos e um dia, enquanto dorme, é levado ao palácio real, onde descobre um mundo que lhe é inteiramente novo. Sem saber se está a viver ou a sonhar, conclui que “vida es sueño / y los suenõs vida son”. No filme de Ruiz, que começa em abril de 1974, um professor de literatura tem de decorar numa semana os nomes de quinze mil resistentes chilenos ao regime militar. Lembra-se então que em adolescente decorara a peça de Calderón em apenas três dias e usará esta lembrança como técnica mnemónica. Raramente Ruiz abordou de forma tão original um texto clássico.
consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui