CICLO
Cine-Ópera


Falar de um cruzamento entre ópera e cinema implica abordar um conjunto de pontos-chave que unem estas duas formas artísticas: a influência do teatro na encenação do drama e dos objetos em campo, a literatura como base de uma estruturação narrativa, ou a música enquanto elemento sensível que intensifica a experiência estética (seja ela, no caso do filme, a interpretação do ator ou o desenrolar dos créditos finais). Com o surgimento da ópera a preceder o do cinema por, pelo menos, três séculos (a historiografia atual considera Dafne de Jacopo Peri e Ottavio Rinuccini, datada de 1594, como a primeira composição deste género), é certo que, nas suas distâncias, ambas as formas artísticas se unem no seu caráter compósito, apresentando duas perspetivas distintas para uma “obra de arte total”.
O Ciclo Cine-Ópera, organizado pela Cinemateca Portuguesa em parceria com a 4ª edição do Operafest, propõe abordar estes cruzamentos, através da exibição de três filmes. Dois deles procuram correspondências formais entre as duas artes: A FLAUTA MÁGICA, de Ingmar Bergman, procura reproduzir, fielmente, a ópera original de Mozart, ao ser filmado, exclusivamente, no palco de um teatro); OS CANIBAIS, de Manoel de Oliveira e baseado no conto de Álvaro Carvalhal, compõe uma ópera que existe, apenas, através do cinema. Para além destes filmes, haverá ainda espaço para uma homenagem, com a exibição do documentário MARIA BY CALLAS, no contexto do centenário do nascimento da soprano e atriz (recorde-se a sua participação em MEDEA, de Pier Paolo Pasolini).
 
 
 
07/09/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Cine-Ópera

Tröllflöjten
A Flauta Mágica
de Ingmar Bergman
Suécia, 1974 - 137 min
 
08/09/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo Cine-Ópera

Os Canibais
de Manoel de Oliveira
Portugal, França, 1988 - 99 min | M/12
08/09/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Cine-Ópera

Maria by Callas
de Tom Volf
França, 2017 - 113 minutos
07/09/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Cine-Ópera

Em colaboração com o Operafest Lisboa 2023
Tröllflöjten
A Flauta Mágica
de Ingmar Bergman
com Josef Köstlinger, Håkan Hagegard, Irma Urrila, Ulric Cold
Suécia, 1974 - 137 min
legendado em português | M/6
Ao filmar a ópera de Mozart (cantada em sueco e não no alemão original), Bergman decidiu filmar não a ópera, mas uma representação dela. Ou seja, estamos num teatro, com os seus bastidores, o seu público e o seu palco, a léguas da opção que fizeram quase todos os cineastas que filmaram óperas, que consiste em transpor a ação para cenários naturais e “cinematográficos”. À fidelidade ao compositor acrescenta-se a modernidade do conceito do realizador. Bergman, como Mozart, conseguiu o milagre da mais aparente simplicidade com o máximo de construção e elaboração. A exibir em versão digital.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
 
08/09/2023, 19h30 | Sala Luís de Pina
Cine-Ópera

Em colaboração com o Operafest Lisboa 2023
Os Canibais
de Manoel de Oliveira
com Leonor Silveira, Luís Miguel Cintra, Diogo Dória
Portugal, França, 1988 - 99 min | M/12
Baseado na novela de Álvaro Carvalhal, OS CANIBAIS é um filme-ópera, inteiramente cantado, com música de João Paes. É dos filmes mais livres da obra de Oliveira e o primeiro de Leonor Silveira, a partir de então atriz indissociável do seu cinema. Versão irónica do tema dos “amores frustrados” que tanto ocupou o cineasta nos anos setenta, em que a perversão das relações amorosas e o sacrifício carnal são literalmente levados às últimas consequências. Também é um filme atravessado de uma ponta à outra por um dos temas obsessivos de Oliveira: a re­presentação. Representação que passa de um tom macabro ao de um Carnaval.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
 
08/09/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Cine-Ópera

Em colaboração com o Operafest Lisboa 2023
Maria by Callas
de Tom Volf
com Maria Callas, Joyce DiDonato, Fanny Ardant
França, 2017 - 113 minutos
legendado em português | M/12
Única longa-metragem realizada por Tom Volf, MARIA BY CALLAS é um documentário de arquivo que apresenta um retrato cronológico da vida da soprano e atriz, desde a ascensão à fama até à intimidade da sua vida privada. Realizado no 40º aniversário da sua morte, o filme oscila entre filmagens super 8, entrevistas e performances musicais, construindo-se como um exercício de montagem que procura o ponto de vista da superestrela grega em relação à sua breve (mas eterna) história de vida. Primeira apresentação na Cinemateca. 

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui